Enquanto o mundo se preparava para desembarcar em Detroit, no North American International Auto Show que está rolando nesta semana (confira a cobertura completa neste link) um outro Salão era organizado no outro lado do planeta, o Tokyo Auto Salon. Não pudemos fazer a cobertura in loco, mas nosso leitor Thiago Zaiden foi ao Salão e conta tudo neste post! – Ed.
Todo ano, no começo de janeiro, acontece aqui no Japão o Tokyo Auto Salon. Neste ano o evento ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de janeiro no Makuhari Messi, um centro de convenções localizado na cidade de Chiba. No próprio site do evento encontrei informações sobre transporte com opções de trem ou ônibus partindo dos principais pontos de Tóquio.
Gastei uns 40 minutos até chegar no local de trem e gastei 880 yenes no total entre ida e volta (aproximadamente R$ 20,00 em conversão direta). No ingresso eu paguei 2.600 yenes (R$ 58,00) para a sexta feira, no final de semana o valor do ingresso era de 1.600 yenes (R$ 36,00). Esses valores foram para compra antecipada pela internet e na porta custava pouca coisa a mais.
Só para efeito de comparação de tamanho, a área do complexo é de mais ou menos dois pavilhões do Anhembi, onde é realizado o Salão do Automóvel em São Paulo, mais uma área externa onde estavam fazendo demonstrações de drift. Em todos os corredores de acesso dos pavilhões era possível achar banheiros, área de alimentação, máquinas de água (conhecidas aqui como Jihanki) e armários onde você pode guardar até uma mala e não precisar carregar tudo enquanto anda no meio dos carros. Esses armários são pagos e tem um custo de 300 yenes (R$ 7,00) e não tem limite de tempo pra ser utilizado
O Tokyo Auto Salon pode ser comparado ao Sema, só que em menor tamanho, a maioria dos expositores são customizadores, fornecedores de peças de preparação e acessórios, além de algumas montadoras. Quando cheguei lá fui primeiro pra área externa onde estava acontecendo as demonstrações de drift mas estavam no fim, antes de um intervalo, então tirei poucas fotos e fui para os pavilhões pois ainda tinha muita coisa pra ver.
Logo na entrada dois personagens do Initial D davam as boas vindas e as customizações eram de todos os tipos e todos os gostos (alguns de gosto bem duvidoso inclusive). Apesar de não ser um salão com os principais carros ou lançamentos das montadoras, tinha alguns modelos bem interessantes.
No estande da Mazda a estrela era o novo Miata e ao seu lado uma versão de pista, o carro continua bem compacto e pede pra ser acelerado com vontade. Ainda no estande da Mazda estavam outros modelos disponíveis no mercado e equipados com acessórios que davam um visual esportivo e um protótipo de pista LMP2. Acho que a Mazda tem boas opções por aqui que se dariam bem no mercado brasileiro, resta saber a que preço eles chegariam.
Ali também descobri uma coisa interessante e que pode te fazer gastar um bom dinheiro, todas as fabricantes tinham uma lojinha vendendo produtos com suas marcas como chaveiros, bonés, roupas, miniaturas e mais uma série de itens. Eu me segurei e comprei apenas um chaveiro com um rotor do motor Wankel por 2350 yenes (R$ 53,00), por aí dá pra ter uma idéia de quanto custa esses objetos, a tentação é grande então vá preparado.
A Renaultsport levou o Lutecia RS (também conhecido como Clio), equipado com um motor 1.6 turbo e rende 200 cv a 6.000 rpm. Outro representante da Renault era o Megane RS Trophy, aquele mesmo que percorreu Nurburgring em menos de oito minutos. O carro vem com suspensão desenvolvida pela Öhlins, escapamento Akrapovic, freios Brembo e um motor 2.0 turbo que rende 273 cv além de um visual proporcional ao desempenho.
A Nissan estava representada pela Nismo e aqui no Japão desde o March até o GT-R passam pelas mãos da divisão esportiva. March, Note e Juke têm alterações em suspensões, rodas e pneus e alguns outros itens estéticos, bem diferente do que acontece com o GT-R e o Fairlady Z (370Z), que ganham um upgrade no motor também. Além desses modelos também haviam alguns GT-R de pista no estande e em um deles o pessoal estava fazendo troca de pneus simulando um pit stop.
Na Honda o destaque era o conceito do roadster S660, apesar da pintura fosca e de o carro estar em um espaço escuro apenas com uns flashes de luz iluminando, dava pra ter uma boa ideia das linhas do compacto, e ficaram bem interessantes.
Os outros carros estavam equipados com acessórios Mugen e diferente dos modelos Nismo, que são vendidos prontos, os carros da Honda podem ser montados ao gosto do cliente. Os acessórios são vendidos através do site deles também e tem desde itens estéticos a itens de performance como freios, suspensão, escapamentos e por aí vai. O motor permanece original.
Outro que marcou presença foi o MP4/4 do Ayrton Senna, não sei se era réplica ou não, o carro estava em um lugar que parecia um aquário e não tinha nenhuma informação.
Ainda no estande da Honda, uma frente do Honda N One feita em argila sendo esculpida ao vivo com dois modelos de frente diferentes. E ali ao fundo a criançada tinha seu espaço para desenhar a vontade.
A Mercedes também estava lá com sua linha completa mas a única novidade era o recém lançado Classe B (aqui no Japão ele é novidade). Os outros já são velhos conhecidos e na minha opinião os que mais chamavam a atenção era o Classe S coupe com sua bela traseira e o G63 6×6.
No estande da Subaru os modelos STi marcaram presença com o WRX, um conceito da Levorg e a Forester, além de alguns modelos de pista como o BRZ.
O Forester possui um motor de 2.0 com 280 cv e mais upgrades em freio e suspensão deixando seu desempenho ainda melhor. A perua Levorg já possui uma série de itens disponíveis pra deixar seu desempenho mais afiado, e seu design que já é bem resolvido ficou ainda melhor nesse conceito. Tomara que lancem essa perua STI.
A novidade na BMW era o 218i Active Tourer, um monovolume do tamanho de um Classe B da Mercedes, e que vem equipado com um motor de três cilindros e 1,5 litro capaz de render 136 cv. Fazendo companhia ao 218i estavam um i8 e um Z4 de pista.
A Toyota levou seus modelos equipados com os acessórios da TRD, divisão esportiva da montadora, desde os compactos até os grandes sedãs tem acessórios disponíveis que vai desde itens estéticos até itens de performance como suspensão e freios. Os destaques eram o sedã Mark X e o protótipo movido a hidrogênio FCV.
O novo Copen foi apresentado na Daihatsu, o carro continua bem pequeno mas o desenho mudou bastante, eu pessoalmente acho o visual do modelo anterior mais bem resolvido — embora o novo não tenha ficado exatamente feio visto pessoalmente. Pode ser apenas uma questão de tempo pra acostumar.
O pequeno roadster vem equipado com um motor turbinado de três cilindros e 660 cm³ capaz de render 64 cv e ainda com opção de câmbio manual de cinco marchas ou CVT de sete marchas. Os painéis de carroceria podem ser removidos facilmente deixando toda a sua estrutura a mostra ( o que facilita também em caso de um reparo simples apenas trocando a peça danificada).
A Alfa Romeo também estava lá e sempre como sempre com belos carros. Além do Giulietta e do belíssimo roadster 4C havia dois conceitos criados pelo designer japonês Ken Okuyama, Kode 7 Clubman e Kode 9.
O Kode 7 Clubman é um pequeno esportivo sem teto e sem parabrisa e com a suspensão à mostra, equipado com um motor 2.0 e 250 cv. Já o Kode 9 é um pequeno roadster de teto rígido removível e com um motor turbo de 2.0 que rende 370 cv pesando apenas 890 kg. Imagine o nível de diversão do negócio.
Na Mitsubishi em meio a alguns Pajero e Outlander, que pra falar a verdade eu mal prestei atenção. Ela ficou toda voltada ao solitário Lancer Evo X Final Concept, que já começou a deixar saudades. Por fora a maior diferença além da pintura fosca são as rodas mais leves, mais resistentes e maiores feitas pela Volk. Modelo G25 de 19 polegadas e a parte mecânica foi onde o carro sofreu mais modificações, a HKS teve uma grande contribuição para isso deixando o EVO com 480 cv e 62 Kgfm de torque, um upgrade e tanto e uma despedida em grande estilo.
Nos outros estandes a diversidade de customização e preparação era imensa, desde os key cars até pick ups e SUVs grandes. Pra galera que curte um som de qualidade havia vários carros muito bem montados lá, dava gosto de ouvir, bem diferente do que a gente vê pelos eventos automotivos hoje em dia. Um detalhe que me chamou a atenção é que a maioria dos carros não estavam usando equipamentos das tradicionais marcas japonesas e sim estrangeiras como a americana Rockford Fosgate e a alemã Groud Zero.
Se você está acostumado a ver o pessoal aglomerado nos estandes dos carros mais caros ou mais raros mas aqui foi um pouco diferente. Poucos tinham as modelos juntas aos carros e quando tinha alguma, era ali que os japoneses se aglomeravam e não paravam de tirar fotos. Lembro que no Salão do Automóvel de 1996 e 2004, quando a Ferrari levou a F50 e a Enzo, era impossível chegar perto dos carros e aqui um trio de F40, F50 e Enzo estavam bem à vontade. As meninas ficavam fazendo poses animadas enquanto eram fotografadas.
A Bride a a Recaro espalharam seus bancos pelos estandes e estavam à disposição do público. Era lá que a galera sentava para ler os panfletos que eram distribuídos pelo Salão — uma boa maneira de descansar ou ver como é aquele banco concha que você tanto quer antes de colocar no seu carro.
A Mansory também estava lá com seus carros luxuosos, mas sem nada muito exagerado para minha surpresa. Não havia Bentley, Rolls Royce, Porsche Panamera e nenhum daqueles body kits estranhos que a gente vê pela internet, nem couro de pênis de baleia. Apenas algumas cores diferentes e rodas imensas.
A Liberty Walk levou vários carros ao Salão — todos com o seu já conhecido visual wyde body. O que eu achei mais interessante foi o Challenger preto que estava fora do estande com mais alguns carros, um body kit mais discreto com rodas e pneus bem largos e mais alguns detalhes apenas. Os outros estavam isolados acompanhados de uma miniatura inspirados no modelo real.
O Toyota GT86 preparado pela Cosworth estava equipado com o Stage 2 Power Package, um kit composto por intercooler, novo coletor de admissão, um compressor mecânico e uma reprogramação na central eletrônica capaz de tirar 80 cv extras do motor boxer de 2.0 e quatro cilindros.
Na saída do último pavilhão, já era 18:00 e o pessoal da organização do salão estava passando pelos corredores avisando que era a hora de ir embora. Mas ainda deu tempo der ver um belo Lada e algumas criações do japonês Nobuhiro “Monster” Tajima, o antigo recordista da subida de Pikes Peak.
Bom, galera. Essa foi minha rápida volta pelo Salão de Tóquio. Em breve voltarei com mais eventos bacanas aqui do outro lado do planeta. Até lá!