no final de 2018 uma multidao vestida com coletes amarelos incendiou as ruas da frança em uma serie de protestos contra o aumento dos impostos sobre os combustiveis embora nao estejam mais em alta no noticiario os atos dos gilets jaunes coletes amarelos em frances continuam de forma organizada em todo o pais alem dos protestos marcados — o decimo acontecera dia 16 de março — eles tambem destruiram mais de 60% dos 3 200 radares e cameras de velocidade instalados no pais como dissemos anteriormente no zero a 300 os equipamentos de fiscalizaçao eletronica foram queimados pichados ou simplesmente envoltos em sacos plasticos ou em coletes amarelos nao se trata de vandalismo revoltoso a reduçao dos limites de velocidade imposta pelo governo frances em 2017 tambem esta na mira dos gilet jaunes segundo os manifestantes os limites nao levam em consideraçao as necessidades da populaçao rural que como em qualquer lugar do mundo e totalmente dependente do automovel o aumento na depredaçao deste tipo de equipamento preocupou as autoridades locais que esperavam um aumento da velocidade praticada e no numero de acidentes e mortes no transito afinal estamos falando de quase 2 000 radares e cameras inativos ou ineficazes em um pais que esta enfrentando uma revolta popular de motoristas e que confiou praticamente 100% da fiscalizaçao de velocidade as maquinas contudo o que aconteceu foi exatamente o contrario o numero de mortes em novembro e dezembro de 2018 nao teve alteraçoes significativas em relaçao ao mesmo periodo de 2017 com os novos limites de 80 km/h em vez de 90 km/h e com os quase 2 000 radares ativos em novembro de 2017 ocorreram 272 mortes em toda a frança enquanto em novembro de 2018 foram 267 mortes uma variaçao negativa de 1 8% em dezembro de 2017 com os radares ativos ocorreram 292 mortes nas estradas e rodovias francesas o numero foi identico em dezembro de 2018 mesmo com apenas 2/5 da fiscalizaçao do ano anterior os numeros poderiam ser ainda menores se nao considerassem as fatalidades ocorridas durante os atos dos giles jaunes das dez mortes nas manifestaçoes nove foram resultantes de acidentes de transito — duas em novembro e sete em dezembro infelizmente o relatorio mensal do observatorio nacional de segurança rodoviaria da frança nao analisa os fatores que contribuiram para a reduçao dos acidentes mas o fato de haver menos fiscalizaçao levou a um aumento de 20% no numero de motoristas acima dos novos limites segundo a entidade isso significa que como na cidade de sao paulo a frança observou um fenomeno no minimo curioso uma situaçao na qual as mortes no transito diminuiram apesar do maior numero de motoristas acima dos novos limites mais seguros outra semelhança entre a frança e a capital paulista foi a adoçao em massa de equipamentos de fiscalizaçao eletronica seguida das reduçoes de limites de velocidade — o governo frances ainda pretende instalar mais 6 000 novos equipamentos para fiscalizar os motoristas considerando a situaçao atual da frança que precisou aumentar impostos dos combustiveis para fechar a conta parece um contrassenso gastar tanto dinheiro com um equipamento que aparentemente nao influenciou o numero de fatalidades — especialmente porque segundo o governo frances o reparo e a reposiçao destes equipamentos podem custar entre 500 e 80 000 euros quem disse que a velocidade mata a queda no numero de mortes nas estradas francesas nos meses em que 60% dos radares estavam inoperantes e mais um caso de reduçao de mortes que contraria o senso comum quando se trata de segurança no transito em 2014 vimos o caso das areas residenciais de londres no reino unido que tiveram seus limites reduzidos de 30 para 20 mph algo como 50 km/h para 30 km/h no sistema metrico viram o numero de acidentes graves aumentar em 26% e nao pense que foi um periodo de adaptaçao no qual motoristas acostumados as antigas velocidades causaram estes acidentes em 2016 tres anos apos a implementaçao dos novos limites que aconteceu em 2013 dois condados continuaram com um numero de mortes mais elevados do que antes das reduçoes de limites somente no centro de londres onde os congestionamentos sao frequentes o numero de fatalidades diminuiu em 2015 antes das reduçoes de limites anunciadas pelo prefeito fernando haddad as ruas de sao paulo ja tinham menos acidentes que nos anos anteriores em 2016 vimos que o numero de mortes foi o maior da historia em ruas que tiveram seus limites de velocidade reduzidos em sao paulo em 2018 a cidade paulista de itaquaquecetuba acabou sem radares devido ao encerramento dos contratos mas assim mesmo conseguiu reduzir o numero de mortes em suas ruas e avenidas casos como estes se repetem em todo o mundo mas sao sempre considerados exceçoes as regras contudo o royal automobile club rac e outras entidades e estudiosos do tema estao questionando a real eficacia da fiscalizaçao eletronica de velocidade chegando ao ponto de questionar se esse tipo de aparelho nao ajudam a elevar o numero de acidentes fatais os jornalistas britanicos christopher booker e richard north por exemplo explicam em seu livro scared to death the anatomy of a very dangerous phenomenon morrendo de medo a anatomia de um fenomeno muito perigoso nao editado no brasil que a taxa de reduçao de mortes vinha caindo desde os anos 1980 mas a razao de reduçao começou a diminuir a partir dos anos 1990 foi quando as autoridades passaram a tratar a velocidade como o unico ou principal fator de risco leia abaixo um trecho do livro sem duvida um fator importante na queda constante na taxa de acidentes fatais nas decadas anteriores apesar de o numero de veiculos dobrar de 12 milhoes em 1966 para 25 milhoes em 1994 foram os avanços tecnologicos que tornaram os veiculos muito mais seguros mas isso nao explica a desaceleraçao da reduçao de acidentes em 1990 quando as novas regras tornaram os veiculos ainda mais seguros outro fator nas decadas anteriores eram os metodos de policiamento do reino unido a eficiencia do trafego britanico respeitado e reconhecido no mundo todo o patrulhamento regular permitia nao apenas flagrar motoristas acima do limite de velocidade mas tambem motoristas e veiculos que precisavam ser verificados por diversas razoes com isso tambem havia uma severa repressao a direçao sob efeito de alcool no fim dos anos 1980 contudo a tecnologia forneceu novas ferramentas a policia de transito radares permitiam medir a velocidade com mais precisao a enfase na vigilancia do trafego deixou de estar sob o julgamento humano e passou a simplesmente a medir se o motorista estava acima do limite em 1991 o governo britanico lançou sua primeira campanha de tv de 1 milhao de libras que falava sobre os perigos da velocidade mate a velocidade nao uma criança em 1992 a policia recebeu uma nova arma quando as primeiras cameras de velocidade foram instaladas na zona oeste de londres testes na rodovia m40 mostraram como os motoristas excediam os limites depois que as cameras que eram capazes de fazer 400 fotos esgotaram o filme em 40 minutos em setembro de 1994 os gastos governamentais em campanhas estavam em 2 7 milhoes de libras por ano agora centradas no slogan que se tornaria mais famoso velocidade mata em 1997 o orçamento publicitario chegou as 3 5 milhoes de libras as cameras se proliferaram o patrulhamento policial exceto nas rodovias foi reduzido em 1999 a receita anual de multas chegou as 100 milhoes de libras mesmo assim em dois dos quatro anos o numero de acidentes fatais havia aumentado em março de 2000 o governo lançou uma nova estrategia de segurança viaria que pretendia reduzir o numero de pessoas mortas ou feridas no transito em 40% nos dez anos seguintes tony blair o primeiro ministro do partido trabalhista disse que havia recebido inumeras cartas de pais irmaos irmas amigos de vitimas das estradas cada uma delas com uma familia devastada vidas interrompidas dor tristeza e raiva blair prometeu que o governo tomaria uma atitude com a estrategia que se concentraria especialmente na velocidade um estudo do departamento de transito alegava que a velocidade era um dos principais fatores de risco em cerca de um terço de todos os acidentes a velocidade excessiva e inadequada que ajudou a matar 1 200 pessoas por ano era um fator muito mais presente do que qualquer outro fator individual de mortes em nossas estradas a fonte destes argumentos que foram repetidos como um mantra por ministros nos anos seguintes era um relatorio do laboratorio de pesquisas de transito do governo o relatorio 323 um novo sistema para registrar fatores de risco em acidentes pouca gente leu este relatorio uma vez que ele era vendido por 45 libras mas quem leu ficou impressionado a evidencia que o relatorio do departamento de transito citou para afirmar que a velocidade e um dos principais fatores de risco em cerca de um terço de todos os acidentes simplesmente nao existia varios outros fatores foram apontados como elementos causadores de acidentes desde dirigir sem atençao a influencia de bebidas alcoolicas; das ultrapassagens arriscadas ate o sono ao volante mas o elemento que foi declarado como o principal causador de acidentes o excesso de velocidade estava no final da lista com apenas 7 3% [ ] o governo estava definindo o excesso de velocidade de forma muito simplista somente no sentido de exceder o limite de velocidade na verdade seus proprios dados mostravam que somente 30% dos acidentes eram atribuidos ao excesso de velocidade envolviam a infraçao dos limites de velocidade a maioria 70% envolvia veiculos dentro do limite mesmo assim os esforços para melhorar a segurança viaria continuavam direcionados unicamente a fiscalizar os limites que nao tinham nada a ver com os outros dois terços dos acidentes envolvendo a velocidade em 203 para justificar a politica de radares o governo produziu um relatorio mostrando que onde as cameras foram instaladas o numero de acidentes foi reduzido em 35% mas novamente eles estavam manipulando os dados varios fatores significativos foram deixados de fora dos calculos; entre eles o fato de algumas cameras terem sido instaladas em locais que observaram um aumento pontual nos acidentes quando o numero de acidentes caiu para a media anterior o governo atribuiu a reduçao a eficiencia da camera e justamente este o ponto de questionamento do rac a verdadeira influencia das cameras de velocidade para reduzir os acidentes e o foco principal no excesso de velocidade segundo a entidade nao ha uma relaçao clara entre causa e consequencia nos numeros apresentados pelo governo nao existe uma correlaçao comprovada entre o numero de acidentes apenas estatisticas convenientemente apresentadas maquinas burras a ideia apresentada pelo livro dos jornalistas britanicos de que a fiscalizaçao de transito pode te lo tornado mais perigoso depois que o governo britanico abandonou o patrulhamento em favor da fiscalizaçao eletronica e algo que tambem levantamos no flatout ha tempos fiscalizaçao humana foco em engenharia de trafego etc maquinas sao burras elas nao tem capacidade de julgamento e so conseguem fazer o que sao programadas para fazer no caso do transito elas nao conseguem avaliar se o excesso de velocidade foi pontual para garantir uma manobra segura por exemplo elas nao foram programadas para isso e provavelmente nunca serao e por isso que mantemos firmemente nosso questionamento por que o governo toma como medida de segurança viaria padrao a fiscalizaçao eletronica de velocidade e a puniçao com multas aos motoristas por algo que nao esta comprovadamente relacionado as mortes no transito o plano nacional de reduçao de acidentes foi todo baseado na fiscalizaçao eletronica na puniçao e na repressao como medidas imediatas o resto ficou de lado exatamente como no reino unido dos anos 1990 nao dizem que a historia se repete em ciclos
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