Já faz mais de dois anos que a Fiat comprou a Chrysler para formar a Fiat Chrysler Automobiles, mas os principais modelos da marca americana ainda mantém resquícios de sua parceria anterior, a Daimler-Chrysler. Sim, isso significa que a Fiat está vendendo Mercedes modificados com motores e design americano, mas também significa que é hora de fazer algumas mudanças na Chrysler (e na Dodge e na Jeep), de acordo com o site Automotive News.
A primeira, e mais interessante delas, será uma versão AWD do Dodge Challenger. A Mopar levou ao SEMA Show do ano passado um conceito batizado GT AWD, mas aparentemente eles decidiram que transformá-lo em uma versão de produção seria uma ótima ideia. Será que eles levaram mais de 2 segundos para perceber isso?
O Challenger AWD deverá ser lançado neste semestre e deverá ganhar o motor Hellcat de 717 cv no ano que vem. Além do sistema de tração, o Hellcat AWD também ganhará para-lamas mais largos, provavelmente para acomodar bitolas mais largas e pneus e rodas maiores. Seu nome será Challenger ADR, sigla para “American Drag Racer”, bastante apropriado para um muscle com um caminhão de potência e tração nas quatro rodas. Além disso, ele deverá reduzir significativamente a arrancada rumo aos 100 km/h, cumprida em 3,9 segundos pela versão atual. Mas não espere que ele se destaque quando aparecer uma série de curvas à sua frente.
O problema é que o Challenger já era mais pesado que seus rivais mesmo antes das novas gerações do Mustang e do Camaro, que reduziram significativamente o peso de cada um. Considerando que o sistema de tração integral acrescentará cerca de 95 kg ao Challenger Hellcat, estamos falando de um carro que terá cerca de 1.990 kg. Duas toneladas, na prática. É tanto peso que faz o Nissan GT-R parecer uma lagartixa, e não o Godzilla.
É por este motivo que estas versões AWD serão as últimas da atual geração do Challenger, que aposentará a plataforma LX da Chrysler, usada também pelo Charger e pelo 300C e desenvolvida ainda na época da Daimler-Chrysler, no distante ano de 2005. Essa plataforma é uma combinação de duas plataformas Mercedes-Benz: o assoalho, a parede corta-fogo, a suspensão traseira 5-link e o diferencial são os mesmos da Classe E W211. A suspensão dianteira vem do Mercedes Classe S W220, provavelmente porque os motores V8 americanos são mais pesados (a Classe E W211 usava motores de quatro a oito cilindros, todos de alumínio).
Além disso, por derivar de dois modelos de luxo e ter sido desenvolvida em que o peso não era uma preocupação tão obsessiva como atualmente, esta plataforma é a principal responsável pela massa paquidérmica da dupla americana. Por esse motivo o Challenger e o Charger serão renovados em 2018, e passarão a usar a plataforma Giorgio de tração traseira, a mesma do Alfa Romeo Giulia. Mais leves, eles poderão competir em pé de igualdade com os rivais mais modernos. Em 2021 a marca irá lançar uma versão conversível do Challenger, que irá trazer de volta o nome Barracuda.
Além dos modelos Dodge, a FCA também irá renovar o Dodge Durango (que ainda usa a plataforma do Mercedes ML W166, mas está ok com isso) dando a ele um visual mais atualizado e um V8 de 6,4 litros para criar a versão SRT.
Atualização às 16:10: O site Automotive News atualizou suas informações dizendo que o Hellcat não terá uma versão AWD — apenas a versão com o motor V6 Pentastar receberá o sistema.