Quem já andou de jipe ou picape longe do asfalto conhece a sensação. Uma suspensão longa e complacente somada a pneus de perfil alto, e um chassi extremamente rígido sobre o qual há uma cabine apoiada sobre coxins elásticos, causa uma confusão vetorial que nos faz questionar se o esqueleto humano realmente funciona.
Não há muito o que fazer; esse sacolejo todo é inerente a esse tipo de carro. As laterais dos pneus comprimem e retornam em uma frequência, as molas e amortecedores em outra, os coxins da cabine em outra. Quando estes componentes são comprimidos e distendidos em uma mesma frequência — ou seja: todos ao mesmo tempo — a rodagem é suave, os movimentos são harmônicos. Não há trancos nem solavancos. O carro balança pra cá, você balança junto. O carro balança pra lá, você balança para o mesmo lado.
Mas como há trocentos componentes elásticos indo e vindo ao mesmo tempo em um carro que está sobre uma superfície irregular — e isso significa ser diferente debaixo