Uma desviada no último instante que evita um acidente terrível. Uma travessura de criança que quase acaba com um caminhão. Uma explosão a algumas dezenas de metros do seu carro. Gasolina acabando no meio da rodovia. São coisas que quem anda de carro está sujeito a viver, e podem render boas histórias de terror no Halloween.
A festa acabou, mas o clima continua, e por isso nós perguntamos aos leitores quais foram as situações mais tensas e assustadoras que eles viveram com seus carros (ou com o carro de outra pessoa, que seja). Agora, temos a lista com as respostas!
Avião bimotor cai no meio da Presidente Dutra — por Geraldo Camara
A minha mais aterrorizante? Duvido que alguém ganhe deste fato, que não envolveu apenas veículos terrestres.
Foi em 2007, durante uma viagem pela empresa (de São José dos Campos para Queluz, ambas em SP). Tudo comum, de rotina, para uma visita ao cliente para serviços de metrologia (não, não é previsão de tempo).
Só que na altura de Guaratinguetá houve um acidente gravíssimo (por sorte não foi um desastre pior) a menos de 50 metros na nossa frente. Lembro que no momento da explosão foi como uma pessoa viesse correndo em minha direção e acertasse os dois pés no meu peito. Na hora não entendemos o que era, conseguimos parar o carro sem bater em ninguém, lembro que parou um civic, uma pajero e a gente (em um mille fire) intercalados na faixa da esquerda e do lado uma carreta tanque carregada de gasolina (o motorista foi mito segurar 30 toneladas de líquido sem mesmo rabear). Na hora que desci do carro, uma peça veio escorregando e acertou o meu pé (joguei ela pra dentro do meu carro e fui).
Na inocência de ajudar o “motorista”, eu e o técnico que estava comigo nos demos conta de que não era carro ou caminhão, MAS SIM UM BIMOTOR QUE HAVIA CAÍDO NA RODOVIA PRESIDENTE DUTRA!
Infelizmente quem achou o piloto (mais precisamente o que sobrou dele) fui eu, e o co-piloto ficou literalmente esmagado no que sobrou da fuselagem. Por milagre não acertou nenhum carro (só o flap traseiro do avião ficou apoiado no capô do carro mais próximo).
Fomos salvos por segundos de atraso porque tínhamos esquecido a nota de serviço e quando estávamos saindo nos entregaram, se não fosse por isso o avião tinha acertado a gente. Tem até um link para uma matéria da época.
Ficamos 3 horas lá, e até hoje não esqueço do cheiro de carne queimada por conta do sangue no asfalto quente e do combustível espalhado para todo lado (perdi meus tênis por conta do combustível ter corroído a sola).
Tem também a batida frontal que sofri por conta de um bêbado na contra mão detre outros em viagens que vi acontecer, mas perto desse…
Opala sem gasolina e terrorismo psicológico — por Anônimo
Um temporal do inferno, parecia o fim do mundo. Eu estava na faixa da esquerda, a 40 km/h, em uma subida forte na Serra do 90 (na BR-116), de Opala 78. A faixa da direita estava em obras, em meio a um trânsito de caminhões do inferno e basicamente era só eu de carro lá no meio. Os vidros embaçados ao extremo, pois na época não tinha A/C ainda, e não dava pra abrir os vidros pela força da chuva e pelos caminhões que passavam colados na outra pista.
O carro começou a “tossir”, e conhecendo meu Opala do jeito que conheço, logo soube que não era nenhum problema mecânico ou algo assim: era a gasolina que estava acabando!
“E aí, c***lho, o que eu vou fazer? Sem acostamento na direita, caminhões por todo lado, chuva e sem visibilidade? Se eu parar naquela subida forte os caminhões que pararem atrás de mim não irão conseguir arrancar mais e eu vou arrumar uma confusão do c***lho com os caminhoneiros!”
Antes de que o carro apagasse de vez, não tive dúvida: dei sinal de luz feito louco e atravessei o bicho na contra mão. Ele ficou atravessado nas duas pistas que desciam, mirando pra fora da pista, e o motor morreu. Na descida vinha bem devagar pelo transito pesado um ônibus, e um caminhão ao lado. Sem pensar duas vezes, engatei a ré e fui dando na partida com ele engatado pra dar tranco e ele ir pra trás (motor de arranque e bateria “pika das galáxias!”), consegui virar e, do ponto onde virei, conseguia avistar um posto ao longe, no final da reta depois do fim da descida.
Pensei e pensei — com o c* na mão com todas as “boas” histórias de assaltos que já ouvi dessa serra, de ladrões que saem do mato e atacam carros e caminhões devido a baixa velocidade do trecho por causa do movimento de caminhões pesados. Mas o que eu podia fazer?
Detalhe: minha namorada estava no banco do carona, apavorada. Pensei: “vou até o posto buscar gasolina, acho que consigo chegar. Mas deixar ela aqui sozinha nem f***ndo. Pegamos um guarda-chuva no porta-malas, tranquei o Opalão e seguimos até o posto com o c* na mão —agora ainda mais, por ter deixado o carro sozinho na beira da maldita serra. O posto ficava do outro lado, que subia, (sim eu havia passado por um posto minutos antes de ficar sem gasolina… fui traído pelo ponteiro). O provlema era atravessar naquela chuva, em meio a caminhões enormes passando a 30 cm de nós, que só tínhamos um guard-chuva, numa pista sem acostamento.
Cheguei no posto (que por sinal era feio pra c***lho, só tinha um frentista, tudo parecia abandonado — parece história de terror, e foi!) e pedi pra abastecer uma garrafa. Voltando pro carro, um caminhoneiro (filho de uma p**a que era filha de outra p***a) fala: “o Opala é teu?” Respondo que sim. O desgraçado diz “tão roubando as rodas”.
Corremos mais pra conseguir avistar o carro e não vimos ninguém. Sem dúvida nenhuma algum outro caminhoneiro filho da p**a àquela altura estava rindo da nossa “desgraça”, informado pelo rádio pelo primeiro filho da p**a.
Abasteci, chegamos ao posto e pude finalmente completar o tanque. Devemos ter perdido no máximo meia hora nisso tudo, mas pareceram 2 horas de puro terrorismo!
Leandro Guarilha: Gostosuras? Que nada, o negócio são as travessuras!
Não foi comigo, mas com a minha tia. Eu tinha 3 anos e quando minha tia subiu no Scania do meu pai para ouvir música no toca fitas, ela me levou. Eu achava que ela queria dirigir o caminhão e ensinei pra ela a primeira coisa que eu havia aprendido:
Soltar o freio de mão!
E foi-se o Scania rua abaixo com minha tia gritando, e eu pulando de alegria até o caminhão cair em uma valeta e ficar atolado na lama. Todo mundo foi acudir minha tia, que estava em choque, e eu criticando e reclamando que ela caiu na valeta. Historias de família…
Um acidente com final “feliz” — por Nando
Uma vez, há uns 15 anos, eu estava dando uma carona para duas amigas, que são irmãs entre si. Eu estava xavecando uma delas, que estava do meu lado na frente, e a irmã estava atrás. Ao cruzar uma movimentada avenida de SP, um Fusca que vinha na avenida furou o sinal vermelho e me pegou pelo meio. O cara vinha a pelo menos uns 80 km/h e, freando quando me viu, acho que me bateu a uns 60 km/h.
Eu tinha na época um Gol quadrado. Ele pegou bem do meu lado, me acertando e acertando a menina que estava no banco de trás. Com a força da batida, meu carro rodou e foi parar na outra pista da avenida, sendo atingido de leve por um ônibus que Deus sabe como conseguiu frear a tempo.
O saldo da batida, no nosso carro, foram escoriações em mim (barriga, costelas, cabeça) e a menina do banco de trás com várias escoriações e uma clavícula quebrada. A que eu estava xavecando saiu inteira. No Fusca estava uma família – pai, mãe e filha de uns 3 anos. A menina estava doente, e o pai estava indo levá-la para o hospital, por isso estava correndo e furou o sinal.
Do mesmo jeito que ainda é super comum em SP, papai e mamãe estavam na frente de cinto e a menininha estava atrás completamente solta. Ela varou o pára-brisa e quase foi atropelada. Milagrosamente sobreviveu, com algumas fraturas. Mas a cena era absolutamente horrenda, muito sangue e gente gemendo de dor.
Lições aprendidas: 1: mesmo com sinal verde, prestar muita atenção no tráfego ao cruzar uma rua ou avenida; 2: SEMPRE usar cinto de segurança em qualquer lugar do carro.
O lado bom é que eu ganhei a menina — não a que eu estava xavecando, mas a irmã dela que se machucou. Sabe como é, comecei a visitar no hospital, levar flores…
O Fiat Marea sem cabeçote — por Marcos Paulo Ponciano Gomes
Eu tinha 21 anos de idade e um Clio financiado, era estagiário de uma empresa e ganhava R$ 1.200, sendo que R$ 400 iam para a prestação — tudo pelo sonho de ter um carro. Não sobrava muita coisa. Então, um amigo me fez uma proposta:
– Eu assumo as prestações do Clio e você fica com o Marea do meu pai. Não tem dívidas, mas o cabeçote dele não dá mais retífica e você vai ter que comprar um novo!
Assustador foi quando eu achei o cabeçote à venda por R$ 1.500, perguntei a procedência e o cara falou que as peças que ele vendia vinham de vários lugares, e que não era para eu questionar muito…
Me endividei pra comprar o cabeçote. Marea montada, em 12 horas com o carro descobri que ele não podia passar de 3 mil rotações. Os faróis vieram com lampadas que não iluminavam nada. Para piorar, o carro estava com problema no cabo massa — característica do Marea, só descoberta 6 meses depois — e a central “achava” que ele fervia, elevando o ponteiro e armando a ventoinha com toda a força.
O pior era que eu acreditava. A volta pra casa naquele dia de trabalho foi tensa, parando sempre que o ponteiro levantava. A cada 3 minutos eu parava, esperava, ligava e andava mais um pouco. Resultado: três horas pra voltar do trabalho (a 26 km de distância) e, no outro dia, eu devolvendo e desfazendo a troca. Que noite assustadora!
Tenho tanto medo que hoje eu tenho um Marea Turbo!
O dia em que eu bati em um carro da polícia — por Renan Lazaroto
Bati em um carro da polícia no ano passado.
É isso! Tem algo mais aterrorizante do que ver um delegado descendo da viatura depois que você bateu nela?
The Walking Dead… dog — por Ennio
Uma vez eu estava voltando de uma viagem, de Rivera, no Uruguai, para minha cidade, Santa Maria/RS, e aproveitando a estrada boa da BR-156. Estava louco para chegar. Eram cerca de 20:00, estava escuro e eu dirigindo o Fusion V6 3.0 com meu pai dormindo no banco do carona e minha mãe no banco de trás.
Eu estava curtindo o asfalto liso, e já imaginando o quão cedo chegaria em casa por estar com trânsito livre e poder viajar a uma velocidade mais alta. Tem várias curvas nessa estrada, mas de ângulo bem aberto, que não torna necessário que se reduza a velocidade. Eu, tranquilo com a ótima estabilidade do carro que sequer rolava a carroceria, ao longe observo alguns carros parados no acostamento e com as luzes acesas.
Reduzi um pouco a velocidade pois surgiu um outro carro indo devagar na minha frente, cauteloso com a situação. Olhei para o lado para que pudesse observar melhor e vi que um dos carros do acostamento estava aparentemente apenas com um pneu furado. “Nada sério”, pensei.
Tornei a olhar para frente e uma cabeça lançada pelo carro da frente me encarou. Olhou para mim no fundo dos meus olhos (e os olhos dessa cabeça tinham um brilho que parecia xenon) enquanto voava pelo meu para-brisa, me deixando de boca aberta, apavorado, e em seguida tive que tentar desviar dos pedaços do corpo que acabaram batendo embaixo do carro e no para-choque.
Foi uma cena que na hora me lembrou algo como The Walking Dead da vida real ou qualquer outro filme de terror. Pasmo com a situação, reduzi a velocidade para uns 60 km/h. Fiquei só repetindo em voz alta, “meu Deus, meu Deus, o que foi aquilo?”
Na hora não consegui entender se aquele corpo era um animal ou uma pessoa. Não vi roupa nenhuma, tinha cor clara e minha mente insistia em me convencer que tinha acabado de passar pelo corpo de alguma pessoa nua que tinha sido atropelada recentemente por outro carro.
Minha mãe o tempo todo dizia que só podia ser um cachorro grande, por causa dos olhos brilhantes. Meu pai estava completamente perdido e apostou na hipótese de eu ter atropelado alguém por estar correndo demais. No final do calor do momento todos nós acabamos chegando à conclusão que devia ser mesmo um cachorro grande, de pelagem clara. Segui viagem com velocidade reduzida e até tranquilizado.
Realmente era um cachorro. Já mais calmo, em casa, lembrava do ocorrido e tinha certeza que realmente não tinha como ser uma pessoa. Porém, no outro dia, entro no Facebook e na minha timeline aparece um post de um jornal local sobre um acidente com uma morte — na mesma rodovia e mais ou menos no mesmo trecho dela. Bateu um susto enorme, mas quando li a reportagem vi que foi bem depois do horário daquilo que aconteceu comigo e que nenhum cadáver estava fora do carro.
Lembro que quando descemos do Fusion na garagem do prédio, ele estava cheio de pedaços de carne e sangue. Tinha um cheiro horrível também.
No outro dia de manhã tivemos que fazer uma lavagem caprichada.
A prova — por Marcos Rainier de Sá
Perdi um preservativo usado no carro do meu pai.