Juntando-se aos lançamentos quentes de Detroit, eis um carro que talvez tenha ficado em segundo plano – afinal, ele foi revelado no mesmo dia em que o novo Shelby GT500 e o Toyota Supra renascido. Contudo, trata-se de um marco na trajetória de um dos esportivos mais cultuados por entusiastas do mundo todo, em especial os admiradores dos carros japoneses: o Subaru WRX STI S209, primeiro modelo da S-Line da Subaru a ser oferecido fora do Japão. E também o modelo mais potente já produzido em série pela Subaru Tecnica International.
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
A família S-Line da Subaru nasceu no ano 2000, quando o Impreza WRX STi ainda estava em sua segunda geração (e ainda usava a letra “i” minúscula, algo que mudou em meados da década passada). Era uma série especial de 300 unidades que recebeu praticamente todo o catálogo de peças da STI na época, incluindo um body kit nada discreto, com direito a uma asa traseira de dois andares e um spoiler traseiro; para-choques dianteiro e traseiro obscenos de tão grandes, e uma versão de 305 cv do motor usado na época, o flat-four EJ20, com mais pressão no turbo, além de ECU recalibrada, rodas RAYS Volk TE37 de 17 polegadas, e diferencial de deslizamento limitado na dianteira.
O S201 era o WRX STI mais potente de seu tempo – pois, como versão especial, não fazia parte do acordo de cavalheiros em vigor na indústria automotiva japonesa na época, que limitava a potência dos carros produzidos em série a 280 cv.
De lá para cá a Subaru deu sequência aos modelos S-Line, lançando o Impreza WRX S202 em 2002, o S203 em 2004, e assim por diante – até chegar ao S209 em 2019. Já adiantando, vamos fazer um post inteiro dedicado aos modelos S-Line, mas hoje nos concentraremos no mais novo membro da linhagem.
Mais do que o primeiro modelo especial da STI a ser oferecido fora do Japão, o S209 foi desenvolvido exclusivamente para o mercado norte-americano – ou seja, oficialmente nós não o veremos por aqui. O que não quer dizer que ele não possa desembarcar em nosso País de forma não-oficial através de importadores independentes, sob encomenda de algum fã da Subaru que tenha bala na agulha.
Se depender do carro em si, incentivo não vai faltar. O Subaru WRX STI S209 é movido pela variante de rua mais potente já feita do motor EJ25, boxer de quatro cilindros e 2,5 litros. A principal modificação realizada pela Subaru Tecnica International foi a troca do turbocompressor por um maior, da HKS, operando a 1,24 bar – contra 1,11 bar da versão comum. Além disso, o motor recebeu pistões e bielas forjados, mais resistentes e leves. Além de um aumento de 35 cv na potência, de 310 para 345 cv, o motor EJ25 do S209 também cresceu em torque – a Subaru fala em um aumento de até 10% às 3.600 rpm. O pico de torque, no STI comum, é de 41,5 mkgf a 4.000 rpm, e a força extra em médias rotações certamente será uma vantagem do S209 nas saídas de curva.
Outras modificações mecânicas feitas no S209 incluem a adoção de um novo coletor de admissão, com uma nova tomada de admissão mais eficiente, filtro cônico in box, duto de admissão para o turbo de silicone e um sistema que borrifa água fria sobre o intercooler, para reduzir sua temperatura – o que ajuda a resfriar com mais eficiência o ar pressurizado pelo turbocompressor, antes de chegar ao coletor de admissão, aumentando a eficiência da queima. O sistema é acionado manualmente, como no Impreza WRX STI fabricado entre 2004 e 2007. Para complementar o trabalho no sistema de admissão, o WRX STI S209 também recebeu uma bomba de combustível de alto fluxo e injetores maiores. O motor é controlado por uma ECU calibrada pela STI exclusivamente para a versão. O sistema de escape, por sua vez, ganhou novos abafadores especialmente projetados para oferecer 17% menos resistência ao fluxo de ar; e também ponteiras de escape maiores, com 101 mm de diâmetro, polidas à mão.
O único câmbio disponível no Subaru WRX STI S209 é o manual de seis marchas, com relações próximas, acoplado ao sistema de tração integral Subaru Symmetrical All-Wheel Drive, como é de costume. O arranjo, como é sabido, consiste em dois diferenciais com autoblocante na dianteira e na traseira, mais um diferencial central eletrônico.
A Subaru não forneceu os dados finais de aceleração e velocidade máxima, mas é possível estimar um ganho de um ou dois décimos no 0-100 km/h em relação ao Subaru WRX STI normal – que, segundo os dados de fábrica, precisa de 5,2 segundos. A velocidade máxima é de 250 km/h.
O S209 ainda recebeu, em relação ao WRX STI comum, amortecedores ajustáveis Bilstein exclusivos, molas mais rígidas, uma barra estabilizadora com 20 mm de espessura e novas buchas para os braços da suspensão dianteira e traseira. Foi instalada também uma strut bar flexível na dianteira, com uma balljoint no meio, capaz de aumentar a área de contato dos pneus com o piso durante as curvas. A suspensão também recebeu draw stiffeners na dianteira e na traseira – reforços estruturais entre o monobloco e o quadro da suspensão que ajudam a mitigar a torção da estrutura, contribuindo assim para maior estabilidade nas curvas.
Outras modificações no S209 foram inspiradas pelo Subaru WRX STI Nürburgring Challenge, carro que venceu na categoria SP3T das 24 Horas de Nürburgring de 2018. Elas incluem os spoilers frontal e traseiro, as saias laterais, os canards aerodinâmicos no para-choque dianteiro, a asa traseira e o teto de fibra de carbono.
Do carro de corrida também veio a inspiração para aquela que talvez seja a característica estética mais marcante do S209: os para-lamas alargados, que deixam o carro cerca de 4,4 cm mais largo que o STI comum, chegando a 1,84 metro. As rodas BBS de 19×9 polegadas abrigam pneus 265/35 nos quatro cantos, e os freios da Brembo possuem discos perfurados e pinças de seis pistões na dianteira, com pinças de dois pistões na traseira. Nos quatro freios, as pastilhas são de alta fricção e, de acordo com a Subaru, são mais resistentes ao fading em uso mais severo.
Além do look mais agressivo proporcionado pelas molduras nos para-lamas, o tratamento do lado de fora do carro inclui entradas de ar extra para o radiador nos para-lamas dianteiros, enquanto os para-lamas traseiros ajudam a reduzir a turbulência do ar e, consequentemente, reduzir o arrasto aerodinâmico. Há emblemas alusivos à versão na grade dianteira, nos para-lamas dianteiros, na tampa traseira e na asa.
O interior do carro, por sua vez, traz o emblema da STI no centro do volante revestido de Ultrasuede com costuras na cor prata, bancos Recaro do tipo concha e emblemas S209 espalhados pelo habitáculo – além de uma plaqueta numerada no console central.
Falando em numeração, a Subaru não deu números exatos, mas pretende produzir cerca de 200 exemplares do WRX STI S209. Serão oferecidos dois esquemas de pintura: azul perolado World Rally Blue com rodas cinza e branco perolado Crystal White com rodas douradas. O preço será anunciado quando o carro já estiver mais próximo de chegar às lojas, no fim de 2019.