Quase todo entusiasta gosta de carros grandes, velozes e potentes — superesportivos, sedãs de alto desempenho e tudo o mais. Contudo, carros pequenos e “fracos” também têm potencial para garantir diversão ao volante inversamente proporcional a seu tamanho e cavalaria. E isto é especialmente verdade quando se trata do Campionato Italiano Slalom, competição muito popular nas regiões montanhosas da Itália. Nela, correm carros pequenos e nervosos, conduzidos por pilotos habilidosos e muito rápidos.
Falamos brevemente a respeito das provas de Slalom italianas há um bom tempo, e nunca mais tocamos no assunto. O que é uma vergonha, pois trata-se de uma das categorias mais divertidas que existem. Apesar de não contar com vários carros ao mesmo tempo na pista (o que, teoricamente, é o torna corridas de carros algo bacana de assistir), as provas de slalom podem ser qualquer coisa, menos chatas. Saca só:
As provas de slalom costumam ser realizadas nas estradas dos Alpes italianos, que são cheias de curvas e próximas de pequenas cidades e vilarejos. São diferentes das competições de subida de montanha, pois costumam ser realizadas em trechos curtos, de até quatro quilômetros. E os obstáculos formados pelos cones na pista não são chicanes feitas para reduzir a velocidade (ao contrário do que acontece nas provas de hillclimb, por exemplo), e sim como um desafio adicional — quanto mais veloz o piloto for através delas, melhor.
Caso um cone seja derrubado pelo piloto, ele é obrigado a reduzir a velocidade. E o tempo que os fiscais de prova levam para reposicionar os obstáculos também é adicionado ao cronômetro — motivos em dobro para pilotar rápido e com precisão. Sendo assim, só os melhores entre os melhores vencem. Por esta mesma razão é tão difícil ver algum piloto de slalom cometendo um erro: eles são muito bons no que fazem.
Mas acidentes também são comuns
O pilotos são divididos em duas categorias: até 23 anos e assoluta (que, como você deve ter sacado, é para pilotos com mais de 23 anos). Então, há a divisão entre os carros, que leva em consideração o tamanho, a potência e, no caso dos carros produzidos em série, a extensão das modificações. Além disso, há também os protótipos feitos especialmente para correr nos slaloms.
Não há uma receita específica para os carros, mas todos têm algumas características em comum: são carros pequenos, com suspensão firme, entre-eixos curto e bitolas largas — tudo para fazer curvas com mais agilidade.
A suspensão costuma ser bem rígida e traz um ângulo de cáster agressivo, mas não em demasia, para que o carro aponte com rapidez mas a direção não fique dura demais. O entre-eixos curto reduz a inércia polar (que, como já vimos, é uma das causas do subesterço, ou saída de frente); enquanto as bitolas mais largas não servem só para deixar os carros com visual mais bacana: elas também ajudam a reduzir a transferência lateral de peso nas curvas, o que afeta o equilíbrio dinâmico.
Fiat 127, o irmão italiano do nosso 147, fazendo bonito no slalom. Inspirador, não?
Os motores, geralmente, são pequenos — quatro-cilindros de, no máximo dois litros. O tipo de preparação favorito é a sobrealimentação, com turbo ou compressor mecânico, e a potência fica na casa dos 200 cv, em média. A transmissão é sempre manual, às vezes com trocas sequenciais. E os carros costumam ser aliviados ao extremo. Os menores, como os Fiat 500, 600 e 126, não pesam mais que 600 kg. E todos eles devem ser equipados com gaiola de proteção integral (homologada pela FIA), bancos e cintos de competição.
A principal competição é o Campionato Italiano Slalom, que é realizado em sua forma atual desde 1992 e organizado pela Comissão Esportiva Automobilistica Italiana (CSAI). Geralmente são dez etapas por ano. Em cada uma das etapas, os pilotos percorrem, em média, seis trechos de no máximo quatro quilômetro. Ao final, o piloto com a menor média de tempo é o campeão em cada categoria.
Simples, não? No fim das contas, porém, para quem está só assistindo (sejam as centenas de pessoas que se reúnem na beira da estrada ou a gente, pela internet) o que importa é a demonstração de habilidade dos pilotos no comando destes pequenos foguetes.