Homer Simpson acordou sem voz nesta manhã. Não foi por rouquidão nem por que Marge roubou o cobertor de noite. Na verdade foi o dublador brasileiro de Homer — o segundo e um dos mais adorados, Julio Cezar Barreiros, que morreu na madrugada de hoje no Rio de Janeiro.
Barreiros foi dublador de Homer entre o 5º episódio da 8ª temporada até o final da 14ª temporada da série animada. Ele sofreu um acidente vascular embólico no aparelho digestivo e chegou a ser encaminhado ao hospital, mas não resistiu.
Como homenagem a um dos caras que nos ajudou a entender Homer Simpson, vamos relembrar o episódio em que o pai de família mais carismático da televisão projetou um carro ao seu gosto. Homer nunca foi um gearhead e tudo indica que ele não seja um bom motorista também. Mas ele já desenvolveu um carro inteiro sozinho de acordo com suas aspirações automotivas. Isso aconteceu no episódio 15 da segunda temporada de Simpsons, transmitido em um distante 1991.
Tudo começa quando o pai de Homer, Abe, revela que teve outro filho mas o colocou para adoção. Depois de alguma procura, Homer encontra Herb Powell, seu meio-irmão, e chefe de uma grande e bem sucedida fabricante de Detroit (as coisas mudaram muito nesses 23 anos…).
Herb achava que seus engenheiros já não conseguiam mais compreender o americano comum, e por isso contratou Homer por ser o “típico americano medíocre”. Nessa ele ganha liberdade total para projetar seu carro dos sonhos, um carro futurista cheio de conveniências para tornar o ato de dirigir prazeroso e fácil.
Ele tinha uma bola na antena, para ser encontrado mais facilmente nos estacionamentos; três buzinas “por que você nunca encontra a buzina quando está puto” — e todas tocavam “La Cucaracha”; uma câmara à prova de som para as crianças, equipada com focinheiras e cintos extra; um motor que faria as pessoas pensarem que o mundo vai acabar; porta-copos gigantes para refrigerantes, e até video-game embutido. A cereja do bolo era o ornamento de capô feito com um troféu de boliche.
O resultado foi o “The Homer”, um carro “potente como um gorila enfurecido, mas ainda dócil e suave como uma bolinha de espuma”.
Obviamente o carro ficou horroroso — especialmente pelas convicções de Homer: “algumas coisas estilosas nunca saem de moda. Teto em forma de bolha, rabos de peixe e carpete felpudo!”. Além disso, custando US$ 82.000 (quase US$ 130.000 em dinheiro de hoje), ele acabou com a empresa de Herb e Homer teve que voltar à sua rotina como funcionário do sr. Burns.
Mas isso não significa que Homer estava errado. Talvez ele estivesse apenas à frente de seu tempo, um gênio incompreendido como Vincent Van Gogh e Antonio Vivaldi.
No ano passado, um grupo de americanos descobriu o potencial do The Homer como carro de corrida, e o inscreveu para disputar as 24 Horas de LeMons, a tradicional corrida para pilotos de fim de semana dos EUA. Ele não venceu a corrida, mas só de entrar na pista e conquistar a atenção de todos, ficou claro que o projeto de Homer tinha potencial.
Além disso, os americanos da Wired acham que Homer criou o carro do futuro sem querer. Os motivos? Ele tinha isolamento acústico, podia ser personalizado ao gosto do motorista, cintos especiais para crianças, porta-copos enormes e até um vídeo-game integrado. Pense no seu carro de 1991 (ou o do seu pai) e o compare com seu carro atual. Qual deles é mais parecido com o The Homer? A menos que você tenha algo “originalmente retrô”, é bem provável que seja o seu carro atual.
Claro, em 25 anos Simpsons, este não foi o único carro marcante da série. Você lembra de mais algum?