Uma coisa bacana de viver em 2019 é o acesso à informação – tanto para fornecê-la quanto para consumi-la. Um bom exemplo disto é o canal de Craig Lieberman, consultor de veículos dos três primeiros filmes da franquia “Velozes e Furiosos”. Através de seus vídeos, ele nos dá detalhes nunca antes divulgados a respeito dos carros utilizados na trilogia clássica. Com isto, diversos mitos a respeito de alguns dos carros tunados mais icônicos do cinema estão, finalmente, sendo esclarecidos.
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Em seu episódio mais recente, Lieberman abordou um dos carros mais icônicos do primeiro “Velozes” entre os coadjuvante. Ou melhor: os carros – os Honda Civic que o bando de Dom Toretto utilizava para roubar as cargas dos caminhões (afinal, eles eram pilotos de rua e ladrões antes de se tornarem, nos filmes mais recentes, investigadores internacionais ligados ao FBI).
Craig conta que a ideia era utilizar carros que fossem baratos, claro, mas estilosos ao mesmo tempo – eles deveriam ser facilmente reconhecíveis a qualquer um que tivesse o mínimo de contato com a cena tuning californiana da época. E, claro, deveriam estar prontamente disponíveis nos EUA.
Os critérios não deixavam muito espaço para outra coisa que não fosse o Honda Civic de quinta geração, fabricado entre 1991 e 1995. Em 2001 ele já era um carro barato, pois ainda não era considerado um clássico, mas ainda era relativamente moderno – e já era tido como uma das gerações mais bonitas do Civic. Assim, foram comprados sete exemplares do cupê, dois EX com câmbio automático, e cinco DX com transmissão manual. No total, apenas três dos carros apareciam em cena, mas era preciso ter reservas.
A ideia era que, diferentemente dos carros usados nas corridas, os Civic fossem discretos, porém ameaçadores. Por isso, todos os carros foram pintados de preto e receberam body kits iguais, da VIS Racing, modelo GT Bomber, com asa traseira Veilside Kombat, além de luzes de neon verde no assoalho. Apenas um dos carros tinha teto solar, As rodas de todos os carros eram as Axis Neo – compradas diretamente com a fabricante a um precinho camarada, pois estavam encalhadas. Sim, os Civic foram equipados com rodas que eram, basicamente, sobras do estoque da Axis.
Não havia modificações mecânicas, pois o orçamento não permitiria – o que pode decepcionar alguns fãs que, ao longo dos anos, ouviram falar dos mais diversos upgrades que, no fim das contas, os Civic não tinham. Quer dizer, cada um deles recebeu uma abafador de US$ 50, só por desencargo de consciência. Mas, de todo modo, o ronco dos carros foi dublado. Eles não soavam daquele jeito.
Embora tenham ficado bem estilosos, os carros não foram cuidados com muito carinho pela equipe – segundo Craig, ninguém na produção esperava que os Civic sobrevivessem às filmagens. As manobras, aliás, foram cuidadosamente coreografadas, especialmente nas cenas onde um dos carros entravam debaixo do caminhão – cuja caçamba precisou ser levantada em 18 centímetros para que o Civic coubesse no vão livre do solo. Nenhum dos atores conduziu os carros nas acrobacias mais difíceis, obviamente – aquele foi o trabalho dos dublês.
No fim das contas, os carros sobreviveram – incluindo o carro de Letty, que capota em determinado momento. E, dos sete Civic originais, seis acabaram sendo usados no segundo filme, lançado dois anos depois. Os carros foram repintados em cores vibrantes e equipados com novos body kits e rodas, e apareceram na cena de “+ Velozes + Furiosos” na qual todos os carros são recuperados do depósito.
De acordo com Craig, os produtores do filme mantiveram os Civic guardados por alguns meses mas, não muito tempo depois, todos foram vendidos em leilões. Ele acredita que os carros foram comprados por pessoas que não se importavam muito com os filmes, e foram atraídas pelo preço camarada – algo entre US$ 1.000 e US$ 3.000 por cada um, sendo que na época da filmagem os preços variavam entre US$ 6.000 e US$ 9.000.
Sendo assim, é bem provável que estes carros tenham sido destruídos com o passar dos anos ou, na melhor das hipóteses, estejam rodando pelos EUA sem que ninguém saiba de suas histórias. O que é meio triste, na verdade.