Como mencionamos recentemente, em 2019 completaram-se 25 anos do lançamento do Chevrolet Corsa no Brasil, em 1994. O simpático hatchback trouxe um bem vindo sopro de modernidade ao segmento – o Fiat Uno, que no lançamento sido referência, já tinha dez anos de idade e deixava isto claro no design “quadrado” e na mecânica – as versões mais baratas ainda usavam carburador. O Corsa tinha um desenho bem mais moderno, arredondado, e apostava na injeção eletrônica desde a versão de entrada.
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Com isto, não tardou a fazer sucesso: já em 1995, o Corsa foi o terceiro carro mais vendido do Brasil, com pouco mais de 150.000 exemplares emplacados. O Uno ficava em segundo lugar, com cerca de 248.000 unidades, e o líder era o Gol, com quase 250.000 carros vendidos.
A Chevrolet estava empolgada com a boa aceitação do Corsa e, por isto, desenvolveu a partir dele um conceito especialmente para a edição de 1995 do Brasil Motor Show evento automotivo bianual que foi realizado até 1999 como complemento ao Salão do Automóvel (o Brasil Motor Show rolava nos anos ímpares, enquanto o Salão é realizado nos anos pares).
O nome soava engraçado: Corsa Tonga. A inspiração era o Reino de Tonga, um arquipélago que fica na Oceania e faz parte da Polinésia. Algumas ilhas de Tonga têm origem vulcânica e, por isso, o solo é acidentado e cheio de elevações íngremes – terreno ideal para um veículo off-road. E era esta a ideia.
O Corsa Tonga tinha suspensão elevada, pneus garrudos (que calçavam rodas Binno B802, que viriam a se tornar populares entre os donos de Corsa). A carroceria azul recebia novos para-choques, saias laterais e molduras nos para-lamas, todos mais robustos do que no Corsa normal, e pintados de verde – cor que também era vista no rack de teto. Os faróis eram especiais, com duas parábolas separadas, e as lanternas traziam apliques plásticos que lembravam aqueles acessórios muito comuns na época.
Outra modificação realizada no carro foi a instalação de um enorme teto panorâmico, que ia do topo do para-brisa até o vigia traseiro – não muito diferente do que se vê no Fiat 500 Cabriolet.
A customização no interior era mais leve: os bancos originais davam lugar a bancos feitos sob medida, usando uma estrutura tubular com revestimento roxo, combinando com as portas; e havia alguns botões amarelos no painel. Além disso, o volante era o mesmo do Chevrolet Corsa GSi, o que levanta suspeitas de que o motor seja o mesmo 1.6 16v da versão esportiva, embora isto jamais tenha sido confirmado.
O conceito fez sucesso entre o público e a imprensa – tanto que, no ano seguinte, a Opel pegou o carro “emprestado” para exibição nos Salões europeus antes de aposentá-lo.
A Chevrolet brincou novamente com a ideia de criar um Corsa off-road em 1998, apresentando o conceito Tonga 2 no Salão do Automóvel daquele ano. A receita era parecida, mas a carroceria escolhida foi a perua, que recebeu pintura amarela com detalhes pretos. No ano seguinte, quem colocou no mercado uma perua aventureira foi a Fiat – a Palio Adventure foi lançada em 1999 e tornou-se um grande sucesso, sendo vendida até hoje.
Um detalhe interessante é que, em 1993, antes mesmo do Corsa Tonga, a Opel já havia criado algo parecido, apresentado no Salão de Frankfurt: o conceito Opel Scamp, que também era feito sobre a carroceria de duas portas, e também tinha a suspensão elevada.
Contudo, a porção superior traseira foi cortada pra transformar o carro em uma picape compacta – com direito a bancos dobráveis na caçamba. Como já dissemos, o Scamp até pode ter sido a inspiração dos brasileiros na hora de criar a picape do Corsa, que foi desenvolvida aqui.
Em 1994, foi a vez do conceito Scamp II, desta vez feito sobre o Corsa de quatro portas – com customizações muito parecidas com o que se veria no Corsa Tonga no ano seguinte, ainda que com cores mais discretas.
A ideia de um Corsa aventureiro jamais foi adiante – o que, em retrospecto, parece até uma oportunidade perdida, considerando o sucesso que este tipo de carro faz até hoje.