Muitos de vocês provavelmente já sabiam disto mas, de todo modo, não custa lembrar: o Nissan Skyline GT-R R32, lançado em 1989, não foi o primeiro GT-R – ele na verdade marcou o retorno da lendária sigla depois de 16 anos sem que ela tivesse um representante.
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O último GT-R antes do R32 havia sido o KPGC110, ou simplesmente C110 – também conhecido como “Kenmeri” por causa da campanha de publicidade que estrelava o casal Ken e Mary. O GT-R C110 pode não ter a mesma reputação lendária do primeiro GT-R, o famoso Hakosuka, mas ele é definitivamente o mais raro de todos: foram feitos apenas 197 carros, todos em 1973 (em comparação, a Nissan produziu 1945 unidades do Hakosuka).
A geração seguinte do Nissan Skyline, a C210, foi lançada em 1977 e abandonou de vez o GT-R. No geral, o Skyline C210 era um carro mais sóbrio e voltado ao luxo.
Ele ficou maior, mais retilíneo e mais sofisticado. Houve, de fato, uma versão esportiva – o Skyline GT-EX, que foi o primeiro a usar um motor turbo (L20ET, seis-em-linha de dois litros e 145 cv). Mas, sem o mesmo carisma que os esportivos anteriores, o GT-EX não é cultuado como eles. Na verdade, a geração C210 como um todo é meio esquecida até mesmo pelos fãs do Skyline.
Mas… e se ela tivesse dado origem a um GT-R?
Foi esta a pergunta que Kazuhiko “Smokey” Nagata quis responder com seu mais recente projeto, exibido no Tokyo Auto Salon no começo deste ano – um dos poucos eventos automobilísticos que tivemos em 2020 por conta do coronavírus.
O resultado é um carro com uma abordagem muito mais sutil do que geralmente sai da Top Secret, a preparadora de Smokey – como aquele que talvez seja o melhor exemplo: seu Toyota Supra com motor V12.
Em vez disto, Nagata optou por fazer praticamente um restomod, preservando boa parte das características originais e melhorando aspectos importantes do C210. E ele acabou criando um carro sensacional, na melhor pegada “menos é mais”.
Para começar, o visual é definitivamente inspirado pelos dois primeiros GT-R – honestamente, não havia como fugir disto. A carroceria foi pintada de prata “Glare Silver Metallic”, como o Hakosuka original, e as mudanças estéticas resumiram-se a acessórios – como as molduras nos para-lamas, também pintadas de prata, e um generoso spoiler abaixo do para-choque dianteiro.
As rodas são as Star Road Glowstar, de 15 polegadas, fabricadas pela Work – uma bela escolha que arremata muito bem o visual do carro. Elas são calçadas com pneus Bridgestone Potenza RE-01, de medidas 205/55 na frente e 225/50 atrás – sendo que os pneus traseiros apresentam um leve stretch que pode fazer alguns torcerem o nariz, mas consideramos perdoável em um show car como este.
Agora, o fato de se tratar de um show car não faz deste “GT-R” um projeto estático ou sem conteúdo – all show, no go? Nada disto: a Top Secret tem um nome a zelar, afinal.
Novamente, porém, a mecânica também recebeu uma abordagem mais clássica por parte de Smokey Nagata – ele optou por um seis-em-linha naturalmente aspirado, para ficar mais period correct. Trata-se de um RB30, motor da mesma família do RB26DETT, porém sem turbo e, como o nome indica, com três litros de deslocamento. O bloco recebeu pistões, virabrequim e biejas forjados da HKS, enquanto o cabeçote vem do RB26DETT usado pelo GT-R R32/R33/R34.
O sistema de injeção tem corpos de borboleta individuais e, controlado por um módulo HKS F-Con V Pro, é suficiente para entregar algo entre 280 e 300 cv, de acordo com a Top Secret. A força é moderada pelo câmbio manual de cinco marchas do Skyline GTS-t R32, que também cedeu o diferencial traseiro.
Quem senta no banco do motorista para acelerar – a princípio, este posto pertence ao próprio Smokey Nagata – se vê em um ambiente primariamente retrô. As únicas mudanças visíveis em relação ao original são o volante da Momo, um acabamento de fibra de carbono no console central, e a caixa da ECU perto dos pés do carona. Mais nada.
Conversando com o pessoal da revista Option Auto, Nagata disse estar bastante satisfeito com o resultado do projeto – o motor bastante elástico, que rende bem em baixas rotações, somado ao relativo conforto do interior (que conta até com ar-condicionado) fazem do “GT-R” um projeto atípico para a Top Secret, mas até mesmo maníacos por velocidade como Smokey Nagata às vezes querem um carro mais tranquilo.
Claro que, com 300 cv e peso na casa dos 1.100 kg, este Skyline não deve ser tão tranquilo assim. Está na medida certa, eu diria.