Desde que a AMG foi incorporada à Mercedes-Benz, a missão de produzir modelos insanos da marca alemã foi transferida de forma quase natural para a Brabus. A preparadora nascida nos anos 1980 passou a década à sombra da AMG, mas começou a se destacar quando esta se tornou a divisão oficial da Mercedes.
Desde então eles vêm cometendo verdadeiros atentados ao pudor sobre rodas, como a perua E55 com motor V12 dos anos 1990, ou o Classe C W204 com motor V12 biturbo da Classe S. Agora eles foram ao Salão de Frankfurt com três novos modelos igualmente insanos: um Classe E de 700 cv, um conversível de 900 cv e um utilitário dos anos 1970 com 900 cv. São loucos esses alemães.
Brabus 700 AMG E63
Começando pelo mais fraquinho da turma, temos o Brabus 700 AMG E63. Ele já era insano do jeito que veio ao mundo, na forma do E63 S, com um V8 4.0 biturbo de 612 cv e 86,5 mkgf. Mas para a Brabus potência nunca é demais, então eles criaram o pacote PowerXtra B40, que deu ao carro mais 88 cv e 10,8 mkgf e chegaram aos 700 cv e 97,3 mkgf suficientes para enrugar o asfalto arrancar do zero aos 100 km/h em 3,2 segundos (0,2 segundo a menos que a versão original) e continuar até os 300 km/h, que é quando a ECU do motor corta a injeção e a ignição para limitar a velocidade.
A Brabus não revelou detalhes da receita que aumentou a potência dessa forma, mas sabemos que ela usa um módulo tipo piggyback, que altera o sinal da ECU original. Sendo um motor turbo capaz de suportar mais de 700 cv (segundo o chefão da AMG, Tobias Moers), a Brabus deve ter apenas modificado o programa de controle da válvula wastegate para aumentar a pressão dos turbos, acertado os pontos de ignição e tempos de injeção, e também instalou um escape de aço inoxidável para reduzir a contra-pressão, otimizando o fluxo — e, de quebra, fazendo-o roncar mais alto.
O pacote ainda inclui um kit aerodinâmico desenvolvido em túnel de vento e feito de fibra de carbono, que acrescenta tomadas de ar maiores no para-choques dianteiro, spoilers na dianteira e na traseira e um aplique ao difusor original. As rodas, como de costume, são de 21 polegadas.
Por dentro o E63 S pode ser personalizado com opções “infinitas” de couro e Alcantara, disponíveis em uma paleta “interminável” de cores. As aspas são palavras da própria Brabus. A preparadora oferece o carro completo ou apenas o kit, para instalar em um E63 S que você já tem na garagem. E eles também oferecem o kit para a perua.
Brabus Rocket 900 Cabriolet
O segundo lançamento da Brabus em Frankfurt é o Rocket 900 Cabriolet, que, segundo a preparadora, é o conversível mais rápido e mais potente do planeta. Talvez eles estejam esquecendo do Hennessey Venom e do Bugatti Veyron Grand Sport — ou talvez estejam se referindo apenas a conversíveis convencionais, baseados em sedãs/cupês e com bancos traseiros. Vá saber.
De qualquer forma, se o Rocket 900 Cabriolet não é o mais potente do mundo, ele não fica muito atrás dos demais: seu V12 biturbo de 6,3 litros produz nada menos que 900 cv e 152,7 mkgf de torque — que é limitado eletronicamente para preservar a transmissão. Como você talvez tenha percebido, a receita da preparação incluiu o aumento do curso dos pistões para aumentar o deslocamento dos seis litros originais para 6,3 litros, além de um novo escape, um novo par de turbocompressores e novos coletores de admissão. A pressão de trabalho dos turbos também foi aumentada, o que exigiu um novos pistões e bielas forjados. O câmbio é o AMG Speedshift de 7 marchas, porém modificado pela Brabus.
Com o novo motor o Rocket 900 Cabriolet também não fica muito atrás dos supercarros sem teto em termos de desempenho: são 3,9 segundos de zero a 100 km/h e velocidade máxima superior a 350 km/h.
Para diferenciar o Rocket 900 do S65 convencional, a Brabus oferece um kit estético sutil como um Classe S pede, com um novo splitter frontal, um novo para-choques dianteiro, um novo difusor traseiro e um spoiler tipo lip na tampa do porta-malas. Tudo feito de fibra de carbono sem pintura, com acabamento de alto brilho ou fosco, bem como as capas dos retrovisores e as bordas dos dutos de admissão do para-choques. As rodas também são de 21 polegadas como no 700 e a suspensão tem um módulo que varia a altura de rodagem em 15 mm.
900 G65 AMG
Outro carro que a Brabus afirma ser o mais potente do planeta em sua categoria é o 900 G65 AMG, sua versão alucinada do G65. Mas desta vez a Brabus tem razão: não há no mundo outro SUV com 900 cv e 155 mkgf de torque, o que realmente faz dele o SUV mais potente do planeta.
O motor é o mesmo do Rocket 900 Cabriolet: um V12 biturbo de seis litros que teve seu deslocamento ampliado para 6,3 litros, pressão dos turbos aumentada, novos turbos instalados, coletor de escape e admissão modificados. A arrancada do zero aos 100 km/h também é feita em 3,9 segundos, porém a velocidade máxima é limitada a 280 km/h provavelmente porque você não vai querer passar disso em um jipe Mercedes dos anos 1970.
A maior modificação feita no carro, contudo, é o novo capô de fibra de carbono, que é mais alto para abrigar o novo coletor e a nova caixa do filtro de ar — e dá ao carro um visual exageradamente agressivo, chegando a ser de gosto duvidoso. A dianteira tem um novo spoiler, um painel de fibra de carbono sob a grade dianteira (que também é de fibra de carbono), um spoiler traseiro e para-lamas mais largos.
As rodas são de 23 polegadas (e também parecem exageradas no carro), e a suspensão usa o sistema ajustável Dynamic Ride Control modificado pela Brabus. Por dentro, o G65 ganhou bancos traseiros individuais com mesas dobráveis para cada um deles. O revestimento usa couro creme e preto com friso vermelho nas costuras, e o teto recebeu um forro de alcantara com pontos luminosos de fibra óptica que reproduzem um céu estrelado. Onde foi que eu vi isso mesmo, Rolls-Royce?