Depois de teasers e conceitos e flagras e todo aquele material de divulgação que já virou praxe na véspera do lançamento de um novo modelo, a Honda finalmente apresentou a nova geração do Civic. O novo modelo segue a tradição da Honda, de ter uma geração do carro inovadora em termos estéticos, acompanhada de uma meramente evolutiva. Esta décima geração muda tudo mais uma vez.
Tudo mesmo, começando pela nova plataforma, que é 25% mais rígida à torção e reduziu o peso do carro em 30 kg com a adoção de ligas de aço de alta resistência. A nova base deixou o carro 2,5 cm mais baixo, 5 cm mais largo e aumentou o entre-eixos em 3 cm, o que resulta em 5 cm a mais de espaço para as pernas do passageiro do banco de trás e também permitiu um ponto de quadril (o chamado hip point, que define a altura e a posição de dirigir) 2,5 cm mais baixo. Com isso o motorista em uma posição mais baixa e esportiva. A suspensão também mudou: a dianteira teve as torres McPherson redesenhadas enquanto a traseira multilink usa um subchassi mais rígido e os dois eixos ganharam barras estabilizadoras mais espessas.
Considerando essas características do novo chassi, (maior rigidez, suspensão retrabalhada, peso mais baixo, centro de gravidade reduzido) e a adoção de buchas hidráulicas na suspensão, direção com relação variável, freios a disco nas quatro rodas e um sistema de vetorização de torque por frenagem independente das rodas, a Honda parece estar falando realmente sério quando menciona um comportamento dinâmico aperfeiçoado.
Em relação ao visual, o que mais chama a atenção é a silhueta de fastback. A linha do teto forma uma queda acentuada na traseira que praticamente elimina o terceiro volume e dá ao carro um ar mais jovem. Na frente, os faróis são mais baixos e largos e a grade ganhou um elemento cromado com pontas que lembram aquelas pestanas tuning, que deixam o carro com “cara de mau”.
Observando a foto acima, você perceberá também que a grade é integrada ao para-choque e, seguindo uma tendência dos carros modernos, se estende até a borda do capô — algo que protege a peça metálica em acidentes, barateando o custo de reparo. Os faróis de neblina ficam em recortes semelhantes às tomadas de ar de alguns supercarros, uma referência estética para tornar o carro mais agressivo. Os farois principais usam LED nas versões mais caras, enquanto as versões de entrada usam uma peça mais simples, com projetor duplo.
Na traseira as novas lanternas em bumerangue se estendem até o topo da tampa do porta-malas, ajudando a disfarçar a altura da traseira (que ajudou a aumentar o porta-malas em 73 litros). Elas também envolvem parte da lateral do carro, reforçando a impressão de robustez sem deixar o visual pesado. A lateral, aliás, parece ser o melhor ângulo do carro: ela tem um vinco ascendente que surge do para-lama dianteiro e marca toda a extensão do carro, passando pelas maçanetas e terminando nas lanternas traseiras, também reforçando uma postura marcante sem parecer inchada. O jogo de luz e sombra desta foto abaixo mostra melhor o efeito desse vinco:
Sobo o capô, embora tenha se falado sobre motores 2.0 turbo, nos EUA o novo Civic terá apenas duas opções de motorização: um 2.0 16v i-VTEC para as versões de entrada, e um 1.5 turbo com injeção direta para as versões de topo.
A Honda disse que o 2.0 será o “motor de entrada mais potente já oferecido em um Civic”. O 2.0 atualmente produz 155 cv em sua versão brasileira Herbert Richers flex, mas após os updates feitos para a nova geração, ele passará a produzir 160 cv na versão americana — o que indica que uma eventual versão flex desse motor poderia chegar perto dos 165 cv.
O 1.5 turbo das versões mais caras terá 176 cv. Tanto o 1.5 turbo quanto o 2.0 serão combinados a um câmbio CVT, exceto na versão de entrada, na qual o 2.0 trabalha com uma caixa manual de seis marchas. Nas imagens acima, vemos que a versão 1.5 turbo terá sistema de escape duplo, enquanto a 2.0 terá escape simples.
Por dentro o novo Civic também rompe com a atual geração. O painel de instrumentos de dois andares talvez fosse muito 2007 para um carro 2017 e agora terá um quadro com três divisões bem destacadas e instrumentos projetados em tela TFT — no centro fica o conta-giros com escala gráfica ao redor do velocímetro, que continua exibindo os dígitos da velocidade, e das informações do computador de bordo. No lado esquerdo fica o termômetro do motor e no lado direito o marcador do nível de combustível.
Quem ganhou dois andares foi o console central, que ficou elevado como no HR-V e eliminou o sistema de alavanca do freio de estacionamento — que agora é elétrico, como no crossover. Sendo mais alto, o console ganhou um porta-objetos no “andar de baixo”. Subindo o painel, o sistema multimídia tem influência dos tablets que usamos em casa e no trabalho — algo que parece ser uma tendência em todas as marcas —, mas felizmente os comandos do ar-condicionado são ativados pelos bons e velhos botões. O sistema multimídia, aliás, tem conectividade com os novos Android Auto ou Apple CarPlay, que integram smartphones Apple e Android com funções de espelhamento e intercâmbio de dados entre o gadget e o sistema do carro.
Em termos de segurança ativa, ele terá o sistema Honda Sensing, que inclui detector de colisão com frenagem automática, alerta de mudança involuntária de faixa e controle de velocidade adaptativo, que reduz a velocidade caso o carro à frente também reduza, mantendo sempre uma distância segura. O pacote de segurança ainda inclui os obrigatórios airbags, ABS com EBD e controle de estabilidade e tração.
Nos EUA, o Civic será vendido em cinco versões: LX e EX, que são as versões de entrada, com motor 2.0 e câmbio manual de seis marchas (LX) ou CVT (EX), e EX-T, EX-L e Touring, que serão as versões superiores, com motor 1.5 turbo e câmbio CVT. No Brasil, a organização da linha certamente será diferente quando o novo modelo chegar por aqui, ainda em 2016 como modelo 2017