Sempre tive uma grande paixão por automóveis. No meu aniversário de 19 anos pude comprar meu primeiro carro, com o apoio (apenas moral) do meu irmão: um Opala 1974 cupê, rosa pantera. Ele estava com a mecânica seis cilindros original, era apaixonante e me marcou! Quando estava terminando de regularizá-lo, me aparece um Opala SS6 1972 na cor laranja solar. Sua situação não era das melhores: já havia sido batido e sofreu bastante durante esses longos anos que se passaram – só que, por outro lado, painel, bancos, forrações, rodas, itens que são raríssimos de se encontrar em ótimo estado, estavam excelentes neste Chevy. Não deu outra: tive de congelar o projeto do Opala rosa pantera e partir para o SS6 1972.
Porém, vamos deixar para falar destes carros em uma outra oportunidade, pois o nosso assunto aqui é outro.
Por que um BMW?
Já tinha algumas economias e pensava em comprar um carro mais evoluído e com mais recursos – algo inevitável para quem começou com um Opala? Além disso, teria de ter ao menos um motor de seis cilindros (o vício pegou), ter câmbio manual e principalmente, tração traseira. E, se não fosse pedir muito, ter apenas duas portas. Com isso em mente, aos 21 comprei um carro que simplesmente nunca imaginei ter: um BMW 2007 E90 com 250 cv.
Acho que foi uma das melhores experiências que tive. O carro era simplesmente incrível, mas apesar disso, não tinha planos de ficar muito tempo com ele. Neste processo de venda fui pesquisando mais sobre a marca e me apaixonei ainda mais. O objetivo passou a ser ter outro BMW, porém mais antiga, que pudesse me dar a oportunidade de aprender um pouco mais, que tivesse mais mecânica que eletrônica.
Depois de cerca de 40 dias de anúncio, apareceu um comprador que me encheu o saco para diminuir o preço. No fim, cedi um pouco e fechamos negócio – e no mesmo dia me bateu o arrependimento. Era realmente um automóvel incrível e eu tinha vendido abaixo do valor que considerava justo. No dia seguinte, comecei a procurar alguns anúncios de carros similares para confirmar o meu erro – e foi quando me deparei com ele:
Um BMW 1999 coupé com motor seis cilindros, branco e câmbio manual (raro nas BMW de 1998 em diante). O carro não estava muito bonito nas fotos, mas pude ver o potencial que tinha! Era 20 de fevereiro de 2013, às 9 horas, quando liguei para o vendedor e ofereci um carro popular que tinha. Fiz uma proposta, ele aceitou… e daí me bateu um desespero: “putz, ele aceitou, e agora?”. Aí estava o problema: teria de dirigir cerca de 4 mil km para trazer o carro até a minha casa. Mas tudo bem. Vi na internet o roteiro para ir de Brasilia à Passo Fundo, no Rio Grande do sul, e resolvi que faria isso naquele dia mesmo. E então fomos, eu e um amigo do colégio, e chegamos lá no dia seguinte, às 21:00.
Quando cheguei lá, tinha em mente que havia dado um tiro no escuro, pois não sabia o estado real do carro. Mas ele estava excelente, com a pintura toda original. Claro, alguns detalhes no para-choque, no interior, mas fiquei satisfeito, ainda mais considerando que eram 14 anos de uso. Andamos no carro, ronco sensacional, corte de giro acima dos 6 mil rpm… negócio fechado! Voltamos para a casa na noite do dia seguinte, depois de acertar todos os trâmites de documentação – e que volta empolgante! O carro estava com pneus bem gastos na traseira e isso proporcionava a cada retorno, a cada saída de posto de combustível, uma saída de traseira com um simples toque no pedal.
Percebi que aquele era realmente o carro que, quando moleque, sempre quis ter. E estava realizado de tê-lo conseguido.
Minha família já estava ficando preocupada, mas avisei: “mãe, estou chegando… em cerca de dez minutos chego em casa.” Todos foram para o portão me esperar e ter certeza do que tinha feito. Foi quando entrei na rua, passei pelo primeiro quebra-molas e o pedal da embreagem travou! Quando consegui liberar o pedal o carro não saia e fedia a embreagem. Pois é: depois de uma viagem de quase 4.000 km tive de empurrar o carro nos metros finais. Não queiram saber o que tive de escutar quando cheguei em casa… afinal, troquei um carro praticamente zero km por outro importado – quebrado, ainda por cima.
Nesta semana se completa um ano desde que o comprei. Os avanços, por enquanto, foram poucos, porém já tenho quase tudo que preciso: kit exterior completo do M3, incluindo capô, para-choques, para-lamas, escapamento… As rodas que foram instaladas são do modelo mais recente, tudo para dar uma aparência de carro esportivo. Vocês irão acompanhar toda a transformação.
Muitos estão se perguntando, qual intenção de ter um carro com aparência esportiva e um motor de um carro comum? Muito bem. Teremos sim um upgrade no motor, que inicialmente se consistirá de um stroker (curso ampliado) de 2.5 para 3.0, troca de coletores de admissão e de escapamento e alguns outros detalhes que quero compartilhar com vocês, amigos do FlatOut, no próximo post. Mas, se correr tudo bem de verdade, meu carro fará um swap de motor. Não quero trocar seis por meia dúzia, quero ao menos oito borboletas debaixo do capô de alumínio – quero colocar um motor dos seus irmãos maiores neste bimmer. O S62 do BMW E39 é um forte candidato.
Esta é uma prévia do que vocês verão nos próximos capítulos…
Por Rafhael Carneiro, Project Cars #10