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Caterham vai mostrar um novo carro esporte elétrico ainda este ano
Um cara poderia imaginar que nada ia mudar, nunca, na Caterham, a herdeira do projeto e direitos do Lotus Super Seven, e que vem fazendo variações do desenho original de Chapman a nada menos que exatos 50 anos este ano. Afinal de contas, quem fabrica menos de 1000 carros por ano está fora do decreto europeu que acaba com os motores a combustão interna, um número que parece cair como uma luva para a empresa inglesa.
Mas parece que não. O novo engenheiro-chefe da empresa é Anthony Jannarelly, conhecido pelo W Motors Lykan Hypersport e o Jannarelly Design-1, um interessantíssimo carro retrô bem leve, e com um Nissan V6, fabricado em Dubai. Jannarelly, é um francês, e a Caterham tem donos japoneses agora. Sim, uma salada multinacional e multicultural bem moderna.
Disse à Autocar inglesa o francês que está agora trabalhando em parceria com a Italdesign em Turim, em um projeto de carro elétrico que irá “agradar os fãs existentes da Caterham ao mesmo tempo em que tenta alcançar outro tipo de público”. Sei. Na verdade, esse outro tipo de público aí que é o objetivo, muito provavelmente.
Esta mensagem que ele pretende passar é que os princípios da Caterham podem ser incorporados com sucesso por um produto completamente novo, independentemente de seu posicionamento e da natureza de seu trem de força. O que é fácil falar, mas difícil de realizar.
“O princípio é sempre a leveza”, disse Jannarelly à Autocar. “O que todo mundo adora no Seven é que é um carro simples que simplesmente funciona e, mesmo que estejamos fazendo um EV, tentaremos aplicar a mesma filosofia. É muito simples. Não haverá recursos sofisticados. O principal é o seu prazer em dirigir este carro.”
O design, aparentemente, não será nada parecido com o do Seven. Será algo mais moderno, como explicou o CEO Bob Laishley: “Como o Seven, ele terá um spaceframe de aço, mas diferente. Ele terá uma carroceria envolvente de seis painéis em alumínio ou fibra de carbono: duas soleiras, duas portas e aberturas em forma de concha na frente e atrás. Será mais bonito e moderno que um Seven – esses serão grandes diferenciais – e talvez tenha teto. Estamos projetando-o como um EV puro desde o início, apenas com tração traseira.”
Ou seja: portas. Se tem portas, como sabemos, não é um Seven de verdade. Não é a primeira vez que acontece isso: quando a empresa fez 21 anos em 1994, lançou o Caterham 21: um roadster moderno com portas, vidros laterais e uma carroceria que cobria as rodas, sobre a base do Seven. O medo era que o Super Seven, um desenho de 1957 afinal de contas, ficasse velho. Não lembra mais desse Caterham 21? Pois é.
Meu chute é que em mais dez anos ainda teremos Caterham Super Seven, e este novo carro será esquecido. Não por ser elétrico; quer um elétrico faça um Seven elétrico, oras. É o seu negócio, Seven. Não percebeu ainda?
Fazer um Lotus Emira elétrico de segunda linha não parece uma boa ideia. No que uma minúscula empresa inglesa poderá ser melhor que um Alpine A110 ou um Cayman elétrico? Acho que muito pouco. Veremos! (MAO)
Ford Ranger Raptor começa a ser vendida na Argentina
Ainda esta semana dissemos que a nova Ranger, que receberemos aqui no Brasil vinda da Argentina, usa as portas do modelo anterior; não é verdade: a carroceria do carro é totalmente nova também. Perdoem a gafe. E mais: as notícias vindas da Argentina prometem uma picape bastante interessante, e toda nova.
Mas de lá vem também detalhes da Ranger Raptor, que eles recebem importada da Tailândia, ainda que seja basicamente a mesma picape que está começando a ser fabricada lá. Muito provavelmente, não teremos Raptor aqui no Brasil, o que é uma pena. Raptors são sempre veículos sensacionais, mesmo custando bastante por isso.
Diferente das picapes diesel normais, esta vem com um maravilhoso V6 a gasolina, de três litros, e com dois turbocompressores. Dá nada menos que 397 cv e 59,4 mkgf. O câmbio é automático de dez marchas com comando por borboletas atrás do volante, e tração 4×4 com reduzida.
Vem de série com rodas de liga leve de 17 polegadas, pneus AllTerrain 285/70 R17, chassi reforçado, proteção na parte inferior do motor e câmbio, escapamento com quatro modos (Quiet, Normal, Sport e Baja), suspensão traseira com molas helicoidais e amortecedores Fox 2,5 polegadas, com válvula de bypass ativa interna. Quer nunca mais desacelerar para quebra-molas e meio-fio (a sua conta e risco)? Este é seu carro.
Mas custa caro; é a picape mais cara do mercado argentino, custando o equivalente em pesos argentinos de R$ 706.640. Barrabás. Não quero nem imaginar quanto custaria uma F150 Raptor em terras sul-americanas. (MAO)
Honda Elevate é HR-V para países emergentes
Parece que o hatch alto SUV HR-V ficou realmente caro demais para os pobres mercados emergentes. Para a Índia inicialmente, um novo carro está sendo desenvolvido para seu lugar vazio hoje: o do SUV compacto barato. Será baseado no hatch City.
Está marcado sua apresentação para dia 6 de junho, em Nova Déli, que fica na Índia. A Honda já começou o interminável fluxo de teasers diversos, para que não termos nenhum risco de esquecer que ele vai aparecer logo logo. Primeiro, mostrou a silhueta do carro, com detalhes apagados. Agora, graças ao teaser mais recente, sabemos o nome dele: Elevate.
O SUV será peça-chave na estratégia de crescimento da Honda no mercado indiano e terá montagem concentrada na fábrica de Tapukara, no Rajastão. Sim, no Rajastão, onde quer que fique ele. A previsão é produzir mensalmente 8.000 unidades, atendendo também mercados de exportação.
Virá ao Brasil? Ainda é uma incógnita. É fácil trazê-lo, até para produzir aqui se for o caso, visto que será baseado num carro também fabricado por aqui. Mas temos o HR-V aqui, e um cara pode imaginar que os dois ficariam desconfortáveis juntos. O HR-V não é oferecido na Índia.
Mas a empresa diz que do mercado indiano, outros países pobres de economia emergente receberão o SUV. Então tudo é possível. (MAO)
O Rei Charles inova no veículo da coroação
A coroação do novo Rei Charles da Inglaterra ocorrerá este fim de semana próximo. Como sempre, o evento causa polvorosa entres os seguidores dessa novela mexicana real em tempo real que é a família real. Certamente só os eventos do último ano já garantem pelo menos mais uma temporada daquela série da Netflix.
Mas enfim, ao assunto desta augusta publicação: automóveis. Na verdade, não bem eles desta vez. Vamos falar um pouco de dois veículos que serão usados por Charles e Camilla, o casal fofinho de septuagenários que será coroado no sábado, vai usar na cerimônia que promete parar Londres, e dar assunto para canais de notícias 24 horas por uma boas semanas. Afinal, quem não cuerte ver herdeiros trilhardários da terceira idade dando tapinhas nas suas próprias costas sob o olhar embasbacado da plebe ignara e inferior?
Mas divago; esses veículos sobre que falamos são na realidade carruagens. Os ingleses coroam Reis faz um bocado de tempo, se você não percebeu, e eles gostam que eles façam o translado nos mesmos veículos, sempre. Charles, porém, que sempre se achou um jovem prafrentex da geração que é uma brasa, mora, resolveu fazer uma mudança!
Explico. Tradicionalmente, a característica mais incrível e absurda de toda a coroação é o Gold State Coach, uma enorme e grotesca carruagem que tem sido usado em todas as coroações desde a década de 1830. Ela remonta a 1760, é folheada a ouro em quase todas as superfícies, mede 8,8 m de comprimento e pesa quase quatro toneladas.
Também é, de acordo com as poucas pessoas que andaram lá dentro, terrivelmente desconfortável. Guilherme IV, que reinou de 1830 a 1837, descreveu viajar dentro da carruagem como estar a bordo de um navio “agitando em um mar agitado”. E o rei George VI, coroado em 1936, disse que foi “um dos passeios mais desconfortáveis que já tive na minha vida”. George mandou colocar uma fita de borracha nas rodas, já que até ali eram sólidas; mas parece que não ajudou muito. Sua filha, a recém-falecida Rainha Elizabeth II, disse que sua jornada de coroação foi “horrível”.
Charles então, sendo um jovem moderno e rebelde, resolveu que só vai voltar da coroação neste ridículo instrumento de ostentação e tortura; na ida usará um veículo diferente. Um carro? Claro que não, nem ele é tão moderno assim, good God, no! Outra carruagem, mas mais moderna, claro.
É o Diamond Jubilee State Coach. Menos ornamentado, mas ainda com cara de coisa antiga. Mas não é. Foi construído na Austrália em 2010 e enviado para o Reino Unido em 2014. Aos 2750 kg, é mais leve e esbelto, e conta com chassi de alumínio, vidros elétricos, suspensão hidráulica e ar-condicionado. Não é muito rápida, porém: são apenas oito cavalos literais de potência afinal de contas.
Que mudança, ein? Revolucionário esse Charles. (MAO)