Olá, pessoal do Flatout! É com muito prazer que me apresento à vocês, me chamo Fábio Freire, mas todo mundo me conhece como Fábio Cadasso. Fiquei feliz em poder contar a minha história aqui e saber que este foi um dos Project Cars mais votados nesta fase de seleção. Então se você curte carros, senta aí e acelera com a gente!
Tudo começou ainda muito cedo, quando eu era criança, aos 10 anos passei a frequentar a garagem do meu tio José Oliveira, naquela época ele tinha uma oficina onde restaurava um Jeep Wilys 51. O meu tio ficava louco pra chegar o sábado pra ficar mexendo no carro, não deu outra eu me apaixonei por Jeeps também.
Já na adolescência via meus amigos todos já dirigindo muito cedo, tipo com 15 anos, infelizmente ou felizmente meu pai nunca me permitiu dirigir antes dos 18 anos. Lembro de um amigo do meu pai que era Coronel do Exército e que gostava de levar os filhos e os amigos para um sítio com muita areia no caminho, até que um dia ele comprou um Jeep 6 cilindros e eu pude andar nele, foi um sonho! Depois aprendi a dirigir escondido dos meus pais. Todos davam uma voltinha quando íamos para o sítio.
Quando tirei a carteira de motorista meu pai me deu um fusca 76 com motor batido. Me deu muito trabalho, só tive duas alegrias com esse carro, foi no dia que eu ganhei e no dia que eu vendi! Pra falar a verdade eu só tinha olhos no Jeep, e de preferência no do Coronel amigo do meu pai (Werther), sabendo disso ele me disse que poderia vender o carro pra mim, eu juntei o que tinha e o Jeep agora era meu.
Era um Jeep 74, seis-cilindros, com caixa de marcha com três marchas para frente e a ré. Fiquei super feliz pois passei a ir para faculdade de Jeep sem capota, era muito legal. Tive muitas histórias com esse Jeep. Engraçado que na época de Monza e outros carros modernos, as mulheres da minha turma sempre preferiam pegar carona no Jeep. Elas gostavam muito de andar no Jeep sem capota.
Passei a equipar o Jeep, acabei não sendo muito feliz nesta etapa pois passei a não acreditar nas oficinas da minha região e percebi que o verdadeiro Jeep Willys só é bom se for original desde o pneu até volante. Tive de vender o carro para comprar outro original e continuei fazendo muitas trilhas. Na fase de trilhas de Jeep ajudei a fundar o Clube do Jeep de São Luís onde fizemos grandes amigos jipeiros.
Passei a fazer trilhas de moto também com a influência do meu cunhado Júnior (famoso Diambinha), era mais barato manter a moto nas trilhas do que o Jeep. Aí fui convidado por ele para participar de Rally de regularidade o famoso CERAPIO que começava em Teresina e terminava em Fortaleza, eram três dias de rali. Foi uma experiência inesquecível para mim! Desde então passei a participar de ralis.
Não era um bom piloto de moto, mas gostava muito de navegar e estudava muito a navegação para poder ganhar os verdadeiros pilotos, e assim acabei vencendo vários de enduros. Mas a vontade de correr de carros era muito forte…
Foi quando surgiu o Primeiro Rally de regularidade para carro a nível nacional o PIOCERA e CERAPIOR em 1996, foi quando eu decidi vender o Jeep Willis para comprar um Suzuki Samurai usado e muito enferrujado, mas com motor e caixa bem conservado.
Montei a equipe e por incrível que pareça eu não pude pilotar pois o meu amigo Junior Gordo não conseguia aprender a navegação e não encontrava ninguém que tinha coragem de participar comigo, a não ser ele que é meu amigo desde os oito anos de idade e hoje chefe de equipe da Cadasso Racing. Apesar de tudo, ele foi comigo e terminamos o rali em terceiro lugar. Com esse resultado comecei a acreditar que poderia correr rali sem gastar tanto o meu dinheiro, foi aí que decidi ir atrás de patrocínio.
Em 1997, surgiu a minha primeira oportunidade de ter um patrocínio, ia acontecer o primeiro rali de regularidade que passaria por três estados, o Rally Pioceram saía de Fortaleza, passava pelo Piauí e terminava em São Luís do Maranhão (minha cidade natal) onde consegui meu primeiro patrocínio oficial. Na época pude comprar uma L200 usada muito conservada a preço de custo para concessionária Intercar Mit. A proposta era eu trocar o Samurai pela L200 1996 fabricação argentina. Fiz o acordo e corri de L200. Ficamos em quinto lugar. Subimos ao pódio novamente. Daí pra frente foram vários ralis e ganhando respeito e patrocínio para outras provas sempre a nível nacional.
Passei a ficar apaixonado por velocidade mas não tinha carro pra isso, lembra quando eu falei que era navegador pois não achava um para correr comigo? Pois achei a categoria de rali perfeito pra mim: Rali de Velocidade Indoor. Seria só eu no carro correndo um circuito de no máximo 1km. Correria contra outro e quem fizesse o menor tempo na volta seria o vencedor. Só que era muito difícil continuar correndo, para competir é preciso gastar muito com o carro, o dinheiro para inscrição e os equipamentos de segurança tipo capacete luvas macacão bota e outros como cinto de quatro pontos gaiola interna etc.
Mesmo assim, eu não desisti e passei a correr no Troller da minha esposa. Durante a semana ela ia trabalhar, deixava os nossos filhos na escola, no final de semana chegava eu pegava o carro para correr o Rally de Velocidade do Maranhão. Tinha de ser rápido e ao mesmo tempo muito técnico e seguro pra não passar do limite e quebrar ou capotar o carro, pois deixaria a minha esposa com o meu carro até eu consertar e devolver o carro a ela! Minha esposa sempre me apoiou, pois acreditava na minha pilotagem e sabia que aquilo era a minha vida. Ela sempre acreditou que eu poderia vencer todos os concorrentes pela minha força de vontade e trabalho para conseguir os patrocinadores.
Foi quando surgiu a oportunidade de não mais correr no meu carro e sim com o carro da concessionária Troller em São Luís, do Grupo Taguatur. A concessionária comprou o Troller preparado para correr o rali de velocidade indoor e me chamou pra ser o piloto deles, pois eu acabara de ser Campeão Maranhense Rally indoor em 2010. Foi então que passei a competir no campeonato Brasileiro de Rally Indoor em 2011.
Ganhei várias etapas até conseguir ser Campeão Brasileiro de Rally Indoor em naquele ano, foi a realização de um sonho receber esse troféu e um um salto pra correr outro Rally, cheguei a ganhar o prêmio de melhor piloto do Maranhão com um Troféu melhor atleta do ano de 2011. Era novamente o início de uma nova fase na minha vida dedicado a carro e competições de Rally.
Sempre correndo atrás de patrocinadores e de concessionárias que pudessem me patrocinar com um carro para as competições a nível nacional, passei a buscar o apoio do governo do estado do Maranhão através da lei do incentivo ao esporte.
Essa lei é para qualquer atleta que tem um currículo de vencedor, que apresente um projeto e que este seja aprovado. Eu consegui esse patrimônio com muito trabalho e persistência!
Foi quando eu conheci um piloto várias vezes campeão Brasileiro de rally, o Edu Piano e ele me aceitou na equipe dele do Rally dos Sertões.
Surgiu a grande oportunidade de correr o Rally dos Sertões em 2012. Estava tudo dando certo pois a largada seria em São Luís-MA (onde moro) e o Governo do estado do Maranhão que patrocinava o Sertões nesse ano, passou também a me patrocinar, apostando as fichas no primeiro piloto maranhense a participar do Rally dos Sertões que fazia parte do campeonato Mundial na época.
Participei de uma categoria nada fácil, incentivado pelo Edu Piano, a categoria Caminhões Leves, depois de vários teste em Tatuí/SP, aprendi a guiar o carro e fui para o meu primeiro Rally dos Sertões em 2012. Na minha estréia consegui um terceiro lugar, fiquei muito feliz, pois sabia o quanto de superação e determinação haviam sido necessários para estar ali. Em 2013 finalmente aconteceu, fui campeão na categoria caminhão leve!
No ano seguinte em 2013 fui convidado para correr na equipe Troller Racing como segundo piloto da equipe na categoria Production T2. Fui chamado não por ser um piloto rápido, mas um piloto técnico que não quebra o carro e que consegue chegar sempre ao pódio. Sou um piloto que não gasta muito dinheiro da equipe, pois sempre lembro da época que eu corria com o carro da minha esposa, aí eu não quebro, não capoto nem bato!
Consegui ficar em terceiro lugar novamente e o meu companheiro de equipe ficou em segundo, foi uma ótima participação da nossa equipe principalmente pra mim pois era o meu segundo rali e o meu companheiro de equipe era o seu décimo segundo. Nesse Rali dos Sertões 2013 quem ganhou nessa categoria foi uma Mitsubishi TR4. Foi aí que eu comecei a admirar esse carro.
Quando fiquei em terceiro em 2013 e vi a TR4 ganhar com uma diferença grande achei o carro muito bom e confiável era tudo que eu precisava de um carro bom de pilotagem, o carro não quebrava e se quebra, o custo é muito baixo. Passei a estudar a oportunidade de correr de TR4.
Em 2014 recebi vários convites para correr em outras equipes, mas não queria mais correr na equipe de terceiros, queria a minha própria, infelizmente nesse ano não tive como conseguir a tempo o patrimônio para correr o sertões. Mas não fiquei parado, me preparei para montar a minha própria equipe de rally para o Sertões 2015 a Cadasso Racing. A primeira coisa a fazer foi escolher o carro e é claro, o carro foi o Mitsubishi TR4R.
Nesta época, passei a acompanhar um piloto Lana que participava do campeonato da Mit Cup na categoria TR4. Ele havia sido campeão nessa categoria em 2014. Estudei o carro e tirei várias dúvidas com ele. Depois de um tempo, consegui comprar o carro para a nossa equipe. O carro foi escolhido por mim pois só eu sabia o que eu precisava em um carro para o Sertões. Apesar de ser um carro feito para correr a Cup ele ainda era um carro bom para o que eu queria. O preço e a forma de pagamento também pesaram muito na época.
E aí a Pajeiro TR4R 2008 passou a fazer parte de uma história minha de muita superação no Sertões. E vitórias também.
A preparação completa do carro e toda a minha participação ficarão para os próximos posts! Até lá veja só o que um pouco do que vou mostrar…
Um abraço a todos que acompanham essa história! Até a próxima!
Por Fábio Cadasso, Project Cars #396