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Um Mustang 1969 com motor central-traseiro de Ford GT: conheça o Mach 40

O Mustang foi o carro que, ao lado do Pontiac GTO, fundamentou o muscle car moderno em 1964 (ainda que alguns insistam em chamá-lo de pony car): bonito, barato e potente. Mais de quarenta anos depois, em 2005, ele repetiu a dose, liderando o retorno dos muscle cars retrô com sua quinta geração e complementando com visual clássico a receita consagrada: V8 na dianteira e tração traseira. Quando a identidade de um modelo é tão forte, não é coisa que se altere facilmente. Talvez por isso este Mustang 1969 com motor central-traseiro nos impressione tanto.

Quer dizer, não é só isso: olhe para ele! Com exceção de alguns detalhes estéticos e das proporções que, a nossos olhos tão acostumados com o perfil clássico do Mustang, nos parecem um tanto erradas, é um carro bem chamativo. Atraente, até. Ainda mais quando ficamos sabendo que o motor atrás dos bancos não é qualquer um, mas o V8 de 5,4 litros supercharged do Ford GT. Não dá para errar com isso, dá?

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Seu nome é Mach 40, em uma referência óbvia ao Ford GT40, o lendário protótipo anglo-americano que interrompeu a sequência de vitórias da Ferrari triunfando por quatro anos seguidos, de 1966 a 1969, nas 24 Horas de Le Mans. Mas o carro começou a vida como um Mustang Mach 1 1969 que seu criador, o engenheiro aposentado Terry Lipscomb, comprou no site de classificados Craigslist em 2009.

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Lipscomb arrematou o carro pensando nas maldades que poderia aprontar com o fastback e, depois de uma conversa com Dave Eckert, dono da oficina de customização Eckert’s Rod & Custom, no estado do Oregon, viu-se diante de um projeto bem ambicioso. Enquanto pensava em componentes de alumínio na carroceria e engine swaps, Eckert sugeriu um Mustang de motor central-traseiro. Se Eckert ele foi inspirado pelo primeiro de todos os Mustang, que era um roadster de dois lugares com um motor V4 atrás dos bancos, ou simplesmente gostava da ideia, não se sabe. O que importa é que Lipscomb embarcou nessa.

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No fim das contas, o Mustang Mach 1 1969 foi doador daquilo que dá a este carro metade do seu nome e o visual de um Mustang: para-brisa, teto, para-lamas dianteiros, faróis e lanternas, portas e maçanetas e… não muito mais do que isto. Todo o resto foi construído de maneira artesanal pela equipe de Eckert, que orientou-se por dezenas de renderizações idealizadas por Lipscomb e executadas pelo designer Mike Miernik, que também ajudou a detalhar especificações como a ergonomia, a distribuição de massas e as dimensões gerais do carro.

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A transformação do Mustang, um clássico muscle car com V8 na dianteira e tração traseira e algo mais próximo de um supercarro demandaria muitas modificações na estrutura, especialmente porque Lipscomb idealizava algo mais próximo de um supercarro baseado no Mustang, se tal coisa tivesse sido feita na década de 60. Por isso, foi decidido que uma nova estrutura seria feita do zero.

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Optando pela simplicidade, a equipe de Eckert criou sob medida um chassi separado da carroceria, não muito diferente da antiga plataforma Panther que, até 2011, foi a base do Ford Crown Victoria. Não é o modo de construção mais moderno — eles poderiam ter ido até mesmo com um chassi tubular —, mas nos parece adequado a um carro inspirado nos fim dos anos 60.

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O chassi recebeu um sistema de suspensão que usa boa parte dos componentes do Corvette C6 na dianteira e na traseira — incluindo o subchassi e o sistema de direção na frente e braços inferiores e superiores atrás, com molas, amortecedores ajustáveis e subchassi traseiro feitos e acertados sob medida.

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Os freios trazem discos de 14 polegadas da Baer e pinças de seis pistões nas quatro rodas — estas, peças em alumínio billet de 18×10” e 19×11” (frente e traseira, respectivamente), projetadas por Miernik e inspiradas pelas rodas originais do Mach 1 1969. Os pneus são Michelin Pilot Super Sport, de medidas 275/35 na dianteira e 325/30 na traseira.

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O interior aproveita as formas gerais do Mustang, porém o painel foi feito do zero usando fibra de vidro e revestido com couro de primeira qualidade, bem como os revestimentos de porta e os bancos, que aproveitam a estrutura dos originais. Os instrumentos são da New Vintage e o som, da Pioneer. A qualidade de construção é boa, mas o estilo parece um tanto “inacabado”, e fica claro que o interior não foi desenhado por uma grande fabricante. Contudo, quem já viu o carro de perto — como quando o carro foi exposto no SEMA Show, em 2013.

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No mais, o que se tem é um carro com a cara do Ford Mustang e proporções de supercarro, exatamente como Lipscomb imaginou, além de um belo conjunto mecânico. O V8 supercharged queveio de um Ford GT 2006 batido e desloca 5,4 litros recebeu um novo compressor mecânico e um novo sistema de gerenciamento da Motec. A transmissão continua sendo o transeixo Ford/Ricardo, manual de seis marchas. Não há mais detalhes da preparação, mas foi o bastante para que a potência aumentasse de 558 cv para cerca de 730 cv. Se um Ford GT original era capaz de chegar aos 100 km/h em 3,7 segundos, imagine o que o Mach 40 faz com quase 200 cv a mais!

Fora alguns detalhes estéticos, como as saídas de ar na face traseira e as rodas (um desenho mais tradicional cairia bem), a gente curtiu o resultado — nos faz pensar no que aconteceria se a Ford realmente tivesse pensado em fazer um supercarro com a cara do Mustang. Além disso, foi um belo destino para o conjunto mecânico do falecido Ford GT, ainda que seja doloroso saber que um dos pouco mais de 4.000 exemplares que existem no mundo perdeu sua “vida”. Contudo, há quem prefira algo mais tradicional…

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… e, a estes, apresentamos o Mustang Mach 1970 de Bobby Johnson, que foi fotografado pelos caras do Engine Swap Depot no último fim de semana, durante o encontro HOT ROD Power Tour no Alabama.

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Como o Mach 40, este belo garanhão recebeu o V8 Modular de 5,4 litros supercharged de um GT40 e, ainda que não existam detalhes públicos a respeito da preparação, sabemos que Johnson construiu um chassi sob medida para que a carroceria precisasse apenas de modificações mínimas — no caso, as rodas traseiras foram movidas 7,6 cm para trás.

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Ambos os carros têm seus méritos, mas queremos saber: de qual deles você gostou mais?