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Audi, com problemas, planeja novos esportivos
Há muito acontecendo na casa dos quatro anéis, a Audi. Primeiro, há uma crise financeira na empresa: a Audi diz que as condições econômicas estão se tornando “cada vez mais difíceis”, enquanto também são forçadas a lidar com “incertezas políticas” e nova concorrência. E tudo isso está sendo complicado pela transição mais lenta do que o esperado para veículos elétricos, onde a marca tinha colocado todas suas fichas.
Como resultado disso tudo, a Audi está planejando uma “redução socialmente responsável” de até 7.500 empregos até 2029. É um bocado de gente ficando desempregada, o que sempre nos deixa tristes. Além de eliminar funcionários, a Audi diz que vai reduzir a burocracia e colocar um foco renovado em seu portfólio de produtos, que parece não estar indo muito bem no mercado.
Como parece ser o caso de uma forma generalizada, a marca está também revendo seus planos futuros a respeito de eletrificação. Como sabemos, os planos da marca eram ambiciosos aqui: em 2021, anunciou que ia se tornar puramente elétrica até 2032, prometendo lançar seu último carro com motor de combustão em 2026.
Agora, o CEO da empresa, Gernot Döllner, declarou: “Com a transformação atrasada para a mobilidade elétrica, temos que avaliar essas datas e prazos.” Diz também que vai olhar com carinho de novo para a combustão interna, pois a linha totalmente elétrica “vai demorar mais do que planejamos originalmente”.
O problema, porém, não parece ser só a demora da adoção dos elétricos pelo público, embora obviamente seja um fator importante: parece existir problema de produto também. As vendas de veículos elétricos da Audi caiu 19,5%, para 158.343 unidades em 2024. Mas a BMW teve um crescimento na venda de elétricos, no mesmo período, de 11,6%, para 368.475 unidades. Na verdade, a BMW vendeu mais elétricos que a Mercedes e a Audi juntas.
Então a Audi vai mexer em sua linha de produtos também. Além de novos carros com motor de combustão interna, chamará atenção com produtos de nicho que havia abandonado. A Autocar anunciou recentemente que a empresa fará um novo R8 baseado de novo num Lamborghini, desta vez o Temerario. Hoje, publicou uma matéria onde diz que o TT pode também voltar; e inspirado no seminal primeiro carro de 1998.
O CEO Gernot Döllner sugeriu que um novo TT poderia fazer parte de uma ampla reformulação da linha de produtos e posicionamento da empresa. Parece ser um projeto particular do novo chefe de design da Audi, Massimo Frascella, que chegou a Ingolstadt no ano passado após uma longa carreira na JLR. O italiano, aparentemente, é grande fã do TT original.

A publicação inglesa também diz que a Audi aposentará o A1 e o Q2 no ano que vem e lançará um novo carro elétrico barato para substituir indiretamente esses seus dois modelos mais baratos hoje. Este novo elétrico mais barato está definido para servir efetivamente como uma alternativa elétrica ao Audi A3 hatchback e ao Audi Q3, e será o menor carro elétrico da Audi.

Com eletrificação atrasada, concorrência chinesa e alemã tomando seu mercado, e problemas de custos altos de produção, o futuro não parece de forma alguma garantido para a famosa marca alemã. Na verdade, mesmo a VW não tem certeza, hoje, de seu futuro. Mas mover-se adiante cortando custos, mas desenvolvendo novos produtos interessantes, como parece ser o caso, é sempre uma boa aposta. A situação pede ação. (MAO)
BYD anuncia recarga em 5 minutos
Quando elétricos modernos começaram a aparecer e o pessoal se dizia preocupado com a sua autonomia, secretamente ria comigo mesmo. Pouco tempo atrás, tinha um cupê Opala 1974 preto, com motor meio fortinho, preparado, com o qual viajava regularmente de minha casa em Araras, SP, para a capital, uma viagem de aproximadamente 180 km. Com o tanque original de 45 litros de gasolina, não conseguia nem chegar a São Paulo sem abastecer… andando devagar, fazia 150 km por tanque.

Na verdade, o problema dos elétricos NUNCA foi autonomia, e sim o fato de que o meu Opala, como todo carro a gasolina desde tempos imemoriais, reabastecia em 5 minutos. Os elétricos modernos melhoraram tempo de recarga, mas só incrementalmente. Agora, a BYD anuncia que vai mudar a situação. Sim, isso mesmo: os veículos elétricos construídos em torno de sua nova plataforma Super E-Platform são capazes de “abastecer” tão rapidamente quanto você abastece seu veículo a gasolina.
É na verdade infraestrutura também. Lançada esta semana na China, a nova arquitetura inclui novos carregadores, que usam tecnologia de 1.000 volts para fornecer um pico de 1.000 kW. Isso permite adicionar-se 400 km de autonomia às baterias, em apenas 5 minutos, segundo a BYD.
No Ocidente, a maioria dos EVs ainda depende da tecnologia de 400 volts e não consegue lidar com mais de 200 kW de energia. Os poucos que podem, como carros usando a plataforma E-GMP da Hyundai-Kia, têm 800 volts e conseguem usar carregadores de 350 kW, embora nunca consumam tantos watts.
O anúncio foi feito durante um evento de transmissão ao vivo realizado na sede da BYD em Shenzen, quando o fundador Wang Chuanfu se comprometeu com o lançamento de mais de 4.000 unidades de carregamento de megawatts em toda a China, sem dar nenhum tipo de prazo. Instalar carregadores de 1 MW é muito mais complicado do que adicionar uma unidade de 50 kW e custa muito mais dinheiro devido às atualizações de infraestrutura necessárias. Possível, mas fácil não é.
Os carros que usam estes carregadores e tecnologia também foram lançados ao mesmo tempo: chamam-se Han L e Tang L. Ambos oferecem motor traseiro produzindo 680 cv por menos de US$ 40 mil (R$ 227.000), na China, e opcionalmente dois motores e tração total, com 1101 cv. A China, às vezes, parece outro planeta. (MAO)
Gasolina com 30% de álcool aprovada pelo IMT
Lá vamos nós de novo: o governo federal anunciou nesta semana suas intenções de adicionar ainda mais etanol à mistura de gasolina presente nas bombas de combustíveis em todos os postos do Brasil. O número, agora, será 30%, e a medida dá mais um passo rumo a implementação, com a finalização de estudos técnicos.
A medida visa, segundo o governo, reduzir os custos dos combustíveis e tornar o país mais independente da importação de combustível. O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) é o órgão contratado para validar tecnologicamente a mudança, e, sem surpresa alguma, aprovou a medida.
A contratação do instituto é necessária visto que a legislação brasileira permite até 35% de etanol na gasolina, mas desde que haja estudos de viabilidade técnica aprovando o negócio. O etanol é considerado combustível ”verde”, embora existam controvérsias neste assunto, como sempre neste tipo de coisa.
Aprovada a viabilidade técnica agora, o projeto entra em fase de avaliação, sendo levado para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda neste ano. Fica a sempre presente dúvida de se realmente não existirão problemas com os carros não-flex. Aparentemente, segundo o IMT e o governo, não é problema que impeça sua adoção. (MAO)
Cummins faz motor a gasolina
Clessie Cummins é um dos maiores pioneiros na criação de motores diesel. Quando os motores de ignição por compressão eram apenas uma curiosidade muito pesada e estranha para ser levada a sério, Cummins fazia de tudo para popularizá-los; inclusive, montá-los em carros de passeio, inimaginável então.

As vendas de motores a diesel para fazendeiros por meio do catálogo da Sears-Roebuck não estavam gerando lucros significativos, então Clessie Cummins comprou uma limusine Packard e instalou um de seus melhores motores nela, e dirigiu de sua casa em Columbus, Indiana, até o Salão do Automóvel de 1929 em Nova Iorque, uma viagem de 1300 km, gastando apenas US$ 1,39 (equivalente a aproximadamente US$ 26 hoje, ou R$ 147,45) em óleo diesel. Clessie Cummins acreditava que o futuro de todo automóvel era diesel, e lutou a vida toda por isso.

Mais recentemente, a Cummins ficou famosa por seus diesel montados em picapes Ram, que hoje tem imenso suporte de preparação e aftermarket. E em toda sua história, todos os motores Cummins foram, obviamente, exclusivamente movidos à óleo diesel. Especialistas existem por um motivo, né?
Pois bem, esta semana a empresa mostrou um novo motor, mais um derivado da super-parruda família B, o motor de seis cilindros em linha OHV de 4 válvulas por cilindro famoso nas Ram. Este novo motor da família, chamado de B6.7 Octane, é movido a gasolina, e onde antes havia um injetor direto de diesel no cabeçote, agora há uma vela de ignição.
Não há mais nada sagrado, parece. O novo motor desloca 6,7 litros, continua turbocomprimido, e é destinado é aplicações comerciais, em caminhões e picapes grandes. Fornece 300 cv e, mais importante aqui, 91,3 mkgf. Versões de menor potência na faixa de 200 cv e 83 mkgf de torque também estão disponíveis. Dados preliminares mostram que o torque máximo não é em rotações tão baixas quanto B6.7 a diesel, mas ainda assim, chega cedo pacas: em torno de 1.600 a 1.800 rpm.
Por que carga d’água a Cummins faria um motor a gasolina? Legislação, claro. Com medo de ser pega de calças curtas com uma eventual proibição dos diesel via legislação de emissão, a empresa resolveu ir para este caminho. Um parrudíssimo e enorme bloco de Cummins B, porém, não parece um bom começo para isso: a estrutura toda do motor deveria ser criada para gasolina, com exigências diferentes. Provavelmente, é apenas uma tentativa de se monitorar a aceitação de algo assim.
A Cummins afirma que o novo motor funciona com gasolina de 87 octanas, proporcionando desempenho e confiabilidade semelhantes aos do diesel sem a complexidade adicional dos sistemas DEF para atender às regulamentações de emissão. Nessa frente, o motor é compatível com CARB e EPA para 2027, embora, dada a recente “maior ação desregulatória” da EPA, essas diretrizes possam mudar de qualquer maneira. Os números específicos de economia de combustível não são mencionados, mas a Cummins afirma que o B6.7 Octane é 10% melhor em comparação com motores a gasolina comparáveis. O que me faz perguntar: que motor a gasolina é comparável? (MAO)
Um Ford GT40 Roadster à venda
Para acabar este zero a 300 quase sem carros de hoje, um carro. Uma incrível e sensacional raridade, raro mesmo entre os raros Ford GT40 que conquistaram Le Mans nos anos 1960: um Ford GT40 Roadster. Sim, a versão aberta do GT40 original.
É uma das atrações principais do leilão da Mecum Auctions em Indianapolis, nos EUA, em maio. É um Ford GT40 Roadster 1965, um dos apenas 12 protótipos GT construídos pela Ford entre janeiro de 1964 e abril de 1965, e um de cinco roadsters. Para completar, este é o único GT40 Roadster a competir nas famosas 24 Horas de Le Mans, quase certamente consolidando seu lugar como um dos Fords mais valiosos que existem.
E sim: certamente Ken Miles e Carrol Shelby colocaram suas hoje famosas busanfas no assento deste carro. Número de série GT/109, este GT40 foi entregue à Shelby em março de 1965 para preparação final antes da grande corrida. A equipe da Shelby fez várias atualizações importantes para deixá-lo pronto para Le Mans, incluindo nova pintura azul e branca. Foi um dos cinco Ford GTs a correr em Le Mans em 1965, equipado com um V8 de “289” de 4,7 litros e especificação do Cobra e uma transmissão manual ZF de cinco marchas.
Os franceses Maurice Trintignant e Guy Ligier pilotaram o carro em Le Mans, mas o câmbio quebrou já na 11ª volta. O carro voltou para a Califórnia, e reapareceu depois na propriedade do famoso customizador Dean Jeffries. O fundador da Mecum Auctions, Dana Mecum, comprou o carro do filho de Jeffries em 2013 e o restaurou para seu formato original.
Não é primeira vez que o carro aparece a venda; Dana Mecum tentou vende-lo duas vezes, sem sucesso. O único outro GT40 Roadster sobrevivente, o GT/108, foi vendido no leilão Monterey da RM Sotheby’s em 2019 por US$ 7,65 milhões. Vamos ver se o GT/109 vende desta vez.
Caro, sim, mas um carro absurdamente interessante, não só por sua história, e sua ligação com tanta gente famosa, e seu histórico em Le Mans. Um GT40 ainda é um carro absurdamente veloz em 2025, e um que provém uma interação e emoção inigualável em um carro moderno. E uma chance de experimentar o que fez Ken Miles famoso, direto da cadeira dele, como se 60 anos não tivessem passado, e ainda fosse 1965. Como diria o filósofo Bueller: Se você tiver os meios, altamente recomendado. (MAO)