Olá pessoal, continuo a contar aqui a saga do meu Subaru Impreza 1994 que lhes apresentei no primeiro post deste Project Cars. Neste post vou abordar um pouco das manutenções que fiz nele, e de mais surpresas desagradáveis que surgiram ao longo da caminhada.
Como havia comentado, peguei este carro em uma troca já sabendo que teria muita coisa para fazer, até porque o projeto do antigo dono ainda estava em andamento. Tanto a mecânica quanto o interior estavam muito aquém do que eu imaginava. Mas apesar disso, o visual exterior era um grande conforto aos olhos.
O carro chegou aqui em São Paulo em uma sexta-feira, véspera do Subaru Fest de 2013. O vídeo abaixo mostra exatamente como o carro estava quando chegou e, a parte mais engraçada, como ele soava:
Com essa barulheira longe de ser algo agradável, mistura de ar-combustível extremamente gorda e embreagem patinando, essa saidinha não poderia ser diferente. #Fail.
Na semana seguinte levei o carro em um mecânico especializado em Subaru e que já tinha uma experiência com carros da marca com turbo não original de fábrica. Saí de lá novamente com uma lista enorme, e claro, isso contemplava algumas coisas óbvias como, por exemplo, a embreagem que estava nas últimas e a subida do escape para a turbina que estava furada.
Fora isso, decidimos instalar um novo radiador, velas, cabos de velas e discos de freios. Os amortecedores dianteiros estavam estourados e as molas estavam cortadas, o que deixava o carro mais baixo do que a minha paciência permitia.
Nessa ocasião ele me explicou (mesmo que sem muito sucesso por conta da minha limitação com mecânica, acerto e afins) um pouco da situação do carro e o que precisava ser feito nele. Quando o carro foi “turbinado” as válvulas injetoras originais da Subaru haviam sido substituídas por válvulas de Volkswagen retrabalhadas, a bomba original por uma de GTI de maior capacidade e também foi adicionado um dosador de combustível HPI.
Esse conjunto até permitia que o carro fosse acertado o bastante para andar melhor do que antes, mas nada espetacular. Além de bicos e bombas melhores, só a instalação de uma injeção programável deixaria o carro confiável.
Sem muita opção a curto prazo, finalizei os reparos, instalei ainda uma embreagem Exedy do Impreza STI e decidi postergar qualquer outra melhoria mecânica, principalmente porque realizar um passo maior necessitaria muito dinheiro. Os bicos de Gol Mi retrabalhados permaneceriam lá até que fosse definido algo em relação à troca da injeção.
Por hora, o objetivo era dar uma aprimorada no visual, trazendo mais originalidade para o carro e tentar extrair algumas doses de adrenalina com o conjunto.
Neste vídeo ainda estava com a embreagem antiga, dando seus últimos suspiros.
Alterações Visuais
Nesse meio tempo resolvi arregaçar meu cartão de crédito com as compras no eBay. Como ocorre com boa parte dos importados, o site oferece uma infinidade de peças. Comecei comprando um jogo de faróis e lanternas originais da versão STI.
Essa era uma das minhas primeiras experiências solo com o carro, e mesmo de relativa facilidade demorei algumas horas para deixar tudo alinhado e sem Tire Ups.
O resultado do “des-tuning” era animador. Nessas fotos é possível ver também um pouco do estrago que as molas baixas e minha perícia no volante haviam causado no para-choque dianteiro, abaixo próximo aos milhas.
O próximo item da lista de desejos era a troca das rodas. O carro veio com as originais aro 14 do modelo GL, e o acabei escolhendo as rodas da versão GT aro 15, na cor dourada.
O triste(ou não) fim de um EJ18
Depois de tudo acertado, escape remendado, embreagem nova, entre outros, era claro que eu iria tentar aproveitar todo potencial do carro.
Depois de alguns meses rodando por aí, viagens e centenas de esticadas de farol, o cansado motor com 250.000 km começou a apresentar sintomas de que algo ia dar errado, sendo o mais notável deles, uma fumaça branca que saía do escapamento em rotações mais elevadas.
Em um primeiro momento trabalhamos com a hipótese de ser algum problema com a turbina. Substituí a turbina TD04 por uma em bom estado, e logo depois foi instalada uma nova bomba de óleo no motor. Mesmo assim o problema persistiu, e só depois de vários dias na oficina que foi diagnosticado que a pressão de óleo do motor estava muito baixa.
Sem conhecimentos avançados de mecânica, à mercê de diagnóstico alheio e tendo gasto muito dinheiro com “outras coisas” tentando resolver o problema, recebi a notícia de que seria necessário abrir o motor. Mal sabia eu que esse fato, alguns meses depois, iria elevar o projeto para níveis não esperados.
Com uma espectativa de custos entre R$ 4.000 e R$ 7.000, dependendo do estrago, ficava difícil apostar na ideia de abrir e reparar o motor EJ18 original do GL e ainda assim ter que investir por volta de R$ 5.000 para instalar uma injeção programável. Sem contar que os recursos do EJ18, por se tratar de uma versão aspirada, SOHC e mais simples entre os motores da série EJ, acabaria não correspondendo com os demais investimentos que seriam necessários a partir de então.
Fora isso, ainda faltariam investimentos em freios, suspensão e até em um câmbio melhor. A partir desse momento, um swap completo de uma versão WRX ou STI começava a ficar viável perto do que gastaria investindo no conjunto que eu já tinha.
O swap
Passados alguns meses desde que o carro abriu o bico, eu já havia pesquisado um pouco de tudo sobre as possibilidades. Desde de soluções hardcore, como importar as peças de um WRX STI japonês ou, no sentido oposto, simplesmente arrumar o meu motor e tirar a turbina, partir pra algo mais low-profile.
Por ter passado muito tempo sem resolver nada (também por questões financeiras), a situação toda e abstinência do carro já estavam me torturando. Cheguei a anunciar o carro, e quase o vendi em partes.
Cheguei a um ponto que não dava mais pra empurrar o problema com a barriga, e em um final de semana de agosto de 2014, coloquei como meta resolver o que faria até definitivamente com carro até a próxima segunda-feira.
Quando estava prestes a aplicar o plano B (de tirar a turbina, e acabar com a farra), eis que tive um estalo: Vendo um daqueles costumeiros vídeos do Colin McRae “avoando” com os Imprezas, eu me dei conta que o que eu tanto queria já estava na minha garagem. Só precisava faze-lo VOAR!
“siga seus sonhos, jovein” – Eu, para mim mesmo
Decidi enfim investir na bagaça, e ceder à alguns excessos que até então evitara. Lembrei de um WRX 2003 batido de um conhecido que estava à venda, e decidi que ia tentar barganhar algo, seja o que fosse, a fim de resolver o problema do meu carro definitivamente.
Depois de alguns minutos de negociação, e condições que foram oferecidas, acabei conseguindo concretizar a compra.
O próximo capítulo
Como era de se esperar, o swap não foi nada fácil. O trabalho não consistia apenas de substituir um motor pelo outro, mas também toda a parte elétrica, transmissão, suspensão, interior e injeção eletrônica do WRX.
Para iniciar a desmontagem do GC, contei com o apoio do amigo Ricardo Freitas, da ACF Performance, para que o carro pudesse ser levado ao funileiro para uma repintura do cofre.
O WRX doador do swap foi enviado para o André Lira, da oficina RacingBox, que ficou responsável pelo processo de swap. Um trabalho extremamente artesanal e, diferente do que imaginávamos, muito menos Plug & Play.
Por hoje é só. Abaixo um teaser de algumas coisas que estarão na próxima parte.
Um abraço!
Por Leonardo Baggio, Project Cars #196