Olá! Tudo bem? Primeiramente, é uma honra poder mostrar um pouco da minha saga aqui no FlatOut! Meu nome é Gabriel Tavares, trabalho na área de preparação/manutenção de motores e vou contar um pouco sobre o projeto do meu VW Gol G5 1.6 aspirado.
Começando pelo começo
É difícil dizer quando começou a minha paixão por carros propriamente dita. Desde pequeno sempre brincava com algum carrinho de controle remoto, autorama ou qualquer outra coisa que tivesse rodas, mas foi em dezembro de 2000 que fiquei realmente fascinado. Na época existia uma exposição a céu aberto de carros antigos aqui em Brasília/DF, e para não fugirmos do costume, fomos eu e meu pai até lá. Lembro que entre os Mavericks, Gordinis e Fuscas um certo Gol “bola” me encantou. Foi a primeira vez que eu vi um carro turbo de perto, e a curiosidade para entender como uma turbina podia fazer aquilo tudo com um motor foi o que me impulsionou por querer saber mais sobre aquilo.
Já em meados de 2007 um primo meu montou um Kadett turbo. Usando cabeçote 16V e uma .70, chegou a render na casa dos 300cv no motor. Numa época onde se usava pressostato de geladeira para driblar injeção (wtf?! hahaha), o carro era um canhão! Andar naquilo foi literalmente o empurrão que faltava para eu entrar de vez no universo da preparação, e depois disso nunca mais quis sair.
O primeiro carro
Meu primeiro carro foi um Palio Fire 1.4 Flex que ganhei do meu pai. Não era o carro mais bonito e muito menos o mais forte, mas deixou certas saudades. Nessa época eu tinha meus 18 anos e estava cheio de ideias pra ele. Juntando uma ou outra grana, acabei comprando um filtro cônico e mandei refazer a admissão em aço carbono. Como o carro era preto, pintei ela da mesma cor, o que acabou dando um visual até legal no cofre do motor.
Nessa mesma época comprei um reservatório para o respiro de óleo, e após essas duas “grandes” modificações, o Palio… Bem, continuou sendo um Palio. Como nem tudo na vida é perfeito, acabei vendendo ele uns 2 meses depois por conta de uma batida, onde um taxista saiu de uma rua na contramão e me acertou de frente. Cheguei até a arrumar ele, mas nunca mais foi o mesmo carro. R.I.P.
O Gol G5
A história do Gol começa finalmente no início de 2011, quando meu pai resolveu comprar um carro para usar no dia a dia. Como desde o início havia gostado do carro, insisti um monte para ficar com ele, até que seis meses depois consegui arrematá-lo já com 5.200km rodados.
O Gol assim que o comprei
Minha primeira modificação nele foi a instalação de molas esportivas da Aliperti. Nunca foram as melhores molas do mundo, mas o custo x benefício era ótimo. A estética para mim estava razoável, mas ainda achava que faltava um pouco de motor. Pouco tempo depois, acabei decidindo por fazer uma preparação aspirada bem básica – leia-se 13,1:1 de taxa, bicos de Astra flex e etanol no tanque. Não era o carro mais forte de Brasília, claro, mas era mais divertido que antes.
Andei com essa configuração por dois anos e meio. Com exceção de uma junta da bomba de óleo que resolveu deixar vazar óleo, nunca tive nenhum tipo de dor de cabeça.
O carro era bom, não me dava problemas, mas eu sentia que poderia melhorar o conjunto como um todo. Foi então que em março de 2014, já cansado de tanto arranhão e batida de porta em estacionamento, resolvi pintar o carro por completo. Talvez nem fosse preciso pintar tudo, mas achei melhor para não haver nenhuma distorção das cores. Depois de quase 60 dias de tortura a novela da pintura teve fim, mas foi a partir dali que decidi deixar o carro apenas para “brincar”.
Nessa mesma época entrei para o clube do Gol G5, onde acabei fazendo inúmeros amigos por lá.
O projeto
Eu sempre gostei de carros diferentes, com algo a mais além das velhas receitas já consagradas, e com o Gol não poderia ser diferente. Apesar de existirem vários turbos montados sobre o bloco EA111, onde alguns já beiram os 400cv, é bem difícil ver esses motores com preparação aspirada. Usando quatro borboletas, injeção sequencial e bomba de óleo externa então… Nesse sentido, o objetivo do projeto é relativamente “simples”: fazer um carro com mecânica 1.6 8v para alguns passeios nos finais de semana extraindo o máximo possível para uma preparação aspirada.
Colocando em termos mais técnicos, parti do seguinte rascunho:
- Bloco 1.6 STD;
- Pistões e Bielas Forjados;
- Virabrequim Aliviado;
- Cabeçote Retrabalhado;
- Sistema de Lubrificação com Cárter Seco e Bomba Externa;
- 4 Corpos de Borboletas;
- Escape Dimensionado em Inox; e
- Injeção/Ignição Sequenciais.
Nossa, mas uma mecânica dessas para andar na rua?
Sim. Primeiro porque eu nunca fui fã de carros voltados exclusivamente para track days – não ao ponto de montar um. Como sempre acompanhei mais de perto o cenário da arrancada nacional, seria até mais lógico fazer o carro para esse propósito, porém o fato de ter que seguir um regulamento rígido me desanimava um pouco. Nesse vai e não vai, um carro pra rua com uma mecânica bem desenvolvida foi a melhor solução que encontrei.
Com o projeto em mente, parti para a desmontagem completa do carro, incluindo toda a parte de powertrain e acabamentos internos, mas isso já fica para o próximo post.
Até mais!
Por Gabriel Tavares, Project Cars #210