Olá, senhores! Me chamo Carlos, tenho 33 anos e sou um petrolhead incorrigível como todos vocês. Aqui no FlatOut atendo pelo expediente “carlosvr6”, mas meus amigos aficionados do tempo de fóruns me conhecem por outro apelido: “quarteto”, ou “teteto”. A partir de hoje, vou contar em uma pequena série de posts minha viagem de quase 1.000 km de carro pelos destinos entusiastas da Alemanha — os museus dos fabricantes, os templos do automobilismo — e também a ida às duas principais Oktoberfest do país.
Feita a apresentação, tenho que dizer: gosto de quase tudo que beba suco de dinossauro e transforme isso em movimento e barulho, de motocicletas a aviões, e sempre foi assim, desde pivete. À medida que o tempo foi passando, vim devorando livros, periódicos e tudo que encontrava relacionado ao tema e o esporte a motor. Frequentava fóruns e invariavelmente a conversa e a leitura ia para a Alemanha, tanto pelas estradas sem limite de velocidade, quanto pelos fabricantes nascidos lá e também por conta de um certo autódromo que atingiu status de mito.
Sabendo que, nesse caso, meus heróis existem e estão alcançáveis, porquê não visitá-los. Mas como, cara pálida?
Simples! Trabalhando muito e juntando dinheiro para comprar passagens, reservar hotéis e alugar os carros. O roteiro eu já tinha, afinal o sonho vem há décadas me acompanhando.
A trilha sonora da aventura
Aposto que a essa altura você já está pensando: “Tá bom, teteto… mas isso aqui não é um site de viagens! O que a gente tem a ver com isso?”. Tá bem… tá bem… vou chegar lá!
Creio que como todos aqui, eu gosto muito de guiar em estrada. Gosto tanto que procuro incluí-la em minhas viagens. Desde 2011 creio que somente uma única vez não aluguei um carro e caí na estrada para conhecer lugares diferentes e passar por paisagens, que é impossível ver de avião ou numa excursão.
Para essa viagem não seria diferente, ainda mais considerando que a estrada em si é uma atração à parte. Quem aqui nunca ouviu falar e desejou dirigir em uma “autobahn”, sem limites de velocidade, asfalto tapete, sinalização impecável e com pessoas que aprenderam a dirigir naquele ambiente? Comigo também não é diferente, então vamos lá.
O roteiro
Acabei baseando minha viagem em dois pontos chave: carro e cerveja! Portanto, a viagem terá a Oktoberfest em Munique e Berlin. Mas a parte “carro” vai ser bem mais intensa.
A viagem começa em Frankfurt, onde visitei o Salão do Automóvel. Após sair de Frankfurt, são 162 km a oeste rumo à um certo vilarejo, chamado Nürburg. Passarei uma noite lá, e a idéia é aproveitar que o traçado GP estará aberto durante minha estada e fazer duas sessões de trackday. Cada sessão dura 15 minutos e o valor é o mesmo do tíquete de uma volta no anel norte.
Antes que vocês me perguntem, obviamente não esqueci dele e pegarei um pacote de quatro voltas. Para isso alugarei dois carros lá: BMW 135i manual para o traçado GP e Toyota GT 86 para o anel norte. A primeira volta é sempre dada levando um instrutor de carona, que, no caso, é um cara que atende pelo expediente de “Boosted Boris”. Tenho uma ligeira impressão que essas sessões serão bem animadas!
Saindo de Nurbur (o que eu estimo que acontecerá pela noite), precisarei vencer 322 km sudeste para dormir em uma humilde cidade alemã cuja região metropolitana é sede de somente três empresas: Robert Bosch GmbH, Dr. Ing. h.c. F. Porsche AG e Daimler AG. Nessa cidade só me interessam uma rua e uma praça: Mercedes Strasse e Porscheplatz.
Mas além desses pontos turísticos, algo igualmente interessante vai acontecer. Vou trocar o carro econômico alugado em Frankfurt por um carro nacional mais adequado para as estradas da região. Segundo a atendente da locadora (já reservei e paguei esse aluguel antes da disparada do dólar e do euro), será uma Mercedes Benz CLS SW 350D. Sim, é à Diesel; sim, tem bastante potência; sim, quero ver se ele tem o limitador de 250 km/h; sim, save the wagons!
Com esse “cruzador imperial” a meta é chegar em Munique (215 km aprox.). Como ficarei o dia inteiro com o carro, aproveitarei para conhecer o Castelo de Neuschwanstein, a 128 km de Munique. Além de ser um dos castelos mais famosos do mundo, é um ótimo pretexto para queimar mais um bocado de diesel! Estou inclusive considerando tomar rotas alternativas na volta, dependendo da hora que acabar o passeio.
Vai ser legal conhecer essa parte da Alemanha, parte da “Rota Romântica” local (abaixo). Mas Carlos, você não vai sozinho? Sim, e daí? Essas rotas costumam ter paisagens deslumbrantes, vale a pena mesmo sozinho! E quem sabe eu não convenço uma alemoa a ir comigo nessa?
No total serão mais ou menos 983 km a serem vencidos em quatro dias. Nesse interim visitei o salão internacional do automóvel em Frankfurt, irei ao inferno com um russo (e espero sair vivo dessa), visitarei uma rua e uma praça, depois mais um museu e queimarei muita gasolina, diesel e pneus!
“Mas tetetoVR6, você é doido, cara? A economia tá fo#$%$@#, o euro tá indo pra lua num foguete, e você vai fazer isso?”
Uma viagem dessa precisa de tempo para planejar, e, principalmente, para juntar a grana. Eu vinha planejando a viagem desde o ano passado, e acabei pegando várias promoções, fora que estou já com toda a moeda que irei precisar.
No fim das contas, vou gastar muito dinheiro, mas, qual o preço de um sonho?