Olá, pessoal do FlatOut!! Prazer imenso poder dividir com vocês minha história. Meu nome é Guilherme Altomar e possuo um Dodge Dart 1973 — o qual tive a felicidade de comprar em 1995 por intermédio de um grande amigo já falecido, Leonardo Boechat Barros, médico e também um apaixonado pelos Dodges. Antes de nos deixar, ele chegou a ter em seu galpão um Charger 1975 branco, um Dart 1972 4 portas, um Magnum 1979, um Plymouth Satellite 1970 e uma carcaça de Ford 32.
Nessa época, o carro estava todo desmontado porque o antigo dono queria pintá-lo da cor original (branco Ipanema), mas não conseguiu concluir a pintura. Porém todas as peças e detalhes estavam guardados, o que me permitiria começar do zero e fazer como eu bem entendesse. Foram oito anos comprando peças e preparando o “Jegue Lee” para refletir minhas ideias e personalidade.
Foto tirada do carro em 1995/1996.
A decisão pela cor laranja não foi difícil. Após uma visita ao Museu da NHRA na Califórnia, vi um roadster construído para bater recordes no deserto de Bonneville (EUA), de cor laranja que, de imediato, tratei de registrar para servir de fonte para que o pintor Gilvan, da Pintarte Restaurações de Juiz de Fora (MG), não errasse a mão.
Lanternagem e pintura em 2001
Para o interior, segui uma ideia de um irmão que tinha colocado bancos concha na restauração do Fusca que fora de nosso pai na época. Decidi que queria os tais bancos no meu Dodge e pronto. Assim foi feito.
Em março de 2004, finalmente pude dar a primeira volta no Jegue Lee. Associaram a algum carro famoso? Claro né? General Lee. Eu ainda não tinha uma roda que combinasse com toda a restauração realizada, mas ao menos já poderia usufruir de um carro que havia quase dez anos antes e sequer tinha dado uma voltinha!
Durante todos estes anos de montagem e construção fui aprendendo muito sobre a parte mecânica do animal e, bem ao estilo “faça você mesmo” (com a ajuda do amigo Leonardo), fiz praticamente sozinho o motor, suspensão e câmbio. Como a receita do motor era uma proposta bem apimentada, faltou bastante conhecimento e grana pra implementá-la conforme deveria. Falo isso porque já testei três cabeçotes diferentes e outros três coletores de admissão na tentativa de domar a cavalaria da alta rotação e tentar trazê-la um pouco mais para baixo. Sei que foram erros mas considerando que eu nunca tinha apertado sequer um parafuso de motor, até que me saí bem com tudo isso.
O motor em 2005
A gente vai encontrando pessoas nesse caminho e aprendendo bastante. Hoje costumo dizer aos mais novos no meio, que sempre ouçam os mais velhos e não fiquem batendo cabeça em oficinas e profissionais pouco habilidosos, achando que qualquer um consegue mexer em nossos carros. Procure o mais indicado, aquele que já fez outros serviços e ficou do seu agrado. Pelo menos a chance de errar é menor e, se der certo, talvez não tenha mais dor de cabeça com aquela parte que foi arrumar. Não é garantido, mas acredito que seja o melhor caminho. Como já rodei bastante por ai, tenho muitos amigos de diferentes partes do país posso dizer com grande certeza que a problemática é a mesma em todos os lugares: dificuldade de se encontrar mão-de-obra de confiança, com capricho e disposição para fazer um bom serviço.
Desde a primeira volta em março de 2004, o Jegue vem sendo aprimorado. Como falei anteriormente, foram diversas alterações no motor. Hoje ele é injetado, com a taxa de compressão dentro das especificações do comando e todo o resto em conformidade com o nível de preparação (vide especificações técnicas ao final da matéria).
A última grande mexida no motor em 2012
Também passou por uma melhoria na suspensão, quando foram adicionadas as buchas de poliuretano da Energy Suspension (kit na Summit ENS-5-18104R), novos tirantes das balanças inferiores e braços da direção, todos da Hotchkis.
Como se ouve muito falar por aí, esse tipo de carro nunca acaba. Por isso ainda quero equipá-lo com um câmbio de cinco marchas e melhorar a embreagem. Ele ainda está um pouco indócil para andar na cidade, mas na estrada ele é um puro-sangue!
Durante estes últimos 20 anos tive que mudar três vezes de cidade em função do trabalho. Nas duas primeiras mudanças, o Jegue foi rebocado porque eu ainda não havia feito quase nada nele. Os primeiros anos foram para aquisição de peças e viagens à terra do tio Sam para aprender um pouco sobre a relação dos americanos com os carros antigos (uma em 1997, outra em 1999 e a última em 2000). Tudo é muito impressionante por lá, e quando eu não trazia uma peça, trazia ferramentas.
Porém, a última mudança, que foi de Brasília para Florianópolis, me fez ficar muito longe do meu animal de estimação e isso estava me deixando bastante frustrado. Não conseguia um tempo para buscá-lo e todas as tentativas eram em vão. Precisava de uma estrutura mínima para isso e não queria mandá-los de cegonha por saber que iriam judiar do carro quando trocassem de caminhão em São Paulo. Imagina, quem não quer colocar as mãos em um carro assim diferente? Além disso, ninguém trata seu carro com o cuidado que você tem, né? Sou ciumento pra caramba com ele — afinal, foram muitos anos, muitos gastos e muito tempo dispendido.
Até que depois de várias tentativas de juntar meus irmãos e meu filho para a realização da viagem, decidi que iria sozinho buscar o carro. Os carros, melhor dizendo.
Explico: em agosto comprei mais um Dodge para complicar tudo. Um Dart 76/77 com 60.000 km originais que ficou parado durante muito tempo sem proteção e que estava nas mãos de outro grande amigo. Chamei o André Monc (do site MundoMonc.com) para dirigir o Dart 76/77 e coloquei os dois na estrada. Mas isso é assunto para a próxima parte. A viagem foi toda devidamente registrada e estou trabalhando na construção de um relato bem bacana. Aguardem!
Ficha técnica