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História

Vector M12: uma alternativa muito mais rara e obscura ao Lamborghini Diablo

Imagine que você quer comprar um supercarro exótico da década de 1990. Vamos supor, também, que você faça questão que ele tenha um motor V12 italiano. A opção mais óbvia é o Lamborghini Diablo – o sucessor do Countach, que foi criado durante um período turbulento para a companhia italiana e acabou se mostrando crucial para sua recuperação. O Diablo era um dos objetos de desejo da molecada, com sua imagem pregada nas paredes de quartos pelo mundo todo e ícone de diversos games de corrida da era 32 bits.

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No entanto, suponhamos que você queira um carro ainda mais exótico. Nesse caso, talvez você se interesse (em nosso cenário hipotético, claro), pelo Vector M12. Ele também usava um V12 italiano, o mesmo do Diablo; e também apareceu nos games de corrida da era 32 bits – no caso, em Gran Turismo 2, acompanhado de outros modelos da extinta fabricante norte-americana. Seu visual lembrava o do Diablo em proporções e formas gerais, mas o M12 tinha um quê mais futurista e uma identidade visual bem forte. E ele era feito nos EUA, por uma companhia tão cheia de problemas que só o fato de ele existir de verdade já é impressionante.

Nós contamos a história da Vector há um bom tempo aqui no FlatOut, e um refresco é sempre bom. Tudo começou em 1971, quando o norte-americano Gerald “Jerry” Wiegert fundou sua primeira companhia, a Vehicle Design Force. Wiegert queria construir um superesportivo capaz de encarar, de igual para igual, os modelos da Ferrari, da Lamborghini e da Porsche – ou seja, seu carro precisaria ser tão veloz e atraente quanto uma Ferrari Berlinetta Boxer, um Lamborghini Countach ou um Porsche 911 Turbo 930.

Entre a construção dos primeiros protótipos e o início da produção em série, já sob o nome Vector, passaram-se quase vinte anos – o chamado Vector W8, movido por um V8 Chevrolet small block com dois turbos e 633 cv, só começou a ser feito em 1989. Ele era um carro de visual absurdo e desempenho mais ainda: segundo a Vector, o W8 ia de zero a 100 km/h em 3,9 segundos e alcançava os 389 km/h.

Entre 1989 e 1993, foram fabricados algo entre 13 e 17 exemplares do W8 – o que não era pouco para um superesportivo artesanal que custava, na época, US$ 455.000 (pouco mais de US$ 800.000 em valores corrigidos). E, com o relativo sucesso, Wiegert decidiu projetar um novo carro, o WX-3, para o Salão de Genebra de 1993 – em versões roadster e cupê.

Depois do evento, Wiegert retornou de Genebra para os EUA e teve uma surpresa nada agradável: uma empresa indonésia chamada Megatech havia “comprado” a Vector enganando seus investidores, que entregaram a companhia sem o conhecimento de seu fundador. Depois de uma longa batalha nos tribunais, Wiegert conseguiu proteger a propriedade intelectual de quase todos os os seus projetos, mas acabou demitido de sua própria empresa. Wiegert até tentou impedir que isto acontecesse trancando-se dentro da sede da Vector, rodeado de seguranças armados, mas preferiu não contrariar a decisão judicial e deu o braço a torcer.

Foi a Megatech quem projeto o sucessor não-planejado do Vector W8, chamado M12 – sem qualquer envolvimento de Wiegert, embora a base fosse a mesma do W8. A carroceria era diferente, mais longa e mais baixa, com formas mais arredondadas e modernas, bem como o interior. Mas o que realmente mudava era o conjunto mecânico: em vez do V8 Chevrolet, o M12 tinha o V12 do Lamborghini Diablo atrás dos bancos.

Isto foi possível porque, na época, a Megatech também era dona da Lamborghini. A fabricante italiana estava em uma fase de transição, pois havia acabado de ser abandonada pela Chrysler, e os indonésios acharam interessante a ideia de aproveitar seu powertrain em um projeto norte-americano.

Com 499 cv a 5.200 rpm e 58,7 kgfm de torque a 4.900 rpm, o M12 era capaz de ir de zero a 100 km/h em 4,8 segundos, com velocidade máxima de 304 km/h. Assim como aconteceu com o W8, foram feitas poucas unidades – apenas 17 entre 1993 e 1999, quando a disputa judicial foi revertida e Wiegert recuperou a propriedade da Vector. Ele não gostava do M12, pois o considerava um Vector “falso”, e estava decidido a não seguir em frente com ele.

Por conta disto, tanto o W8 quanto o M12 são carros extremamente raros – e só não são mais obscuros por conta de suas aparições nos videogames.

Foi por este motivo que chamou nossa atenção a presença de um exemplar do M12 em um leilão. A agência RM Sotheby’s vai leiloar o quinto exemplar fabricado pela Megatech no dia 15 de agosto, durante a Monterey Car Week em Pebble Beach, na Califórnia. O carro foi feito em 1996 e, de acordo com a RM, rodou menos de 6.000 milhas – aproximadamente 9.600 km, e jamais foi restaurado.

Segundo os leiloeiros, o valor estimado de arremate fica entre US$ 250.000 e R$ 300.000. Para efeito de comparação, o preço de Lamborghini Diablo 1996 fica entre US$ 160.000 e US$ 350.000, dependendo do estado de conservação.