FlatOut!
Image default
Vídeos

Veja o Brabham BT62 quebrar o recorde do circuito australiano de Bathurst

Neste fim de semana aconteceu a edição 2019 das 12 Horas de Bathurst, no circuito australiano de Mount Panorama. Foi a primeira corrida da temporada de 2019 do Intercontinental GT Challenge, campeonato de endurance que segue o regulamento da categoria GT3 da FIA. Porsche, Aston Martin, McLaren, Mercedes-Benz, Nissan e Ferrari são algumas das fabricantes que participam – e, neste ano, quem levou a melhor foi a Porsche, com o 911 GT3-R da equipe R-Motorsport.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicoshistórias de carros e pilotosavaliações e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

O Porsche largou na pole position, conquistada com um tempo de 2min02s412. E também foi o responsável pela volta mais rápida da corrida – 2min04s306. Mas ele não foi o carro mais rápido em Bathurst neste fim de semana. Esta honraria ficou com gente de casa: o Brabham BT62, mais novo supercarro australiano a dar as caras, que carrega um nome cheio de tradição.

A Brabham Racing foi fundada em 2014 pelo filho de Sir Jack Brabham, David. Seu pai, nascido na Austrália em 1926, mudou-se para o Reino Unido em 1955 para competir na Fórmula 1. Quatro anos depois, em 1959, Jack Brabham conquistou o primeiro de seus três títulos na F1 – os outros dois vieram em 1960 e 1966. E, com este último, Jack Brabham tornou-se o primeiro piloto a conquistar um título em um carro que ele mesmo construiu.

David Brabham ainda não pensa na Fórmula 1, ao menos por enquanto. Seu grande objetivo no momento disputar o WEC (World Endurance Championship) na categoria LMP GTE Pro a partir de  2021– com foco nas 24 Horas de Le Mans. Segundo ele, o carro foi apresentado há pouquíssimo tempo e ainda precisa ser aperfeiçoado antes de entrar em uma competição tão desafiadora. E ele certamente sabe do que está falando: David Brabham foi um dos pilotos do Peugeot 908 HDi FAP, vencedor das 24 Horas de Le Mans de 2019.

E nisto voltamos à Austrália, que na tarde de sábado testemunhou a quebra do recorde de Mount Panorama. O BT62 virou 1min58s68 com o piloto Luke Youlden ao volante, mostrando que o desenvolvimento do carro está no caminho certo. O vídeo onboard deixa isto bem claro.

A primeira coisa que se nota é o ronco do motor de V8 naturalmente aspirado de 5,4 litros – lembra muito o som produzido pelos V8 Supercars, encorpado e rouco. Aliás, a origem do motor ainda não foi revelada pela Brabham. Na época do lançamento, admitiu-se que o motor usava como base um V8 fornecido por outra companhia, mas a Brabham não deu detalhes sobre sua origem.

Contudo, comparando o motor da Brabham com o V8 Voodoo do Shelby GT350, percebe-se que as semelhanças são gritantes na posição das bobinas, na disposição dos parafusos das tampas de válvulas e outros elementos do motor.  É quase certo, portanto, que trata-se do motor de virabrequim plano do Shelby GT350 – com modificações no diâmetro dos cilindros e no sistema de alimentação.

Com curso de 94 mm e diâmetro de 97 mm, o V8 do Brabham BT62 tem comando duplo nos cabeçotes, corpos de borboleta individuais e 710 cv a 7.400 rpm, com 68 mkgf de torque a 6.200 rpm. Ele é acoplado a uma caixa sequencial Holinger de seis marchas, atuada por aletas atrás do volante.

Mas, além da trilha sonora mecânica, o que se percebe pelo onboard é a dinâmica afiadíssima do BT62, típica de um projeto que foi criado para as pistas e só terá uma versão produzida em série para fins de homologação. O comportamento do Brabham é neutro, porém com uma boa dose de agressividade nas entradas de curva e uma perceptível tendência a sair de traseira nas curvas – devidamente contornada por Youlden, que conhece Mount Panorama como poucos: ele foi o vencedor dos 1.000 Km de Bathurst em 2017. Fica claro que a Brabham caprichou no ajuste de suspensão do BT62, que conta com um arranjo de amortecedores inboard duplos da Öhlins e braços triangulares sobrepostos na dianteira e na traseira.

E a velocidade do carro nas curvas foi crucial para que o recorde fosse quebrado, considerando o que acontece aos 0:33 do vídeo – repare que o carro começa a perder força, levando Youlden a pisar repetidas vezes no acelerador. Só perto do fim da reta é que a situação se normaliza. Se não fosse por este incidente, talvez o tempo do Brabham BT62 fosse ainda um ou dois segundos mais baixo.

Com seu tempo de 1min58s68, o Brabham BT62 superou em cerca de seis décimos o recorde anterior, estabelecido por Christopher Mies – que virou 1min59s29 com um Audi R8 LMS em novembro de 2018. E foi quase quatro segundos mais rápido que o Porsche 911 GT3-R vencedor da corrida de 12 horas. Mais rápido que isto, só o McLaren-Mercedes MP4-23 de Fórmula 1, que em 2011 virou 1min48s88 com Jenson Button ao volante – sendo este o recorde não-oficial.

É importante frisar que o Brabham BT62 que quebrou o recorde segue a especificação dos carros que serão vendidos ao público para uso em track days – ou seja, não é a versão de rua, mas também não é amarrado por nenhum regulamento. Mas isto de forma alguma invalida seu bom desempenho em Mount Panorama – na verdade, só nos faz pensar como a versão de competição a ser criada para o WEC será ainda mais rápida.

Até lá, porém, há uma certeza: ainda há esperança para os superesportivos de motor naturalmente aspirado puro, sem sobrealimentação ou tecnologia híbrida. Amém!