De vez em quando aparecem oportunidades de comprar carros valiosos, raros ou ambos em leilões realizados por grandes agências. A gente aqui no FlatOut adora este tipo de coisa — afinal, na maioria das vezes é em leilões que se vendem automóveis únicos no mundo, superesportivos especiais e até conceitos e protótipos. Ou então, uma coleção de Ferrari prontinha para quem tem R$ 45 milhões sobrando.
É comum ver leilões temáticos, com diversos carros de uma mesma marca prontos para o martelo — como no caso daquela seleção de modelos RS da Ford que mostramos aqui recentemente. No entanto, nem sempre todos os carros têm o mesmo dono e podem ser comprados juntos, de uma vez. É exatamente o carro destas Ferrari, que pertencem a um colecionador americano chamado Tony Shooshani e serão leiloadas em janeiro de 2016 em Scottsdale, Arizona, pela Gooding & Company.
“Mas quem diabos é Tony Shooshani?”, talvez você pergunte. Pois bem: como uma pessoa pública Shooshani é um bem-sucedido magnata do ramo imobiliário. No entanto, no meio entusiasta, Shooshani é um dos colecionadores de Ferrari mais respeitados do planeta, e um dos mais apreciados pela fabricante de Maranello. Sabe aquele papo (verdadeiro) de que só os melhores clientes da Ferrari poderiam comprar um dos 499 exemplares da LaFerrari — e os que já fossem donos de outros clássicos da Ferrari, especialmente a Enzo, teriam prioridade? Pois bem: Shooshani é um destes caras.
Ele também é dono de um dos seis exemplares da Pininfarina Sergio, baseada na 458 Italia
Sendo um bom cliente, ele também é um dos caras que podem participar do programa Corse Clienti — aquele que reúne os donos de Ferrari especiais em circuitos do mundo todo)ele o faz com sua Ferrari 599XX, além de participar de ralis com seu modelo favorito, a 288 GTO. Agora, parte de sua coleção — que traz de clássicos da década de 1960, como a Ferrari 250 GT, até a Ferrari Enzo, último supercarro antes da era híbrida.
Claro, não se trata da coleção inteira, e sim de uma parte dela. O que não deixa de ser impressionante de qualquer jeito, não é? Vamos dar uma olhada no que o primeiro cara maluco (e rico) o bastante para arrematar tudo vai levar para casa:
Ferrari F50 1995
Você conhece a Ferrari F50 quase tão bem quanto a clássica absoluta F40, temos certeza. O supercarro lançado em 1995 foi o primeiro a usar motor e tecnologias empregados na Fórmula 1, como um motor V12 de 4,7 litros, monobloco de fibra de carbono (que pesa apenas 102 kg) e suspensão do tipo pushrod. Os 520 cv e 47,9 mkgf são capazes de levar o carro até os 100 km/h em 3,7 segundos, com máxima de 312 km/h.
O detalhe é que este carro em especial foi o exemplar usado pela Ferrari para apresentar a F50 em Genebra, na Suíça, em março de 1995. Com chassi #99999, esta F50 foi o último carro fabricado pela Ferrair com um número de cinco dígitos. Estia-se que ela seja vendida por algo entre US$ 2,5-2,9 milhões (R$ 9,6-11,1 milhões, em conversão direta).
Ferrari F40 1990
Esta aqui é obrigatória em qualquer coleção, não? A gente sempre diz que a Ferrari F40 dispensa apresentações, mas sempre acabamos falando sobre seu V8 de 2,9 litros com dois turbos e 485 cv; seu interior frugal, dotado apenas de itens necessários para andar rápido; seu 0-100 km/h em 3,8 segundos e seu recorde de carro mais veloz do mundo ao atingir os 326 km/h em 1987 — recorde que permaneceu até a chegada do McLaren F1.
O carro em questão traz chassi #86554. Foi a 49ª F40 fabricada (ao todo, 1.311 exemplares foram feitos entre 1987 e 1992) e uma das 213 que foram exportadas oficialmente da Itália para os EUA. Certificada pelo departamento Ferrari Classiche, responsável por restaurar e manter carros especiais, esta F40 traz apenas 5.800 km marcados no hodômetro. Valor estimado: US$ 1,3-1,6 milhão (R$ 5-6,1 milhões).
Ferrari Enzo 2003
Com um V12 de seis litros e 660 cv, além de toda a experiência adquirida com a F50, a Ferrari apresentou em 2002 a Enzo — primeiro flasgship da marca a romper com o câmbio manual e trocá-lo por uma caixa sequencial de seis marchas inspirada na Fórmula 1. É um carro absurdamente rápido, mesmo 12 anos depois: 0-100 km/h em 3,3 segundos e máxima de 350 km/h.
Com apenas 4.200 km marcados no hodômetro e autografada pelo designer Ken Okuyama — que, trabalhando pela Pininfarina, foi o pai da Enzo —, este exemplar é dito “um dos melhores já oferecidos em um leilão”, acompanhando toda a documentação original e ferramentas necessárias para a manutenção. O valor estimado fica entre US$ 2,4 e 2,8 milhões (R$ 9,2-10,7 milhões).
Ferrari 250 GT Lusso 1964
Não faz muito tempo que mostramos aqui uma GT Lusso à venda — um exemplar vermelho que havia rodado só 3,7 mil km e estava sendo oferecido no eBay por US$ 2 milhões, ou R$ 7,6 milhões. Pois aqui está outro exemplar: o chassi #5537, nº 275 de 350 unidades. De acordo com a Gooding & Co., o carro foi restaurado em 2013 e hoje está mais do que apto a participar de eventos de gala, como o Concours d’Elegance Pebble Beach.
O motor V12 Colombo, de três litros, entrega 240 cv a 7.500 rpm e 24,6 mkgf de torque a 5.500 rpm. Era o bastante para levar a 250 GT Lusso até os 100 km/h em menos de oito segundos, com máxima de 240 km/h. No caso deste exemplar, o valor estimado é de US$ 2,2 milhões a US$ 2,5 milhões (R$ 8,35-9,5 milhões).
Ferrari 250 GT Series II Cabriolet 1960
Outra das variações da Ferrari 250, a GT Series II Cabriolet foi projetada pelo estúdio Pininfarina e apresentada em 1959. Este exemplar é um dos mais bem cuidados, e apresentado na belíssima combinação de carroceria azul Blu Scuro e interior em couro creme — e com a rara capota rígida. Uma de suas últimas aparições em público aconteceu há quinze anos, em Pebble Beach, e desde então o carro foi cuidado meticulosamente. Está impecável, e a Gooding & Co. espera arrecadar entre US$ 2-2,3 milhões (R$ 7,6-8,7 milhões) com ele.
Ferrari Dino 206 GT 1969
Toda coleção que se preze precisa de um modelo “renegado” e, nesta aqui, o papel fica com a Dino. Isto porque, para os mais puristas, as Dino nem são Ferrari de verdade — entre 1968 e 1976, foi uma submarca criada para vender esportivos mais baratos, com motor V6 (no caso, de dois litros e 180 cv).
No entanto, com o tempo as Dino passaram a ser mais valorizadas — e os 153 exemplares fabricados até 1969, com carroceria de alumínio, são os mais desejáveis. Este aqui é o carro de nº 140 e, com valor de arremate estimado entre US$ 700-800 mil (R$ 2,75-3 milhões), é uma das pechinchas do lote.
Ferrari 512 BBi 1984
A Ferrari Testarossa é considerada um ícone oitentista, mas antes dela veio a 512 BBi, equipada com um flat-12 — daí o nome Berlinetta Boxer — de cinco litros com injeção de combustível e 340 cv. Este carro, em especial, pertenceu ao piloto A.J. Foyt, que colecionou dezenas títulos na Nascar durante os anos 1960 e 1970, além ser o único piloto a vencer a Indy 500 (quatro vezes), a Daytona 500, as 24 Horas de Daytona e as 24 Horas de Le Mans (ao lado de Dan Gurney, com o Ford GT40, em 1967).
O carro prata, de chassi #51725, tem o autógrafo do piloto no painel e no manual do proprietário, com valor de arremate estimado entre US$ 400-475 mil (R$ 1,5-1,8 milhões).
Ferrari 328 GTS 1988
A Ferrari 328 foi uma versão modificada da 308 lançada em 1985, com um V8 de 3,2 litros e 270 cv. Capaz de chegar aos 100 km/h em 5,5 segundos com máxima de 267 km/h, a 328 era oferecida na versão GTB, cupê, e GTS, com teto removível targa.
O exemplar em questão, de chassi #74921, traz menos de 24 mil km no hodômetro e, diz-se, foi meticulosamente bem cuidada ao longo de sua vida. A Gooding & Co. estima que o carro seja arrematado por algo entre US$ 125-150 mil (R$ 470-570 mil) — a mais barata de todas.
Claro, se você quiser comprar todas elas, vai pagar no mínimo US$ 11.625.000 — nada menos que R$ 44.125.000 em conversão direta. O leilão em Scottsdale será realizado nos dias 29 e 30 de janeiro de 2016.