Os entusiastas não gostam muito da ideia, mas é fato que os SUVs e crossovers ganham cada vez mais espaço no mercado. E a Volkswagen, sabendo disso, está investindo pesado nos utilitários. Isto também vale para o Brasil, claro, onde a Volks apresentou o novo Tiguan na última sexta-feira (23), durante um evento para comemorar seus 65 anos de atuação no País. A segunda geração do SUV marca uma virada no posicionamento do modelo, que será “promovido” na linha da marca e ganhará companheiros mais baratos e mais caros nos próximos anos.
A primeira geração do Volkswagen Tiguan foi lançada em 2007, 11 anos atrás. Por seu tamanho relativamente compacto e pelo estilo agradável combinado ao conjunto mecânico moderno — que incluía o 2.0 FSI ou o 2.0 TSI, este com 200 cv —, o Tiguan de primeira geração fez sucesso em seus primeiros anos, e também era um dos poucos SUVs que eram vistos com bons olhos pelos entusiastas.
Mas com o passar dos anos, os modelos donwsized foram chegando, os rivais foram se modernizando e o Tiguan acabou esquecido pelo público nos últimos anos. Os japoneses da Honda e Toyota fizeram a festa juntos do trio premium alemão com seus modelos de entrada – Audi Q3, BMW X1 e Mercedes-Benz GLA.
A segunda geração do Tiguan, que foi lançada lá fora em 2016, chega agora ao Brasil para tentar reverter este quadro. Imagine que o Tiguan foi promovido e agora ficou com mais “cara” de SUV. As dimensões não nos deixam mentir: enquanto o modelo anterior tinha 4,43 m de comprimento, 1,81 m de largura e 2,6 de entre-eixos, a nova geração tem 4,71 m de comprimento, 1,84 m de largura e entre-eixos de bem mais generosos 2,79 m na versão de entre-eixos longo. Na Europa é vendida uma versão mais curta, com 4,49 m de comprimento e 2,68 m de entre-eixos. Isto é facilitado pelo uso da plataforma modular MQB, criada justamente para permitir esta flexibilidade. Na versão mais longa são 28 cm a mais no comprimento e 19 cm a mais no entre-eixos. O ângulo de ataque também melhorou: agora é 26° – antes era 18°.
O novo Tiguan faz parte da ofensiva de cinco utilitários que a Volswagen irá lançar no Brasil até 2020. Ele é fabricado em Puebla, no México, deverá chegar às lojas a partir de abril como o primeiro SUV feito sobre a plataforma modular MQB vendido por aqui, e terá apenas motores TSI, com turbo e injeção direta de combustível. Os propulsores, confirmados pela Volkswagen, serão o 1.4 TSI que atualmente equipa o Golf e o 2.0 TSI usado no Jetta, Golf GTI, Fusca e Passat. A potência não foi confirmada — o 1.4 deverá ter os mesmos 150 cv do Golf e do futuro Polo GT — mas o 2.0 TSI deverá ter “somente” 180 cv, como os modelos vendidos no México e nos EUA.
A transmissão ainda é um mistério. Enquanto o México usa o 1.4 TSI combinado ao DSG de seis marchas e embreagem seca, e o 2.0 combinado ao DSG de sete marchas e embreagem úmida, nos EUA ele já adota o novo automático de oito marchas com conversor de torque. No Brasil a Volkswagen já deixou de usar o DSG de seis marchas com sistema seco de embreagem, substituindo-o por uma caixa automática de seis marchas com conversor de torque.
O Tiguan já é vendido com cinco ou sete lugares lá fora, mas há algumas particularidades a respeito da opção no Brasil. Para começar, o Tiguan de cinco lugares europeu tem entre-eixos mais curto, com 2,68 metros, enquanto a versão de sete lugares tem entre-eixos de 2,79 metros. No Brasil, tudo indica que o entre-eixos mais longo será usado tanto nas duas versões, de cinco e sete lugares, variando apenas a terceira fileira de bancos e o rebatimento do banco traseiro.
A VW foi bastante econômica nas informações do modelo brasileiro, limitando-se a falar sobre o conjunto mecânico e as dimensões da carroceria. No entanto, o Tiguan americano (que também é fabricado no México) possui as versões S, SE, SEL e SEL Premium. Esta última possui cluster de instrumentos digital integrado ao sistema multimídia, rodas de 19 polegadas, faróis de LED direcionais, abertura e fechamento elétricos do porta-malas.
Outra incógnita diz respeito à tração: há quem diga que o motor 2.0 turbo virá acompanhado do sistema de tração integral 4Motion (com diferencial Haldex). No entanto, tal informação nos parece um tanto improvável, pois isto tornaria o Tiguan muito próximo dos Audi, o que não é interessante para o grupo. É mais plausível que ele tenha apenas tração dianteira, até mesmo por seu posicionamento no mercado.
Estima-se que o Tiguan vá custar entre R$ 130 mil e R$ 170 mil, dependendo da motorização e da quantidade de assentos. O modelo de cinco lugares com motor de 1,4 litro poderá ser uma alternativa “premium”, por exemplo, ao Honda HR-V Touring, modelo de topo com motor 1.8 16v de 140 cv, que parte de R$ 105.000, e o Jeep Compass, cuja versão de topo custa R$ 136 mil e vem equipada com motor 2.0 16v de 166 cv e tração integral. Já a versão de sete lugares poderá chegar na medida para encarar o Honda CR-V, que é equipado com motor 2.0 16v de 155 cv e custa atualmente R$ 179.000, e o Hyundai Santa Fe – que na verdade é bem mais caro, custando em média R$ 196.000, mas é oferecido apenas com sete lugares e motor V6 de 3,3 litros e 270 cv.
Também não podemos descartar o Toyota RAV4, que tem uma versão com tração dianteira e motor 2.0 de 145 cv por R$ 130.000; e os já citados alemães premium. O Audi Q3 mais barato custa R$ 153.990; o BMW X1 parte de R$ 193.000 e o Mercedes GLA mais em conta sai por R$ 162.000.
Agora, existem alguns detalhes meio nebulosos nesta história. A Volkswagen planeja lançar outros quatro SUVs no mercado brasileiro até 2020, e o primeiro deles será o T-Cross, previsto para o segundo semestre deste ano. O modelo tem cerca de 4,15 metros de comprimento e deverá ser equipado com os motores 1.6 16v de 121 cv e 1.0 TSI de 128 cv — os mesmos do Polo e Virtus, com quem compartilha a plataforma MQB A0. O modelo ficará imediatamente abaixo do Tiguan de cinco lugares, encarando Chevrolet Tracker, Peugeot 2008, Ford EcoSport, as versões mais baratas do HR-V e Renegade.
Apresentação do Volkswagen Tharu na China. Feito sobre a plataforma MQB, deverá ser vendido no Brasil como Volkswagen Tarek
Depois, em 2020, teremos o Tarek, cuja produção foi confirmada na Argentina e deverá abastecer o mercado brasileiro. Este ficará posicionado no lugar do Tiguan de cinco lugares e será equipado com o motor 1.4 TSI com câmbio automático e tração integral 4Motion. Com isso, o Tiguan passará a oferecer somente a versão de sete lugares e o Tarek se encarregará de enfrentar o Peugeot 3008, Jeep Compass, a versão Touring do HR-V e o Toyota Rav4.
Os demais SUVs cotados para o Brasil são o T-Track, que será um modelo compacto baseado no up!, que deverá brigar com o WR-V e com o Ka Freestyle, sempre equipado com o motor 1.0 TSI apenas; o Touareg, que segue como modelo de topo da linha de SUVs da Volkswagen.