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100 anos de Chevrolet no Brasil
Ontem, domingo, 26 de janeiro de 2025, a General Motors completa um século de operações no Brasil.
A celebração oficial começou nesta quinta-feira, com o evento oficial com a presença de políticos de plantão e executivos da empresa, inclusive Shilpan Amin, presidente da GM Internacional. No encontro, a GM comentou o histórico longo da companhia no País, sua geração de empregos e contribuição com a evolução da indústria, e o investimento recentemente anunciado de R$ 7 bilhões até 2028. Também citou que fará um aporte adicional no Brasil, cujo valor deverá ser anunciado em dois meses. A empresa também lançou um vídeo-propaganda comemorando a efeméride.
A GM, como sabemos é onde a indústria moderna nasceu; uma empresa sempre focada na parte empresa da coisa, e nunca no automóvel em si: este apenas um meio para conseguir dinheiro. Seu principal arquiteto, Alfred Sloan, famosamente explicou esta filosofia dizendo que a GM não tem como objetivo fazer automóveis; e sim ganhar dinheiro fabricando automóveis. Parece lógico e óbvio hoje; mas explica muito de como é a empresa de “motores gerais”.
Manoel e o primeiro Opala de produção normal | FlatOut Classics
Mas apesar dos objetivos questionáveis, a empresa fez muito de bom para o mundo, e especialmente para o Brasil. Ainda está por aqui, por exemplo, enquanto a Ford, que chegou antes, já fechou suas fábricas e virou importadora. A GM já não é o centro de engenharia nacional, nem tem mais objetivos ambiciosos por aqui como já teve, sim; mas pelo menos, ainda está aqui.
Como muitos brasileiros, fui uma criança criada dentro de uma família que só usava Chevrolet; sempre foi algo importante para mim. Era, no passado, uma empresa que gerava um quase fanatismo de seus fãs e clientes, e era orgulhosa de si e de seus funcionários, um sentimento de família que permeava tudo dela, dentro e fora de seus portões.
Mas hoje, este sentimento há muito se foi; primeiro, os carros importantes de sua história, um acervo que se tornaria um museu, foram doados e esquecidos. Depois a pujante engenharia local, depois de um espasmo de expansão nos anos 2010, diminuiu e minguou. A antiga e maravilhosa vontade de ser grande arrefeceu. Recentemente os clubes de funcionários foram fechados e vendidos, e pouco daquela “família” restou. Parece que vender sua alma, o que se faz da vida, por dinheiro, “o fazer dinheiro, não carros” cobra finalmente seu preço. Ainda está aqui, e ainda não acabou; mas o entusiasmo dentro de si parece que diminuído.
O vídeo de comemoração dos 100 anos mostra muito disso. Uma empresa que no passado nos deu Zé Rodrix cantando uma música emocionante numa propaganda institucional que atingia em cheio o coração de seus fãs, chegamos nesta: uma genérica série de imagens de computador criadas em IA com zero emoção ou humanidade; uma burocrática maneira de falar: “ó, tá aqui a festa de 100 anos”. Deram sorte ainda por contratar Fernanda Torres para narrar; hoje ela está em alta. Mas ela não faz milagre: mesmo quem no fundo ainda tenha a Chevrolet no coração, não sente nem um pingo de emoção. Parabéns aos envolvidos.
Mesmo assim, não posso deixar de deixar aqui a minha homenagem. Parabéns não aos executivos que hoje apenas a ordenham, aqui e lá fora; dou meus parabéns sim à instituição importante que é a Chevrolet-Brasil, independente de onde está e aonde vá agora. E parabéns a todos os milhares de empregados que dedicaram uma vida inteira para fazê-la melhor com seu trabalho.
Parabéns, então, Chevrolet-Brasil. Por 100 anos de geração de empregos; por 100 anos de carros sensacionais; por 100 anos provendo famílias brasileiras com liberdade e qualidade a preço justo, sem as quais a vida é desprovida de alegria. Parabéns pelas caminhonetes, pelo Opala, pelo Chevette, pelo Monza, e por absolutamente tudo que veio depois, até mesmo o Onix de hoje. Carros afinal de contas, são o mais importante em uma indústria de carros, que se lasque Sloan e seus tostões. Parabéns por esporadicamente, mas de forma sensacional, criar carros brasileiros, desenhados por brasileiros, para os brasileiros.
Meu amor pela instituição me faz odiar o que ela se tornou; mas a instituição e o nome são maiores do que o estado das coisas hoje, e ela merece festa e comemoração. Falei demais? Tudo bem, agora me calo. Afinal de contas, é no silêncio que nosso coração bate mais alto. (MAO)
P.S.: um leitor nos informa que a campanha é filmada de verdade, com IA só esporádico. Não muda nada: parece feito em IA. Mas está aqui a correção.
KTM luta para sobreviver
A KTM é uma empresa que recentemente se tornou um exemplo de como ver o futuro da motocicleta; pouco ligada a tradições, cresceu e floresceu em cima de produto: motos sensacionais que apontam para frente, sem nostalgia alguma. É muito bom ter algo assim, junto com a nostalgia das motos retrô tão populares hoje. Variedade é o tempero da vida. A KTM é hoje a maior fabricante de motos da Europa. Mas agora, está lutando pela sua sobrevivência.
A empresa entrou em um processo chamado de “autoadministração” pela lei austríaca, em novembro de 2024, após meses de problemas. O preço das ações de seu grupo controlador, Pierer Mobility AG, despencou durante 2023 e 2024. Após atingir o pico de mais de 90 CHF (francos suíços) por ação em 2022, os valores das ações caíram abaixo de 9 CHF em novembro de 2024. A Pierer Mobility é complexa e abrange uma grande variedade de marcas e empresas, mas a KTM AG é sua marca principal.
E o que aconteceu? Parece que na pandemia, como para todos, a empresa teve uma redução na produção, assim como a demanda cresceu. Após a pandemia, a KTM aumentou a produção para atender à demanda reprimida e investiu pesadamente em novos modelos e em expansões, incluindo a compra de uma participação majoritária na MV Agusta, amplamente financiada por capital emprestado. Esses investimentos e aumentos de produção coincidiram com um declínio inesperado na demanda, levando a um grande estoque de motos não vendidas e à falta de liquidez.
O regime de autoadministração permite que a gestão existente permaneça e dá proteção contra credores por 90 dias, período durante o qual as empresas precisam elaborar um plano de reestruturação aprovado pela maioria desses credores para evitar a falência.
A Pierer Mobility AG marcou a data de hoje, 27 de janeiro, para uma assembleia geral extraordinária, com uma pauta que inclui uma injeção de capital novo na empresa. O que fará a KTM? Boatos dizem que a MV Agusta será vendida, que o programa de competições será cortado, entre outras ações de economia. Boa sorte à empresa nesta fase delicada. (MAO)
Conheça o Factory Five Mk5
Muita gente importante no meio do automóvel já disse que o Cobra, aquela única mescla de roadster inglês da AC com motor Ford V8 criada por Carrol Shelby e seu bando de renegados numa fábrica em frente à praia na Califórnia dos anos 1960, ainda é o mais sensacional carro esporte da história. Combina a sensação de controlabilidade e diversão dirigindo à moda comum nos carros esporte ingleses, com desempenho e força bruta do V8 americano, num conjunto bem-acertado e simplesmente divino. E com um desempenho que, mesmo em 2025, ainda impressiona.
Pois bem, por isso mesmo, e pela natureza mash-up, bastarda, sem pai nem mãe definidos, do carro original, o mundo não desistiu dele, e ainda hoje, há várias opções diferentes mundo afora para se comprar um Cobra zero km. O que nasceu “no fundo de quintal” pode ser reproduzido em quintais mundo afora, sempre.
Agora, uma das mais profissionais empresas dedicadas à esta atividade, a Factory Five Racing americana, está lançando uma nova versão do Cobra chamada Mk5 Roadster. O Cobra original era Mk1 e Mk2 com o V8 pequeno Ford de até 4,7 litros; o Mk3 era o equipado com o V8 grande de sete litros. Depois, nos anos 1980, a AC inglesa criou o Mk4: um Mk3, mas com o V8 pequeno injetado de 4,9 litros do Mustang Fox-Body. O novo Mk5 da factory Five então pretende ser importante assim, além de, claro, remeter à seu próprio nome com o número 5. A Factory Five começou a construir kits de réplicas do Cobra em 1995; experiência não lhe falta.
A maior diferença em relação ao carro original é a estrutura: o Mk5 usa um spaceframe retangular em vez de um chassi escada de tubos de seção circular. A nova estrutura pesa 25 kg a mais do que o chassi do Mk4, mas a Factory Five diz que ele oferece um aumento de nada menos que 400% na rigidez! Foi desenhado também, segundo a empresa, para um motorista de 1,96 m de altura, 150 kg e calçado 48 bico largo. Barrabás!
Na suspensão independente nas quatro rodas, mais novidades: os braços de controle dianteiros inferiores agora são de alumínio forjado, e na parte traseira, os braços de controle superiores e inferiores são de alumínio forjado. Entre esses braços de controle dianteiros, você pode encaixar praticamente o motor que quiser: há provisão para todos os Ford, e até o onipresente Chevrolet LS, se você gosta de ser herege. Até o novo Godzilla de 7,3 litros OHV da Ford, para caminhões pesados, pode ser montado aqui. Com o LS, pesa 1050 kg.
Mas a mudança visual mais marcante do Mk5 é o teto rígido removível de fibra de carbono de uma só peça. Montado, nem parece um teto conversível, já que inclui seu próprio para-brisa. Sim, você precisará remover o para-brisa para encaixar o teto rígido, mas esse tipo de projeto provavelmente não assustará um cliente que construiu o carro inteiro. Sim: é vendido em kit, ainda que a definição de kit é bem relaxada: pode-se comprar o carro inteiro montado sem motor, por exemplo. O kit básico, um Lego de gente grande, também sem motor, custa US$ 24.990 (R$ 148.573) nos EUA. (MAO)
Alfa Romeo desiste de ser 100% elétrica em 2027
A Alfa Romeo é a mais recente marca a recuar em seu plano original de abandonar os motores à combustão interna. A marca italiana pretendia se tornar totalmente elétrica até 2027, mas os planos mudaram. A nova meta é adotar uma estratégia de “multienergia”, oferecendo veículos a gás, elétricos e híbridos plug-in.
Quem deu a notícia foi o chefe da Alfa Romeo North America, Chris Feuell, para a Automotive News. O executivo teria dito que forçar os revendedores a vender apenas carros elétricos em apenas alguns anos seria muito restritivo. Afinal de contas, mesmo só com carros a gasolina, as vendas caíram 19% no ano passado nos EUA para apenas 8.865 carros. Não é hora de brincar com quimeras, aparentemente.
Vale a pena notar que a marca não disse que seria 100% elétrica em 2027 apenas nos EUA: na Europa e na China também. Mas a notícia agora, pelo menos por enquanto, diz respeito somente aos EUA. Mas a empresa está claramente jogando com todas as possibilidades, não só elétrica, agora.
Exemplo: os novos Giulia e Stelvio usarão a plataforma STLA Large da Stellantis, e como vimos no novo Charger, ela pode receber motores a gasolina ou elétricos. O SUV chegará no final deste ano, com o sedã a seguir em 2026.
Como outras marcas Stellantis, a Alfa Romeo americana tem um problema de estoque. Cerca de metade dos carros parados nos lotes das concessionárias nos EUA são veículos ano/modelo 2024, então descontos estão planejados para o primeiro trimestre de 2025 para se livrar dos carros não vendidos.
Na outra ponta da linha, a Alfa Romeo está trabalhando em um novo supercarro para além do 33 Stradale. Ele também terá um design retrô e deve chegar ao mercado em 2026. O 33 Stradale foi anunciado em seu lançamento como o “último supercarro a gasolina” da empresa, mas, parece que #SQN. (MAO)