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As primeiras experiências ao volante dos nossos leitores – parte 2

Há alguns dias, perguntamos a nossos leitores como foi a primeira vez deles ao volante. Tivemos, literalmente, centenas de histórias bacanas postadas na nossa área de comentários. Selecionamos algumas das melhores na primeira parte desta lista. Agora, você confere mais dez relatos feitos pela comunidade FlatOuter!

 

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Arts_Maverick: Poxa, eu tinha onze anos e foi ao volante do meu primeiro Maverick (na época ainda era de meu pai, pouco antes dele sair de casa). Estávamos numa estradinha de terra em São Roque, perto do sítio de meu tio-avô e foi muito tranquila. Dirigi calmamente por uns dez minutos…

Marcante foi a segunda vez, meia hora depois! Meu pai chamou o tio dele para ir junto, e encaixamos o septuagenário no espremido banco traseiro. Já estava andando nas estradinhas há dez minutos quando me entusiasmei com um retão de terra e enfiei o pé no porão! (Porra, eu era um moleque de onze anos com um Maverick 6 cilindros nas mãos! Você queria o quê?)

Só que “de repente” apareceu uma curva! Enfiei o pé no freio, o carro rabeou pra burro (Maverick fase 1 tem os freios mais traiçoeiros do mundo), tentei entrar na curva e rodei… rodei… rodei… E fui parar no barranco! O carro absolutamente incólume! E quando olhei pelo espelho só vi os pés de meu tio-avô apoiados no teto! O velhinho entalou entre os bancos de ponta cabeça!

Na primeira parte do meu Project Cars (PC #48) tem uma foto minha de “cowboy” que tirei neste dia (acima).

É o tipo de história que nos faz rir depois de muito tempo. Mas na hora deve ter dado um desespero, não?

 

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Thiago Marques: Apesar de ser entusiasta desde pequeno, sempre tive um certo receio de pegar o carro de outra pessoa pra aprender a dirigir. Nunca tive uma boa condição financeira, então sempre me vinha à mente o prejuízo financeiro que eu teria caso batesse com o carro ou se desse algum problema em minhas mãos. Meu pai era taxista e uma vez, enquanto lavava o carro, me pediu para tirar o carro da vaga do estacionamento, porém o táxi não era dele (ele pagava diária pelo carro). Então recusei, e ele entendeu.

Só fui pegar em um carro mesmo na autoescola, uns 10 anos depois. Percebi o quão frustante era pegar em um carro para dirigir só aos 25 anos. E ao invés de meus olhos brilharem de felicidade neste momento, senti raiva. Raiva de não ter feito isso antes, raiva de não ter condição financeira de fazer autoescola mais cedo, raiva de não poder mais mostrar pro meu pai que eu finalmente tinha conseguido dirigir (ele faleceu em 2007, quando eu tinha 18-19 anos). E eu só consegui fazer a autoescola porque usei o dinheiro da rescisão do emprego que eu tinha acabado de ser mandado embora pra pagar à vista.

Terminei a autoescola? Não, pois em um dos dias de aula prática meu celular não despertou e não acordei a tempo. Perdi 2 horas e teria que pagar R$120. Como estava desempregado, não tive a menor condição de pagar por estas aulas. RENACH venceu, exame médico venceu, e hoje terei de fazer tudo de novo para poder finalmente tirar minha carteira. Mas dessa vez quero fazer diferente, irei primeiro comprar meu Fusca (carro barato, manutenção barata), já estou trabalhando novamente e pretendo guardar dinheiro para poder finalmente dizer que eu tenho o MEU carro, que aprendi a dirigir no MEU carro, sem medo de dar prejuízo a ninguém. Para aí sim poder refazer a autoescola e tirar minha tão sonhada carteira de motorista.

Me desculpem pelo tamanho do texto, mas pude finalmente desabafar um pouco, algo que estava guardando dentro de mim há anos. Um grande abraço a todos.

Não precisa se desculpar, cara. Temos todo tipo de história aqui, e a sua mostra que às vezes, é preciso ter paciência para esperar a hora certa. Temos certeza de que seu Fusca será um carro muito bacana. O primeiro carro é inesquecível, e a primeira vez que você for dirigi-lo também será!

 

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Mike Castro: Eu tinha 14 pra 15 anos. Já prestava atenção em como meu pai dirigia, meus tios, etc.
Estava na casa da minha avó, rolando um churrascão nervoso. Era uma daquelas festas que começam no sábado e terminam domingo. Deixando claro, nessas festas, dormia todo mundo na casa da vó, e não tinha perigo de ir embora bêbado.

Meu tio caçula, estava enchendo a caveira de cerveja, já que não teria que dirigir. E a esposa desse meu tio estava grávida, mas ainda não tava numa situação de risco, com o nenê quase nascendo e tal. Ela tinha ido para a casa da mãe dela, e meu tio ficou com a gente no churras.

De repente alguém liga doido: “A Luciana tá ganhando nenê, a Luciana tá ganhando nenê!!”
O único são era eu. Todos homens da casa chapados.

Finalmente eu não tomar cerveja com aquela idade iria servir para alguma coisa! Meu primo de 17 anos se f*deu, eu ia dirigir o carro do tio Andinho antes dele! Meu tio, doido de bêbado, já foi catando a chave do Fiat 147 e, preocupado, com a esposa, gritava: “PELAMORDEDEUS, MEU FILHO VAI NASCER, EU PRECISO IR LÁ!”

Aí eu falei: “Deixa eu dirigir!”
“Ah, mas você sabe?!”
“CLARO QUE SEI, TIO! VAMOS QUE O GABRIEL VAI NASCER!”

Sabia m*rda nenhuma, haha. Arranhei tanta marcha naquele fiatinho que parecia que tava matando todos gatos da rua! Mas levei meu tio, nada são, mas salvo, à maternidade!

Dizem que as marchas do câmbio do Fiat 147 arranhavam até com motoristas experientes, pois era um problema crônico. Fora isto, tinha tudo para dar errado… mas que bom que tudo correu bem!

 

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erick oliveira: Aos 14 anos. Em casa tinha um livro que ensinava a dirigir. Já era um livro muito antigo, mas tinha desenhos que mostravam e explicavam tudo sobre embreagem, sobre o reflexo nos retrovisores, sobre ângulos de visão (algo que nunca mais vi). Depois de ler o livro várias vezes, prestei atenção no que meu pai fazia, e um dia, quando o carro ficou em casa, eu entrei nele, coloquei no neutro, liguei, engatei a ré, e sai devagar. Andei de ré até perto do muro (lembrando sobre o que o livro falava sobre o tamanho das coisas do retrovisor quando se aproximam). Depois parei, engatei a primeira e entrei de volta na garagem. Me senti o moleque mais feliz da face da terra. Minha vó estava olhando, e não falou nada para mim e nem para meus pais.

Então a sua avó foi sua cúmplice! Mas esta história mostra que não há segredo para dirigir. Carros são intuitivos de se operar, especialmente para quem gosta muito deles.

 

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Lucas Timm: Eu não sei exatamente quando foi a minha primeira “experiência” dirigindo. Meu avô era caminhoneiro, e existe uma foto minha, em pé, no colo dele, segurando o enorme volante de uma Scania 110 em movimento enquanto ele me segurava. Eu estava “dirigindo” o caminhão, com 2 anos de idade. E sempre foi assim.

A primeira vez que dirigi sozinho, também foi com ele. Meu pai foi nos visitar em um assentamento de caminhoneiros, numa Fiat 147 City vermelha. E meu avô sabia que aquele era um bom carro para um nanico de 9 anos dar sua primeira volta sozinho. E era mesmo!

Meu avô pediu licença pro meu pai, sentou no banco do carona, e disse as palavras que eu nunca vou esquecer: “Tu já sabe fazer isso, só precisa agora fazer sozinho. Segue os meus comandos. Dá a partida (coloquei em ponto morto e liguei o carro), pisa e não solta a embreagem, coloca a primeira, e solta a embreagem devagarzinho”. E eu saí, e o carro não apagou. O resto veio naturalmente.

Não houve nada de emocionante naquele momento. Ele já era um caminhoneiro velho, que ensinou muita gente na vida dele. E eu era uma criança deslumbrada, me sentindo adulto, por dirigir aquela caminhonete pela primeira vez sozinho. Mas foi um dos nossos melhores momentos juntos.

Tudo o que eu sei hoje sobre controle do carro, punta taco, motores, transmissões, e mesmo dirigir caminhão (caminhão sozinho foi aos 11 anos, mas já não foi tão fácil), foi aprendido com o meu velho avô. Se ele não tivesse descansado, certamente eu teria virado caminhoneiro.

Como assim “não houve nada de emocionante”? Permita-nos discordar, Lucas. Ficamos emocionados aqui.

 

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Rodolfo Saito: A mais marcante pra mim foi no Japão, com uns 15 anos. Meu irmão me levou pra andar no monte Akagi com o Nissan 180SX dele, uns dois dias depois do meu aniversário. Chegando lá, ele estacionou o carro, perguntou se eu queria dar uma voltinha. Já tinha brincado de estacionar algumas vezes na vida, mas ainda não tinha noção de como usar a embreagem, e admiti pra ele com certa vergonha que estava com medo de deixar o carro morrer. Ele falou “vai soltando a embreagem devagarzinho, uma hora você vai ver que o carro vai fazer *uooom* querendo morrer. Quando ele fizer isso, você acelera!”

Consegui sair com sucesso, consegui até engatar uma segunda.

Nunca vou esquecer desse dia. Meu irmão é 8 anos mais velho e sempre soube ensinar as paradas de “ser homem”!

O carro (acima) também não era de se jogar fora.

 

FLR

Nego Niculas: Advinha quem pegou o carro do pai escondido pela primeira vez e agora tá de castigo? Haha: eu mesmo!

Descobri no ápice dos meus 15 anos que eu sou um motorista menos ruim que a maioria das pessoas! Eu fiz tudo perfeito, mas meu pai percebeu quando bateu o olho no hodômetro. Só esqueci desse pequenino detalhe. Tomei no c* mas valeu a pena!

Todo mundo já deve ter dado uma dessas, Niculas! Acontece… Mas agora, temos certeza de que você vai esperar a hora certa, não é? 😉

 

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Guilherme Laporti: A minha primeira vez foi normal, mas a do meu primo (com o qual eu estava do lado, ensinando) foi no mínimo engraçada. Estávamos na casa do meu avô, no interior do estado – ou seja, ruas livres. O carro era a Fiat Strada do pai dele.

Fui ensinar ele sobre a embreagem e que ele tinha que acelerar e soltar a embreagem devagar, normal. Ele deu umas morridas, mas depois conseguiu e botou o carro pra andar. Demos uma volta no “circuito” que consistia numa estrada que dava a volta num barranco (aqueles escavados com máquina). Nessa estrada tinha uma pequena ladeira em curva, onde ele deixou o carro morrer na subida porque não reduziu a marcha. Até aí, tudo tranquilo. Mas eu tive de tirar o carro da ladeira porque, né, primeira vez do cara. Aí, beleza. Fomos dar outra volta, e eu falei: “reduz e acelera um pouco pra subir a ladeira com mais torque”. Aí o fdp reduz, senta o pé no porão e vira o volante todo pro lado do barranco. O resultado está na foto acima.

Curioso como algumas histórias meio vergonhosas aconteceram sempre com algum amigo ou primo nosso, não? Brincadeira, Guilherme!

 

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André Pauluk: Eu devia ter uns 17 anos, e já guiava moto desde os 16. Mas os carros eu amava tanto e nunca tinha rolado a chance. Por vezes eu me via treinando mentalmente como faria tudo pra nao decepcionar quem provavelmente estaria ao meu lado quando eu fosse dirigir.

Meu pai me deu a chance de dar umas voltas no quarteirão pelo interior, na Fiat Elba velha de guerra dele. Fiz tudo dentro do esperado sem muita tragédia mas também, obviamente, sem mostrar a habilidade necessária.
Quando encontrei uns amigos na rua a pé, parei pra dar um “oi” e, claro, exibir minha nova conquista de moleque.

Claro que eu estraguei tudo, pois quis sair lixando pneu. Não fiz certo e, com a velocidade da luz, meu pai me comeu o fígado pela atitude. Resultado: só fui dirigir de novo aos 19 quando comprei meu próprio carro.

Bons tempos!