Para os admiradores da Honda, o nome Spoon Sports traz à mente de forma instantânea a pintura azul-e-amarelo e os motores naturalmente aspirados potentes e giradores. Honda Civic, S2000, Integra e NSX são só alguns dos modelos que já foram preparados para as pistas pela Spoon, que também consagrou-se como uma das mais importantes preparadoras aftermarket especializadas em Honda em todo o planeta. Talvez eles só sejam superados, em termos de importância, pela Mugen – e, pensando bem, esta é uma comparação é injusta, pois mesmo que não seja uma subsidiária da Honda, a Mugen foi fundada por Hirotoshi Honda, filho de Soichiro Honda.
Em todo caso, a Spoon Sports merece a fama que tem, por uma série de motivos. O primeiro Honda Civic a entrar em um campeonato de turismo foi inscrito por Tatsuru Ichishima, fundador da Spoon, antes mesmo que a própria fabricante o fizesse. Os produtos da Spoon são conhecidos pela durabilidade, pois Ichishima acredita que, para vencer corridas de longa duração – que são o forte da preparadora – a robustez e o equilíbrio dinâmico são mais importantes que a potência. E até hoje a Spoon confia em seu desempenho em eventos de pista para divulgar a marca, tanto no Japão quanto nos EUA, onde atua há mais de uma década – quase sempre com a presença do próprio Ichishima-san, que faz questão de examinar os carros pessoalmente antes de cada corrida. Às vezes o Honda Civic que começou tudo – um hatchback de terceira geração fabricado em 1985 – participa das competições.
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Já contamos a história da Spoon, mas hoje vamos falar de um de seus projetos mais recentes e notórios: o Honda Civic Type-R “center-drive” que a preparadora vem usando para divulgar sua marca nos EUA em eventos de time attack desde 2016. Sim, um Honda Civic Type-R FD2, sedã, com o piloto sentado no meio. E não é só isto.
O carro foi importado do Japão pela própria Spoon, bem como o famoso Honda NSX que correu no Grand Prix de Macau e também já foi tema de post no FlatOut. A ideia era escolher qual deles seria utilizado como veículo de divulgação no circuito de time attack dos EUA, e o piloto Daijiro Yoshihara incrivelmente optou pelo Civic não apenas porque o sedã era mais simples de conduzir, mas também porque foi mais rápido que o NSX na pista onde os dois carros foram testados.
Se você leu o post sobre o NSX, deve lembrar que seu motor V6 foi preparado pela Spoon para entregar algo entre 450 cv e 500 cv, dependendo do acerto. Então, qual é o segredo do Civic para ser mais rápido que o NSX?
Para começar, o motor K20A2 preparado pela Spoon tem grande parte da culpa: além de receber componentes internos reforçados, um novo coletor de admissão e uma central eletrônica Motec M800, o quatro-cilindros é sobrealimentado por um turbocompressor Garrett GTX3576R. O resultado: 510 cv a 7.980 rpm (rotação estratosférica para um quatro-cilindros turbo) e 20 mkgf de torque, moderados por uma caixa feita sob medida pela Special Projects Motorsports, com engrenagens forjadas e diferencial Giken.
Naturalmente, se tratando de um carro de time attack, não basta ter um motor potente. Além de ter sido aliviado ao extremo, com a remoção de todo o acabamento interno e dos itens de conforto (que no Type-R já não eram muitos), o Civic da Spoon ganhou molas e amortecedores ajustáveis KW e tratamento aerodinâmico que inclui um enorme spoiler frontal, assoalho plano e um difusor traseiro obscenamente grande, que trabalha em conjunto com a asa traseira para reduzir a turbulência do ar na região. Com o esquema de cores usual da Spoon o visual do carro dispensa comentários.
O que realmente chama a atenção, porém, é a posição do piloto. De acordo com a Spoon, o principal objetivo da conversão foi simplesmente atrair a atenção para o Type-R nos eventos – algo que sem dúvida ele faz. Contudo, há outros bons motivos: além de tornar perfeita a distribuição de massas entre o lado direito e o lado esquerdo, colocar o banco concha da Momo no centro do carro permite que se mude facilmente o posicionamento da alavanca de câmbio, permitindo que pilotos acostumados com a mão inglesa – britânicos, japoneses, australianos – se sintam tão à vontade no carro quanto quem está acostumado a trocar as marchas com a mão direita.
A conversão, de acordo com a Spoon, foi relativamente simples, exigindo um suporte de direção feito sob medida e a remoção do túnel central – que, no Civic de oitava geração, abrigava apenas a tubulação de escape. Isto não foi um problema, pois a Spoon fabricou um novo sistema de escape sob medida, com a saída no para-lama dianteiro esquerdo.
A preparadora afirma que até mesmo o projeto da gaiola de proteção foi beneficiado pelo reposicionamento do piloto, pois esta permitiu que a rollcage tivesse um desenho mais simples e, ao mesmo tempo, mais eficaz na hora de proteger o habitáculo e aumentar a rigidez da estrutura. Curiosamente, o piloto Dai Yoshihara afirma que pilotar no centro não é tão diferente de sentar-se à direita ou à esquerda, pois já está acostumado com ambas as configurações.
Agora, esta não foi a primeira vez que a Spoon fez um Honda Civic com o motorista posicionado no centro. No Tokyo Auto Salon de 1995 a preparadora apresentou um Civic hatchback de quinta geração com estrutura monocoque de fibra de carbono e motor quatro-cilindros de Fórmula 3.
Não há muitas informações disponíveis a respeito do carro, e também não existem tantas imagens – estas quatro fotos, aparentemente, são tudo o que restou.