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Adeus, EJ20: uma coletânea matadora do boxer de dois litros da Subaru

No último Salão de Tóquio, que rolou há algumas semanas, a Subaru confirmou o que já era dado como certo: o motor EJ20, seu lendário motor boxer de dois litros, deixará de ser produzido em março de 2020. Encerra-se uma era que durou exatos 30 anos – o primeiro Subaru a usar o EJ20 foi o Legacy de primeira geração, em 1989.

O boxer da Subaru, de forma geral, representa boa parte do apelo que os Subies têm junto aos fãs, e não é difícil de entender o motivo. Todo entusiasta aprecia a ideia de ter um carro que foge da norma vigente – no caso, a configuração dos cilindros, opostos e horizontais, em vez dos quatro-cilindros em linha que dominam (ou dominavam?) a indústria. A Subaru sabe disso, e faz questão de exaltar as qualidades dos cilindros opostos sempre que tem a oportunidade – centro de gravidade mais baixo; menor quantidade de vibrações; e, claro, o ronco característico, rouco e borbulhante, concedido pela ordem de ignição dos cilindros – 1-3-2-4, para quem não sabe.

O motor EJ20, em diferentes variações, foi empregado por uma infinidade de modelos da Subaru nestas três décadas. Em sua primeira configuração, quando ainda era apenas naturalmente aspirado, ele entregava 125 cv na versão com comando simples nos cabeçotes, e 150 cv quando dotado de comando duplo.

Já em 1990 o EJ20 demonstrava seu potencial para competições. Com um turbocompressor IHI RHB52 VF15 operando a 1,6 bar, um intercooler água-ar, e outras modificações realizadas pela Prodrive – a preparadora britânica que, naquele ano, passou a ser a equipe de fábrica da Subaru no WRC – o motor EJ20 passava a nada menos que 300 cv e 40 kgfm de torque.

Em 1993, com a chegada do primeiro Impreza, o motor EJ20 seguiu em uso nos carros de rua e competições, estabelecendo-se alia receita básica que permearia a trajetória da Subaru no WRC nas décadas seguintes. Naquele ano, ainda com o Subaru Legacy, Colin McRae conquistou a primeira vitória do EJ20 no WRC, ficando em primeiro lugar no Rali da Nova Zelândia.

Com o motor EJ20, a Subaru conquistou três títulos de construtores no WRC (1995, 1996 e 1997); e três no campeonato dos pilotos – com Colin McRae em 1995, Richard Burns em 2001, e Petter Solberg em 2003. A Subaru competiu com uma equipe de fábrica no WRC até 2008, quando restrições orçamentárias obrigaram a empresa a encerrar o programa, e nunca deixou de usar o EJ20 no Impreza de rali. O mesmo motor, sempre com 300 cv (por exigência do regulamento), foi usado por três gerações do Impreza no WRC.

O motor EJ20 foi usado no Subaru Legacy, no Outback e no Forester – além, é claro, do Impreza e de suas variações WRX e WRX STI. No caso deste último, restrito apenas ao Japão, visto que o WRX para outros mercados usava o EJ25, de 2,5 litros.

Então, era natural que o último dos Impreza com motor EJ20 tenha sido feito no Japão – onde ele ainda sobrevive no WRX STI. A Subaru anunciou no mesmo Salão de Tóquio o Impreza WRX STI EJ20 Final Edition, como forma de despedir-se do EJ de dois litros em grande estilo.

Com a famosa combinação de pintura azul e rodas BBS douradas, o Final Edition traz uma versão de 304 cv e 43 kgfm do EJ20 (mais potência e torque que a versão do WRC nas décadas de 1990 e 2000), acoplado a uma caixa manual de seis marchas.

A tração é integral, claro, com diferencial autoblocante. As rodas de 19 polegadas escondem freios Brembo, e a Subaru diz que o motor foi acertado de forma exclusiva para a série limitada. Serão feitas 555 unidades, em uma referência óbvia ao patrocínio da marca de cigarros State Express 555 na década de 1990. Os interessados (apenas no Japão, infelizmente) poderão encomendar o seu até dezembro.

Nossa pequena homenagem vem a seguir: uma coletânea de vídeos matadores com o EJ20. Godspeed!

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Sempre se vê vídeos de Colin McRae com o Subaru Impreza – afinal, foi com ele que o lendário piloto escocês conquistou seu título em 1995. Mas o Legacy RS, que estreou o EJ20 em competições, também tinha seu charme, embora fosse um carro maior e mais “quadrado”. Neste vídeo, foram editados alguns dos melhores momentos de McRae com seu Legacy no Tour de Corse de 1993, que ele terminou na quinta posição.

 

Aqui, temos Carlos Sainz e Colin McRae no Impreza WRC de 1995, ano do primeiro título da Subaru na competição – e também o primeiro e único de McRae. Você vai reparar que, em algumas cenas, o número “555” do patrocinador é substituído por parênteses, pois as restrições contra propagandas de cigarros no automobilismo já começavam a ganhar mais força.

 

Quer um motivo legítimo para sentir inveja dos europeus? Por lá, são comuns eventos onde os donos de carros de rali clássicos podem acelerar à vontade – como o Rally Legends, em San Marino. Lá, o youtuber 19Bozzy92 teve a chance de filmar de perto o Impreza WRC que Petter Solberg guiou no Rali Monte Carlo de 2002; e o carro que Richard Burns conduziu no Rali Sanremo e no Tour de Corse de 2001 (a partir do minuto 1:27).

 

Neste outro vídeo, vemos um Impreza WRX “blob eye” (segunda fase da segunda geração, de 2002 a 2005) com um setup de preparação bastante direto, com pistões Wossner e bielas ZRP, ambos forjados; turbocompressor operando a 1,4 bar; wastegate externa Turbosmart de 38 mm; injetores de 550 cm³ vindos do STi, e escape de 76 mm. Não é preciso muito mais para fazer um EJ20 soar bem, muito bem.

 

Este outro projeto é totalmente diferente: trata-se do Impreza com o qual o italiano Mauro Soretti disputa campeonatos de hillclimb e time attack por toda a Europa. E ele sabe o que faz: conhecido na comunidade “subarista” como um dos grandes especialistas em preparação do motor EJ, ele extraiu mais de 600 cv do EJ20 de seu GC8.

 

Seguindo em direção a algo completamente diferente, temos aqui um Toyota MR-S – a última geração do lendário MR2 – equipado com um motor EJ20. Seu proprietário, Keita Suzuki, decidiu colocar o voxer no carro por conta do centro de gravidade mais baixo em um motor longitudinal (originalmente, o MR-S tem um quatro-cilindros em linha transversal). Com 280 cv de fábrica, o EJ20 tem exatamente o dobro da potência do motor 1.8 original do esportivo Toyota.

 

Falando em Toyota e em engine swap: você deve saber que os gêmeos Subaru BRZ e Toyota 86 usam um boxer de dois litros – mas não o EJ20, e sim o FA20, criado especificamente para o Toyobaru. Mas em 2012, para competir na categoria GT300 da Super GT, a Subaru Technica International preferiu recorrer ao bom e velho EJ20, aproveitando sua longa experiência com o motor no WRC. Até mesmo sua potência é semelhante: 300 cv, acompanhados de 45,6 kgfm de torque.

 

Agora, se você quer ver algo diferente, mais na linha engineering porn, assista a este vídeo: trata-se da remontagem de um motor EJ20 de um Subaru XT all-stock. O barato é que foi usado um microfone estéreo de alta definição, o que proporciona uma experiência auditiva bem imersiva e relaxante com fones de ouvido.

 

Mas vamos voltar aos extremos: aqui, temos um EJ20 com kit stroker para 2,1 litros, turbo Precision 60/62 operando a 2 bar de pressão, coletor de admissão Process West e escape de titânio Tomei Expeme Ti. De acordo com a medição no dino, o carro tem 816 cv nas rodas. E o ronco faz jus aos números.

 

Por fim, não poderíamos deixar de destacar o Impreza GC8 de “JJ”, o vovô gearhead que apareceu em um episódio de dezembro de 2018 do FlatOut Midnight: o carro recebeu todo o conjunto mecânico do Impreza WRX Spec C de segunda geração (motor, câmbio de seis marchas e diferencial).

O motor recebeu novos injetores, novas flautas de combustível e um turbo maior, mas JJ nunca aferiu os números. Para ele, o comportamento do carro (e os pegas que ele já ganhou) falam por si.