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Algum maluco colocou um V12 AMG de 7,3 litros e 565 cv em um Mercedes-Benz W123 Wagon

O Mercedes-Benz W123 Wagon é conhecido por sua discrição, sua robustez e sua versatilidade — ele pode ser um daily driver fiel por décadas, um indestrutível táxi capaz de rodar centenas de milhares de quilômetros (pergunte a qualquer um na África do Sul, onde os táxi Mercedes das antigas ainda são muito populares) e até uma máquina de andar de lado em competições de dorifuto.

O motor V12 M120 da Mercedes também goza de uma bela fama — afinal, estamos falando de uma verdadeira obra-prima da engenharia alemã, que esteve no cofre de praticamente todo Mercedes-Benz com motor V12 nos anos 1990 e início dos anos 2000. E isto inclui até mesmo o Mercedes-Benz CLK GTR, que nasceu para competir nas provas de longa duração e ganhou uma versão de rua para homologar o carro de corrida.

E o que acontece quando você junta os dois? Basicamente, o sonho de qualquer entusiasta — especialmente se o W123 em questão for uma perua, e se você tiver uma quedinha pelos Mercedes-Benz.

O M120 é um motor V12 com bloco de alumínio e comando duplo nos cabeçotes, com quatro válvulas por cilindro (48 válvulas no total). De início, tinha deslocamento de seis litros (5.987 cm³). Com diâmetro x curso de 89×80,2mm, é um motor relativamente girador que, em sua especificação mais mansa, entregava cerca de 400 cv — suficientes para levar o sedã S600 da geração W140 até os 100 km/h em seis segundos.

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E se isto já lhe soa muito bem, saiba que o M120 ficou ainda maior e mais potente com o passar dos anos. Em 1999, se você tivesse grana e paciência o suficiente, podia comprar um Mercedes-Benz SL600 R129, roadster esportivo vendido pela marca na época, e transformá-lo em um verdadeiro monstro. Originalmente, ele vinha com o M120 original de seis litros e  400 cv, mas você podia levá-lo para a AMG e pedir que eles fizessem sua mágica.

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O resultado era o Mercedes-Benz SL73 AMG. Se você esta acostumado com a nomenclatura clássica, já entendeu mais ou menos do que se tratava. A AMG ampliava o deslocamento do motor para 7,3 litros e reforçava os componentes internos. O resultado? Nada menos que 525 cv e 76,4 mkgf de torque, suficientes para chegar até os 100 km/h em 4,8 segundos, com máxima de 300 km/h. Nada mal para um carro que pesava quase duas toneladas de aço alemão, não é?

E não parou por aí: como mencionamos há pouco, o Mercedes-Benz CLK GTR, criado para ser um rival de peso para o McLaren F1 no FIA GT, também usou o M120, em uma versão de 6,9 litros, com pistões forjados, bielas de titânio e 600 cv. Com ele, a Mercedes conquistou o título de construtores do FIA GT de 1997 depois de vencer seis vezes — a primeira delas, em Nürburgring.

Sendo assim, não foi à toa que Horacio Pagani optou pelo M120 ao projetar o supercarro de seus sonhos. Lançado em 1999, o Pagani Zonda, original usava exatamente o mesmo V12 de seis litros do S600, com cerca de 400 cv, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Era o bastante para levá-lo até os 100 km/h em 4,2 segundos e aos 160 km/h em 9,2 segundos.

A cada ano, novas atualizações foram promovidas no Zonda e em seu motor — sempre com base no M120. No Zonda S, por exemplo, o deslocamento foi ampliado para sete litros, enquanto a potência subiu para 550 cv. No insano Zonda 760S, são 7,3 litros e 760 cv — sem qualquer tipo de indução forçada, é importante frisar.

O que, finalmente, nos traz ao carro que viemos mostrar hoje: um Mercedes-Benz W123 wagon equipado com um V12 M120. É óbvio que o motor não foi usado apenas no Pagani Zonda, mas é difícil resistir à tentação de dizer que se trata de uma perua clássica alemã com motor de supercarro, não é mesmo? Não precisa se sentir culpado por encarar as coisas desse jeito — nós, ao menos, não nos sentimos.

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Trata-se de um projeto russo (de onde mais, não é mesmo?), o que dificulta bastante o acesso à informações mais específicas. O que sabemos é o seguinte: o dono deste carro tinha um W123 com um seis-em-linha M110, de 2,8 litros. Quando o motor, depois de muito uso, finalmente entregou os pontos, ele decidiu que o próximo coração definitivamente seria maior e mais potente. Mas tem gente que não sabe brincar.

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O motor ocupa praticamente todo o cofre do carro e certamente exigiu algumas modificações estruturais por causa das novas dimensões e do peso do V12. Trata-se de uma versão de 7,3 litros, 558 cv e 73,4 mkgf de torque do M120, acoplada a uma caixa automática de cinco marchas — conjunto que, aparentemente, veio de um raro Mercedes-Benz S73 AMG, versão mais estúpida do Classe S W140.

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Repare como o painel dianteiro foi trucidado e refeito artesanalmente. Certamente que o sistema de arrefecimento terá que encontrar um posicionamento alternativo para os radiadores

O carro ainda não está rodando, aparentemente. A última grande atualização foi um vídeo (de qualidade bem sofrível, por sinal) com o V12 funcionando. O ronco é simplesmente absurdo.

O criador do projeto afirma no site Drive2.ru que sua ideia é montar um carro de rua, com interior completo, cinco lugares e todo o conforto do W123 original, e não um monstro de pista.

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Claro, aparentemente ainda falta bastante para que o projeto seja concluído mas, quando alguém coloca um motor de supercarro em uma perua das antigas, não há como ignorar. Só desejamos que esta besta fique pronta logo!