“Tem que ter o adesivo da Ferrari atrás. Se não não funciona.” Poderia ser um mecânico ou um piloto falando sobre seu carro, mas esta citação é de Yngwie Malmsteen, guitarrista virtuoso sueco, ao comentar sobre uma das centenas de guitarras de sua coleção.
Malmsteen é um dos grandes guitarristas de todos os tempos, daqueles que revolucionaram a forma de se tocar e ouvir música feita por guitarras. Pense nele como um Alain Prost das guitarras, acho que é uma boa analogia. Não foi o maior nem o mais bem-sucedido, mas certamente foi extremamente influente e importante para o negócio.
A combinação de carros e guitarras não é nada incomum. Aqui no FlatOut, por exemplo, eu e o Juliano temos as nossas. Somos dois músicos “frustrados”. Em vez de banda, fizemos um site. Marty McFly, ainda que um personagem fictício, é outro exemplo: os filmes “De Volta Para o Futuro” têm tantas referências aos carros quanto às guitarras — quem entende dos dois assuntos percebe.
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E ainda temos a turma do rockabilly/psychobilly, que combina os hot rods dos anos 1950 ao rock ‘n’ roll da época. Temos Eddie Van Halen colocando o ronco de um Lamborghini no meio da música, ou Sammy Hagar fazendo uma ode à velocidade com sua Ferrari 308 GTS preta, dizendo que não consegue dirigir a 55 mph (que, curiosamente é trilha de “De Volta Para o Futuro II”. Temos o ZZ Top (também ligado a “De Volta Para o Futuro”) colocando os hot rods no mainstream nos anos 1980 com a temática do disco Eliminator. E temos, claro, a indústria automobilística influenciando as cores e nomes das guitarras nos anos 1960. São assuntos que podem não ter apelo conjunto a todos os entusiastas de carros ou a todos os guitarristas, mas eles sempre foram muito interligados.
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Tanto que Yngwie (se fala “Íngve”), depois de migrar da Suécia para os EUA, em 1983, e fazer sucesso com seu estilo neoclássico, inspirado por Paganini e Bach (além de Jimmy Hendrix e Richie Blackmore, guitarrista do Deep Purple), ele decidiu comprar um carro porque, segundo suas palavras, “não se faz nada sem carro em Los Angeles”.
Yngwie mostra que sempre foi um fã de esportivos: seu primeiro carro nos EUA foi um Jaguar E-Type branco, com câmbio manual. Embora nunca tenha dado entrevistas especificamente sobre seus carros, Malmsteen deu a entender que teve alguns modelos europeus como Rolls-Royce e Mercedes (além do Jag) antes de comprar sua primeira Ferrari, em 1988. Segundo o próprio Malmsteen, ele estava passando por uma concessionária que ficava em seu caminho diário, durante a gravação de seu disco “Eclipse”, em Miami, decidiu entrar na loja e acabou comprando sua primeira Ferrari.
O carro em questão era uma 308 GTS Quattrovalvole prata, 1983, com 23.000 milhas e rodas raiadas Borrani. “Foi um caminho sem volta”, diz ele, que hoje tem uma pequena coleção com sete modelos da marca. “Eu só dirijo Ferrari”, diz em um dos vídeos com seus carros, onde também fala que o que mais lhe atrai, além do visual dos carros, é a grelha da alavanca do câmbio manual e a troca de marchas “à moda antiga”.
Esta Ferrari acabou vendida em 2007 com 53.000 milhas e alguns reparos a se fazer por apenas US$ 26.000 (cerca de US$ 39.000 em 2024 — sim, era isso que valia uma 308 há 17 anos). Infelizmente há poucas fotos do carro, ainda que ele tenha sido usado em algumas fotos promocionais do músico no início dos anos 1990.
Ao longo destes 36 anos, contudo, Yngwie acabou comprando outros modelos — atualmente a garagem tem uma 308 GTS “com carburadores Weber”, segundo ele, o que indica que é um exemplar dos anos 1970, pois a injeção mecânica veio em 1980, e uma 308 GTS Quattrovalvole vermelha, que está a venda.
Os outros quatro carros são uma 360 Spider, uma 355 Spider, uma 348 Spider e uma Mondial 3.2 Cabriolet. Todas são equipadas com câmbio manual — algo que o músico faz questão de ter em seus carros e, aparentemente, é o motivo de a 360 ser o exemplar mais novo da garagem. Os mais atentos já devem ter notado que a conta tem apenas seis carros (duas 308, 348, 355, 360 e Mondial). O sétimo carro é um mistério.
Não há fotos, vídeos ou menção a ele. No fórum Ferrari Chat especula-se que ele tenha uma 250 GTO, mas é pouco provável, considerando que ele não perde a chance de mostrar sua coleção de carros e guitarras — tampouco sua paixão pela Ferrari.
Yngwie costuma ser impreciso ao falar de dados e datas sobre seus carros — no vídeo acima, por exemplo, ele diz que há apenas 30 Mondial Cabriolet 3.2 manuais, mas o número é bem maior. Talvez os sete carros que ele menciona, sejam seus atuais seis mais aquele vendido em 2007. Vá saber.
Algo que se nota nos carros de Yngwie é que ele não liga muito para a originalidade. Sua 308 GTS QV tem um volante aftermarket, enquanto sua 360 Spider tem uma tela próximo à alavanca de câmbio, também instalada fora da fábrica. E sua Mondial atualmente circula com rodas da 360 Modena.
O que é notório é que ele é um grande entusiasta da marca. Já fez música para os carros — o blues “Sun’s up, Top’s Down” —, tem bandeiras e miniaturas da Ferrari espalhadas por seu estúdio, e adesivos da Scuderia em suas guitarras, violões e pedais, e até fez algumas fotos promocionais no museu da marca, em Maranello.
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