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As melhores músicas inspiradas por carros, viagens e motores – Parte Final

Chegamos finalmente à parte final das melhores músicas inspiradas por carros, viagens, motores, motos e afins. Na primeira parte, a lista foi sugerida pela equipe do FlatOut! Depois, foi a lista com as sugestões dos nossos leitores — que nos inundam com as melhores dicas da internet. Agora, trazemos a terceira e última parte desta mini-série, com o restante das músicas sugeridas por vocês!

 

Ronny & The Daytonas – GTO

Esta foi uma das muitas bandas americanas que aproveitaram o sucesso dos Beach Boys e apostaram em um rock despretensioso sobre a cultura adolescente da época. Apesar de parecer um grupo liderado por um cara chamado Ronny, a banda começou quando o vocalista/guitarrista John Wilkin compôs a música GTO no fim da high school (o atual “terceirão”). Logo depois, sua mãe Marijohn Wilkin — uma compositora de música country — o ajudou a descolar um contrato e uma sessão de gravação. A música foi gravada por John e uma banda formada por músicos de estúdio, mas o produtor queria que a música fosse lançada por uma banda em vez de um artista solo. Então John se tornou Ronny Dayton e a banda “The Daytonas” — que na verdade não existia até a gravação do disco e não tinha membros fixos, apenas músicos contratados. 

A música foi lançada em 1964, e foi totalmente inspirada no mais recente modelo da Pontiac, o GTO — o carro que inaugurou a era dos muscle cars americanos (leia mais neste post). Ela falava sobre o visual bacana (“you really looking fine”), sobre o motor e o ronco (“three deuces and a four-speed / and a 389 / listen to her tachin’up”) e seu desempenho (“you oughta see her on a road course / or a quarter mile”), além do desejo do jovem Johnny/Ronny de levá-lo para a pista (“get a helmet and a roll bar / take it out to Pomona”).

Além de “GTO”, Ronny Dayton ainda lançaria outras músicas inspiradas nas máquinas da época como “Bucket T”, “Little Scrambler”, “Hot Rod Baby”, “No Wheels”, “Hot Rod City” e “Antique ’32 Studebaker Dictator Coupe”. Mas não se empolgue: apesar da temática totalmente petrolhead a qualidade musical não chega aos pés dos Beach Boys.

 

The Beatles – Drive My Car

Em “Rubber Soul” o Fab Four começou a mostrar sua veia psicodélica tanto nas letras quanto nas harmonias. “Norwegian Wood”, por exemplo, trazia cítara indiana acompanhando baixo, guitarra e bateria. A música de abertura do disco, “Drive My Car”, aparentemente fala de uma garota que ficará famosa e deixará o cara ser seu chofer (“baby you can drive my car”) e que, talvez, ela se apaixone por ele. Depois o cara topa a parada e a moça admite que não tem um carro, mas ter um motorista já é um bom começo.

Acontece que “drive my car” é uma gíria blueseira dos anos 1940/50 para sexo. Na época, não haviam tantos carros com câmbio automático e era preciso manejar a alav… bem, acho que está subentendido, não?

 

Prince – Little Red Corvette

“Little Red Corvette” é outra música que não é o que parece: toda a letra é feita de eufemismos para um “one night stand”, que é como os americanos chamam o sexo casual, que dura uma noite e nada mais. “Little Red Corvette/Baby you’re just too fast” não é uma referência a uma gata dirigindo um Corvette em alta velocidade, mas sim à ansiedade da moça em fazer as coisas rolarem, se é que me entendem…

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Outro trecho é o “pocket full of horses Trojan”, que pode ser interpretado como a potência do motor, mas que na verdade fala sobre os preservativos da marca Trojan, comuns nos EUA, na época. Apesar da referência puramente sexual, a Chevrolet adotou a música em uma campanha há alguns anos, dizendo que “Não se faz músicas sobre Volvos”.

 

The King Cole Trio / Chuck Berry / Rolling Stones – Route 66

“Route 66” foi escrita em 1946 pelo compositor Bobby Troup, e é um blues básico (12-bar) gravado originalmente pelo The King Cole Trio, cuja versão estourou nas paradas de blues e R&B daquele ano. Mais tarde, nos anos 1950, a música se tornou um “standard” americano e foi gravada por Chuck Berry e duas bandas recém-chegadas da Inglaterra: Them (do guitarrista Van Morrison) e Rolling Stones.

A inspiração para a música veio exatamente de onde você imagina: uma viagem através dos EUA. O compositor Bobby Troup decidiu sair da Pennsylvania em direção à Califórnia para tentar a vida como compositor. Junto com sua esposa Cynthia ele arrumou suas coisas em seu Buick 1941 e saiu em direção ao oeste pela Highway 40 e depois pela Route 66. Inicialmente ele pretendia chamar a música de Highway 40, mas sua esposa sugeriu o título “Get Your Kicks on Route 66”. A música foi composta ao longo da viagem, que durou dez dias e fala sobre a própria jornada do casal até a ensolarada Costa Oeste.

A nova vida deu certo: Bobby Troup teve dezenas de músicas gravadas por outros artistas, lançou 13 discos e se tornou ator, ficando famoso no papel do dr. Joe Early no seriado “Emergency!”, exibido entre 1972 e 1977 nos EUA.

 

Steppenwolf – Born To Be Wild

Ligue seu motor e pegue a estrada em busca de aventura e o que mais aparecer pela frente. É com essa proposta que o compositor Mars Bonfire inicia a música que se tornou o hino de várias gerações de aventureiros errantes motorizados — seja sobre duas, três, quatro, seis ou dezoito rodas. Originalmente “Born To Be Wild” foi composta como uma balada e oferecida a várias bandas, mas em 1967 os caras do Steppenwolf a aceitaram e a transformaram em um rock acelerado, muito mais adequado ao clima da letra.

No ano seguinte a música foi incluída na trilha sonora do filme “Sem Destino” (Easy Rider – 1969), sobre uma dupla de motoqueiros hippies que viajam sem destino pelas estradas dos EUA, encarando o que vier pela frente exatamente como a letra da música. A referência às viagens motorizadas continua com o verso “racing with the wind” e, claro, a sensação de ser um filho da natureza (“a true nature child”) em busca de sua origem selvagem distante das regras da civilização. Em resumo: um daqueles passeios que todo fã de carros gosta de fazer para esfriar a cabeça e esquecer dos problemas — só que de um jeito bem mais radical.

 

The Clash – Brand New Cadillac

Em 1979 os britânicos do Clash lançaram “London Calling”, álbum duplo que parodiava a capa do disco de estreia de Elvis Presley. Além da capa, os punks também homenagearam outro artista da época com o cover de “Brand New Cadillac”, de Vince Taylor. A música foi originalmente lançada como lado B e por isso não fez grande sucesso na época.

Foi somente quando o Clash fez sua versão para “London Calling” — o clássico definitivo da banda — que a música se tornou conhecida mundialmente, atingindo o status de clássico. A letra? Como sempre uma história ingênua do começo dos anos 1960: a menina apareceu dirigindo um Cadillac novinho e não quer mais saber do cara.

 

Kraftwerk – Autobahn

Nesta música de 22 minutos os pioneiros do “electro pop” do Kraftwerk buscaram inspiração em uma viagem pelas famosas autobahnen — as autoestradas alemãs. O refrão “Fahren fahren fahren” (dirigindo, dirigindo, dirigindo) foi influenciado diretamente pela música “Fun Fun Fun” dos Beach Boys (aquela, que fala sobre a menina que se divertiu com o T-Bird do seu pai). O restante da música foi influenciado pelas horas dos membros da banda ao volante. Segundo Wolfgang Flür, a banda “costumava ouvir os sons do seu carro, dos carros passando, dos caminhões, da chuva e de todo o ambiente viário” e daí veio a ideia de recriar esses sons com sintetizadores e instrumentos eletrônicos.

 

Depeche Mode – Behind The Wheel

O eletropop oitentista do Depeche Mode é melhor conhecido pelo hit “Enjoy the Silence”, e talvez por isso você jamais imaginasse que os britânicos fossem se inspirar em uma viagem de carro para compor uma de suas músicas. De fato, na realidade ela não foi inspirada diretamente por uma viagem de carro, mas sim por uma música inspirada em uma viagem de carro: a própria “Route 66” que apareceu mais acima.

Apesar da harmonia e da levada suaves, a música pode ser uma trilha sonora interessante para um passeio noturno introspectivo — aqueles que a gente faz em baixa velocidade, mergulhando na cidade e nas ruas, assistindo tudo envolto por nossa redoma de vidro e metal. É exatamente disso que a letra de “Behind The Wheel”, do álbum “Music For The Masses” canta.

 

Zeke – V8 302 Blues

Em tempos pré-internet, a única forma de você conhecer o som dessa banda de hardcore de Seattle era pelas coletâneas “Punk-O-Rama” da Epitaph/Paradoxx — ou pelo game “Tony Hawk Pro Skater 4”. Mais tarde, a internet nos permitiu mergulhar na discografia dos caras e descobrir que muitas das músicas é inspirada por carros e velocidade — algo que reflete nos riffs rockabilly tocados freneticamente —  como “V8 302 Blues”, “Holley 750”, “Hemicuda”, “Highway Star”, “Galaxie 500” e “Lords of The Highway”.

Como a banda dedica várias músicas aos carros, vamos indicar somente duas e deixar a recomendação para conhecer a fundo a discografia dos caras. Especialmente se você curte carros americanos e punk rock das antigas.

 

Fu Manchu – King of The Road

Outra banda que dedica boa parte de suas letras aos muscle cars e às aventuras ao volante é o Fu Manchu. Na verdade, os californianos falam especificamente sobre três temas: sci-fi e ufologia, skate e surfe dos anos 1970 e 1980, e veículos motorizados. Estes últimos são homenageados em várias capas de discos, como “Return To Earth”, “Eatin’ Dust”, “King of The Road” e “California Crossing” — que traz a El Camino e a prancha de surfe do vocalista Scott Hill.

Você talvez conheça a banda pela trilha sonora de “Tony Hawk Pro Skater 2”, que trazia a porradaria de “Shift Kicker”, uma boa introdução ao mundo motorizado do Fu Manchu. Para conhecer melhor esse universo, vá com “Evil Eye”, “Boogie Van”, “King of The Road” e “Mongoose”. É como se eles usassem motores V8 como guitarras — e também é a melhor trilha sonora para hooning a bordo de muscle cars.

 

Não deixe de conferir também nossas listas com os melhores clipes feitos com carros…

Os melhores clipes musicais com carros já feitos no mundo — parte 1

Os melhores clipes musicais com carros já feitos no mundo — parte 2

Os melhores clipes musicais com carros já feitos no mundo — parte 3

 

… e também as melhores músicas para ouvir ao volante:

As melhores músicas para acelerar — Parte 1: ROCK

As melhores músicas para acelerar — Parte 2