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Bentley adia seu futuro 100% elétrico
Como a maioria das empresas, a Bentley prometeu um futuro 100% elétrico. Em 2020, disse que o último Bentley com motor à combustão interna seria feito em 2030, e a partir daí, só elétrico. Só que não.
O CEO da Bentley, Adrian Hallmark, disse agora que o prazo de 2030 não deveria mais ser considerado inflexível. “Podemos prolongar isso um pouco mais”, disse ele, em uma teleconferência para discutir os resultados financeiros da empresa, “mas não até 2035 ou 2040, apenas por mais alguns anos”.
Claro que a pressa arrefeceu: os elétricos continuam a crescer em vendas, mas não no ritmo esperado quando essas promessas foram feitas. A revista Autocar dá mais detalhes do novo plano da Bentley: o primeiro carro 100% elétrico da marca foi adiado, por exemplo, para o final de 2026. Era para sair em 2025, e seria o primeiro de cinco novos EV previstos a uma taxa de um por ano. O primeiro atrasa, todo resto da fila também. Este primeiro modelo totalmente elétrico da Bentley será uma adição à sua linha de ofertas, e não um substituto direto de um carro existente.
Mesmo que os novos Bentleys não sejam todos totalmente elétricos em 2030, pelo menos serão eletrificados – a partir de 2026 mantém-se o compromisso de que apenas serão oferecidos modelos hibridizados, com uma gama de plug-ins.
Os face-lift dos Flying Spur e o Continental verão a chegada do que a Hallmark descreveu como “híbridos de alto desempenho” que se presume V8 com ajuda elétrica, como o seu irmão de plataforma Porsche Cayenne Turbo S E-Hybrid, que tem 729 cv.
A Bentley, apesar deste atraso, ainda é uma empresa de extremo sucesso. Hallmark diz que o Bentley obteve um lucro operacional de 589 milhões de euros, o segundo melhor na história da empresa, e uma incrível margem de lucro de 20,1%. O SUV Bentayga continua a ser o modelo Bentley mais vendido a nível mundial, responsável por 44% das vendas, com o Continental GT cupê e GT Convertible representando 31% e o sedã Flying Spur 25%. E como são todos carros de luxo caros, a eletrificação não deve mudar isso. (MAO)
O Novo Mercedes-AMG GT de quatro cilindros
Como já contamos aqui, o novo AMG-GT está mais para uma reedição do coupé SL chamado no passado de SLC, do que um novo supercarro como era o GT anterior. Basicamente, é agora um SL coupé. Não que isso seja uma má ideia: é uma decisão empresarial correta. Mas muda o foco do que entendemos por AMG GT.
E como é um SL coupé, não é exatamente inesperado que ganhe os outros motores disponíveis para o SL também. Sim, inclusive o 2.0 turbo de quatro cilindros. Mas que é estranho um AMG GT de quatro cilindros, é.
No lançamento do ano/modelo 2025 do GT, aparece o novo GT43. É a variante básica, reduzindo pela metade a contagem de cilindros. Além disso, perde o sistema de tração integral em favor de um layout de tração traseira. O carro recebe o mesmo quatro em linha de dois litros e turbo de acionamento elétrico do SL, mas aqui este dá 416 cv, ou 41 cv a mais que o conversível.
O torque é de 51 mkgf, um aumento de 2 mkgf em relação ao SL43. O carro é um mild-hybrid, que fornece um auxílio temporário de potência de 14 cv. A transmissão é automática de nove marchas e dupla embreagem. Faz 0-100 km/h em 4,6 segundos, e atinge 280 km/h, então lento não é. O preço do novo GT ainda não foi divulgado.
Também não foi divulgado o peso do novo carro, ponto meio delicado quando se fala no atual AMG GT. Mas pode-se esperar que seja mais leve; o GT63 pesa nada menos que 1970 kg; difícil é conseguir ser mais pesado que isso; picapes carregadas não conseguem. O GT63 é pesado o suficiente para gerar seu próprio campo gravitacional e atrair satélites Caterham rodando à sua volta pelas pistas mundo afora. Essa última frase é uma brincadeira, claro. Afinal de contas, ele nunca pegaria um Caterham; é muito ágil para isso, ele foge!
E por falar em Lotus, um fato interessante é que o Lotus Emira usa também este mesmo motor AMG, ainda que com 360 cv. No Emira, está carregando1405 kg, o que esse motor deve achar um descanso incrível. Mas já que não sei por que acabei falando de Caterham, é bom lembrar que o Emira pesa quase três Caterham 170 e meio. Talvez o AMG GT possa fazer do Emira um satélite, que por sua vez teria satélites Caterham. Tá, parei. (MAO)
A corrida de carro autônomo
Parece claro que é o drama pessoal, dos pilotos e chefes de equipe, que ainda mantém algum interesse do público nas corridas de F1. As séries da Netflix focando nisso fizeram o esporte voltar aos holofotes por um minuto, por exemplo, trazendo novos fãs para as corridas. Alguém ainda liga mesmo para os detalhes técnicos escondidos nas entranhas secretas desses carros de corrida modernos? Até as medidas internas e configuração dos motores é normalizada, e a diferença cada vez mais é de detalhes incompreensíveis.
Imagine então uma categoria onde não existam pilotos. Eu juro que pensei que era piada, como aquela genial da bicicleta que pedala sozinha, para que você ganhe tempo no seu dia. Mas não. É sério. Conheça o Abu Dhabi Autonomous Racing League (A2RL). Uma competição de carros autônomos.
Oito equipes de todo o mundo se reunirão em Yas Marina, em Abu Dhabi, no dia 27 de abril para a corrida inaugural da série. Há um prêmio em dinheiro de US$ 2,25 milhões para o vencedor.
Os carros de corrida serão os usados na série Super Fórmula do Japão, e competirão tomando tempo sozinhos na pista, e com alguma competição juntos também. Os carros são todos iguais, construídos pela Dallara, e vem com um Honda 2 litros turbo e câmbio manual de cinco marchas.
A diferença é que no lugar do piloto há uma grande pilha de equipamentos, incluindo câmeras, sensores, GPS, atuadores, um sistema drive-by-wire, e um computador controlando tudo. E uma vez que o carro está na pista, cabe a esta parafernália dirigir o carro. Uma vez na pista, o único comando remoto possível é voltar para o boxe. Robô-racing.
A entidade que promove a categoria se apressa em dizer que o objetivo é desenvolver tecnologias de segurança, basicamente, e que não acredita que pilotos e motoristas serão coisas do passado algum dia.
Qual é a graça desta corrida de robô? Bem, posso imaginar que seja torcer para acidentes impressionantes. Sem humanos dentro do carro, esse prazer schadenfreude é até moralmente aceitável. Só espero que o público mantenha uma distância segura. (MAO)
“Soapbox racers” da Rolls-Royce restaurados
Qual o primeiro Rolls-Royce da era BMW, da fábrica de Goodwood? Não, não foi o Rolls-Royce Phantom VII de 2003: foram esses dois “Soapbox racers”, carrinhos movidos a gravidade. Competiram no Goodwood Soapbox Challenges de 2001 e 2002, prova que ocorre no sentido inverso do famoso “Hillclimb” em Goodwood.
RR-0.01 e RR-0.02 foram veículos de sucesso: ambos venceram suas corridas com Ian Cameron, diretor de design da Rolls-Royce na época, ao volante. E esses carrinhos parecem uma brincadeira divertida, e são. Mas não quer dizer que não sejam bem projetados e velozes: no último ano do desafio, 2013, Cameron atingiu a velocidade máxima de 116 km/h, o que nessas coisinhas, é realmente assustador.
O troféu Newton Apple é guardado com carinho pela empresa até hoje, e agora, resolveu restaurar os carrinhos: os primeiros Rolls-Royces da era moderna, diz ela.
Como é de se esperar, os veículos são muito bem-feitos. E como carro de corrida que são, inevitavelmente eles também foram danificados em competição, dando muito trabalho à equipe de restauração, formada por aprendizes. O RR-0.01 é feito de fibra de vidro e fibra de carbono, além de alumínio, e seu design era “inspirado no Phantom VII”.
Já o RR-0.02, usou o Silver Ghost original de 1911 como inspiração. A direção é por pinhão e cremalheira, pneus tubulares que minimizam a resistência ao rolamento e é feito de alumínio e fibra de carbono com acabamento em couro.
Agora que foram trazidos de volta à condição de novos, os carrinhos serão expostos na sede do Rolls-Royce Enthusiasts’ Club em Northamptonshire, onde serão exibidos entre sua coleção de memorabília e recordes. Sensacional! (MAO)