Com certeza o ZZ Top é uma das bandas de rock mais reconhecíveis do rock – não apenas musicalmente, com sua divertida mistura de blues rock e southern rock da velha escola, mas também visualmente, graças aos dois barbudos Billy Gibbons (guitarra) e Dusty Hill (baixo). Ironicamente, o baterista Frank Beard é o único integrante que não tem uma longa barba – ele diz que curte andar na rua sem ser reconhecido logo de cara, e que a barba o atrapalharia na hora de comandar as baquetas.
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
Se, no meio de toda esta loucura, você não esqueceu que hoje é o Dia Mundial do Rock, então deve ter sacado porque estamos falando do ZZ Top – os autores de clássicos como Gimme All Your Lovin’ ou La Grange. O guitarrista Billy Gibbons é um entusiasta de mão cheia e dono de uma incrível coleção de hot rods, incluindo um dos mais famosos do planeta – o Eliminator, que é uma espécie de mascote sobre quatro rodas para a banda, aparecendo em capas de discos, álbuns e eventos.
Talvez ele seja o Eliminator seja o famoso dos hot rods de Billy Gibbons, mas o guitarrista adora falar de sua coleção e mostrá-la ao público – e há vários outros hot rods em seu belo acervo. E quase todos eles têm alguma história interessante por trás.
O rock pode estar morrendo há tempo no mainstream, mas os clássicos perduram como lembranças de outros tempos. Da mesma forma, os carros elétricos e híbridos modernos podem ser os queridinhos da grande indústria agora, mas os clássicos de antigamente – incluindo hot rods – sempre encontrarão novos apreciadores. Celebrando o Dia Mundial do rock, então, vamos dar uma olhada nos hot rods favoritos de Billy Gibbons.
Eliminator
Começando pelo mais icônico, temos o Eliminator – um Ford 1933 que “traiu o movimento” e ganhou um V8 small block da Chevrolet. Algo que os fãs de hot rods e kustom kulture já sabem é que esta combinação é relativamente comum nos projetos – nos anos 1950 e 1960, quem tinha um Ford e queria algo mais moderno que o V8 Flathead acabava optando pelo então recente motor da Chevrolet.
Gibbons comprou o carro no final da década de 1970, das mãos de sua primeira dona. O guitarrista decidiu comprar o carro depois de assistir ao filme “A Curva da Morte” (The California Kid), de 1974, no qual o protagonista é dono de um Ford 33 hot rod. Ele entrou em contato com Pete Chapouris, criador do carro do filme, para discutir ideias – e foi em uma das oficinas de Pete Chapouris, a Pete and Jake’s Hot Rod Repair, que o carro nasceu pelas mãos do customizador Don Thelan.
O carro recebeu um chassi feito sob medida, com suspensão four-link na dianteira, eixo rígido Ford de 9 polegadas na traseira, e um V8 small block 350 no cofre. O carro foi pintado de vermelho e ganhou faixas nas laterais que formam as letras “ZZ” – e acabaram dando origem ao logo usado pela banda a partir do álbum Eliminator, de 1983, mesmo ano em que o carro ficou pronto.
Tanto que a capa do disco é uma imagem do hot rod, e o mesmo aparece também na contracapa e no clipe de Gimme All Your Lovin’.
O hot rod acabou se tornando uma peça promocional para o álbum homônimo e para a banda. Hoje em dia, o Eliminator original faz parte do acervo do museu do Rock and Roll Hall of Fame, em Cleveland, nos Estados Unidos – e Gibbons possui uma réplica de seu próprio carro na garagem.
CadZZilla
Outro hot rod famoso da coleção de Billy Gibbons é o CadZZilla. Segundo consta, o nome surgiu primeiro da mente do próprio Gibbons, e só depois ele resolveu criar um carro para recebê-lo – usando como base um Cadillac 62 Sedanette 1948.
O CadZZilla tem uma pegada mais moderna, inspirada por carros-conceito de antigamente – não necessariamente americanos, mas também europeus, como os Mercedes-Benz. Para isto, a carroceria foi completamente refeita, com teto rebaixado, área envidraçada redesenhada, faróis e lanternas integrados à carroceria e uma postura muito mais próxima do chão.
O resultado: embora tenha sido concebido em 1989, o CadZZilla ficou atemporal – quem não conhece sua história pode jurar que se trata de um projeto bem mais moderno, talvez até atual.
O motor é um V8 Cadillac de 500 pol³ (8,2 litros) com injeção eletrônica Holley, ligado a uma caixa automática e a um diferencial de 9 polegadas da Currie. As rodas são de 22 polegadas, feitas de billet de alumínio. E a cereja do bolo é a pintura roxa da House of Kolor, feita sob medida e que, dependendo da iluminação, parece totalmente preta.
Highboy
O Highboy é outro Ford 32 no acervo de Billy Gibbons – desta vez, porém, trata-se de um roadster com motor flathead. Segundo Gibbons, é o carro mais “elegante” de sua coleção… mas também é o carro que ele descreve como “um kart que tomou anabolizantes” e não faz questão nenhuma de esconder sua mecânica: ele tem capô, mas as paredes laterais do cofre foram removidas.
O estilo do Highboy é característico do customizador por trás dele – Rudy Rodriguez. Seu nome foi inspirado pelo termo usado para definir este tipo de hot rod: simples, sem para-lamas, sem capô, sem capota, e com o desenho do chassi e da carroceria inalterados.
No caso do carro de Gibbons, o motor tem um twist interessante: não é um Flathead americano, mas um motor com bloco francês – até meados da década de 1960, a francesa Simca utilizou o clássico V8 da Ford em seus carros, incluindo no Brasil.
O “Rat Rod”
Billy Gibbons gosta de batizar seus hot rods com nomes bem diretos – e o Rat Rod é um exemplo disto. Feito sobre um Ford 1936 pick-up, ele é… um rat rod. E dos clássicos, com carroceria enferrujada, chassi e carroceria retrabalhados para rebaixá-lo em 10 cm na frente e 35 cm na traseira, suspensão a ar e um V8 Flathead 1953.
Feito para ser mostrado, o V8 Flathead foi pintado de vermelho e ganhou um sistema de escape direto, com duas saídas verticais. Para Gibbons, o Rat Rod é tão épico quanto o Eliminator e o CadZZilla – mesmo que, fora o escape direto, o Flathead seja praticamente stock.
Whiskeyrunner
Em um dos clipes mais recentes do ZZ Top, para a música “I Gotsta Get Paid”, do álbum La Futura, lançado em 2012, Gibbons dirige um de seus mais recentes projetos: o Whiskeyrunner, cujo nome é inspirado nos moonshine runners, contrabandistas de bebidas ilegais que atuaram durante a Lei Seca dos Estados Unidos – e acabaram ajudando a criar a Nascar com suas corridas ilegais em ovais de terra.
Feito pela So-Cal Speed Shop, o carro é mais um Ford – agora, um 1934. Desta vez com a carroceria toda em metal escovado, teto rebaixado, rodas pretas e para-lamas removidos. Concebido como uma homenagem ao Eliminator, o Whiskeyrunner traz um “Z” estilizado em alto relevo nas laterais.
O motor é um V8 Cadillac de 331 pol³ (5,4 litros) que foi preparado pelo próprio Pete Chapouris e ficou guardado na oficina por mais de 20 anos. Na verdade, o Whiskeyrunner foi um dos últimos projetos em que o dono da oficina participou – Chapouris morreu em 2017 aos 75 anos de idade.
Mexican Blackbird
A So-Cal Speed Shop também foi a responsável pelo Mexican Blackbird, o Ford Thunderbird de Billy Gibbons. Seu nome é inspirado por uma música de mesmo nome do ZZ Top, do álbum Fandango!, lançado em 1975.
Fabricado em 1958, o carro tem uma bela pintura em preto com faixas douradas que lembram pin stripes gigantes. Também feito com a ajuda de Pete Chapouris, o Mexican Blackbird recebeu modificações relativamente simples para os padrões de Gibbons, que queria algo mais próximo de um Thunderbird original.
Os para-lamas foram remodelados, a suspensão foi rebaixada em 8 cm, e o motor recebeu tampas de válvulas cromadas. No mais, a mecânica é stock – um V8 de 352 pol³ (5,8 litros) com câmbio automático. As rodas são de aço de 15 polegadas com calotas vindas do Dodge Lancer 1957.
Slampala
O nome do carro vem de Slammed Impala – ou “Impala Socado” em bom português. E ele deve mesmo ser o carro mais baixo de Billy Gibbons, tendo recebido um tratamento mais aprofundado na suspensão a ar. Em contraste, as modificações estéticas ficaram em segundo plano: o Impala 1962 só foi restaurado e repintado – a customização fica por conta da suspensão pneumática Firestone.
As rodas são de 14 polegadas com pneus de listras brancas e abrigam freios da disco. O interior só recebeu um botão para controlar o sistema de suspensão a ar e um sistema de som moderno escondido no porta-luvas, enquanto o AC Delco original fica como decoração. E o motor é um small block 327 (5,45 litros) também quase todo original, com exceção de um coletor de admissão mais livre e tampas de válvula cromadas.