na natureza nada se cria tudo se transforma sabemos bem mas me espanta a maioria das pessoas hoje nao entender que na engenharia isso tambem acontece repetidas vezes; no inicio do automovel dos anos 1880 ate 1910 principalmente absolutamente de tudo foi tentado tudo mesmo ja existiam hibridos notadamente obra de ferdinand porsche e eletricos ja existiam monoblocos e traçao dianteira injeçao de combustivel e mais um milhao de outras coisas nada disso funcionava bem claro mas ate ai o automovel nao funcionava direito era ainda algo experimental mesmo um ford modelo t o carro que realmente colocou a industria em marcha com volumes gigantes ja era avançado mas muito diferente do automovel de hoje tinha por exemplo tres pedais mas nenhum deles era o acelerador mas divago; o que queria salientar e que muitas ideias tentadas no passado apenas nao funcionaram por nao ser sua hora e lugar correto; seriam recicladas e transformadas no futuro para que finalmente tivessem algum sucesso por isso conhecer o passado do automovel mesmo o passado remoto e tao importante conhecer o que veio antes e imprescindivel para se inovar o preço que se paga por ignorar o passado ja diz outro ditado para la de batido e repetir seus erros mas o pior nem e isso e perder oportunidades de melhoria usando soluçoes esquecidas do passado que hoje podem funcionar muito bem copiar soluçoes boas do passado e da concorrencia nao e um pecado e inteligente pois conserva recursos que podem ser usados em outras coisas onde soluçoes melhores realmente precisam ser inventadas hoje vamos explorar uma dessas inteligentes voltas ao passado que depois de inaugurada no inicio dos anos 1990 ate hoje e usada com sucesso uma linha de motores que pegou algo que se julgava ultrapassado e tornou moderna e avançada uma historia que como tantas outras sobre o mundo atual do automovel aconteceu via nosso tirano favorito herr doktor evil himself ferdinand piech o dilema da vw um automovel como qualquer maquina deve ser projetado de acordo com seu objetivo de desempenho dentro desses parametros de desempenho deve ser o mais simples possivel o menor numero de peças possivel o menor tamanho possivel menor peso possivel como ja dizia chapman o engenheiro e o cara que desenha uma ponte que aguenta tao somente o que foi projetada para aguentar; pontes que aguentam tudo qualquer um pode fazer [caption id= attachment_307793 align= aligncenter width= 800 ] passat b3 sem espaço para seis cilindros [/caption] o projeto começa entao nao pelo carro mas por o que ele vai fazer quando pronto carregar 5 pessoas e mala o mais confortavelmente e economicamente possivel a um preço baixo segurança e 180 km/h de final resulta num polo/argos/onix e assim por diante o carro e tao melhor quanto mais seus desenhistas conseguem fazer o simples leve e barato se casarem com as expectativas de luxo e sofisticaçao dos compradores cada vez mais exigentes nesse sentido esse e o motivo tambem de os motores evoluirem em potencia especifica sempre quanto menor a cilindrada todos os outros fatores constantes menor o motor e fisicamente se ele e menor normalmente e mais leve se nem sempre mais barato potencia especifica e sempre cara mas mesmo sendo mais caro e mesmo que fosse ate mais pesado a equaçao compensa pelo simples motivo de que um motor fisicamente menor permite um carro menor se o carro e menor rodas sao menores freios idem diminuindo ainda mais o peso numa espiral virtuosa de eficiencia [caption id= attachment_307808 align= aligncenter width= 999 ] o golf em 1988[/caption] assim seria claro se ilogicas consideraçoes de moda e sensibilidade estetica correntes nao exigissem rodas do diametro de um ford a 1928 parentese o ford a começou com 21 polegadas mas evoluiu para 19; esta evoluçao continuou ate chegarmos nas rodas 14 e 15 em carros grandes e 10 em pequenos como o mini nos anos 1960 para depois voltarem a crescer com pneus de perfil baixo para que os freios tambem crescessem em tamanho mais um exemplo de que tudo que foi sera de novo como foi um dia como um lulu santos elevado a menos um mas divago; o importante aqui e que um motor pequeno e interessante alem de todas as outras consideraçoes de preço peso e complexidade simplesmente por fazer um carro menor por isso so cabe um 3 cilindros em um up por isso o downsizing geral por mais que nao gostemos dele [caption id= attachment_307810 align= aligncenter width= 999 ] o motor 4 cilindros 1 8 litros com compressor g60[/caption] contei tudo isso para colocar em contexto o dilema da vw durante os anos 1980 a elevaçao geral de tamanho e potencia dos carros faziam seus golfs e similares defasados; a concorrencia migrava para motores v6 e a tecnologia de sobrealimentaçao ainda nao era suficientemente avançada para emular um motor grande com um pequeno como e hoje e a empresa projetava a segunda geraçao do passat para ser um carro com o mesmo tamanho do anterior mas um espaço util para passageiros e carga muito maior passando a usar um 4 em linha transversal dianteiro ocupando pouquissimo espaço lembre que o passat ate entao era de origem audi com motor longitudinal dianteiro [caption id= attachment_307785 align= aligncenter width= 159 ] o esquema de funcionamento do compressor g lader vw[/caption] quando este passat codinome b3 a terceira geraçao e lançado junto com o cupe esporte corrado fica claro que algo a mais tinha que ser feito a soluçao para maior potencia com motor menor da vw entao era original e inovadora mas nao agradou o compressor tipo g chamado g lader pela vw era um compressor mecanico acionado pelo virabrequim mas um que pretendia ser mais eficiente que os existentes ate entao o compressor tipo rootes esquenta e perde eficiencia a altas rotaçoes; os do tipo turbina demoravam para gerar pressao a baixas rotaçoes o g lader funcionava por meio de duas volutas com geometria parecida com a de um caracol uma fixa e outra que girava em torno dela deslocando o ar e gerando pressao teoricamente resolvia tudo alto torque em baixa eficiencia em alta a empresa criou dois tamanhos de compressor o g40 pequeno para uso em motores de ate 1 4 litros usado nos polo e o g60 maior usado nos 4 cilindros ap de 1 8 litros mas tanto o passat g60 quanto o corrado g60 nao foram um sucesso ao motor nao faltava potencia o 1 8 de 8 valvulas com o compressor g dava 160 cv a 5600 rpm e 22 5 mkgf de torque a 3800 rpm mas tinha uma personalidade e som que nao ajudavam em nada se comparados aos seis cilindros da concorrencia e nenhuma ventagem de consumo comparado aos v6 tambem mas foram problemas de durabilidade do compressor que aparecem cedo na vida dos carros o motivo do fim da experiencia g na vw mas agora a vw tinha um monte de carros desenhados para motores quatro em linha e nenhum v6 caberia ali sem uma modificaçao extensa e o v6 teria que ser desenvolvido de qualquer forma nao existia no grupo entao o v6 se sabe e um motor que funciona bem em carros de motor transversal por ser tao curto quanto um 4 em linha as vezes ate menor mas na largura e bem maior o que era o problema aqui nos vw [caption id= attachment_307812 align= aligncenter width= 999 ] lancia fulvia hf um vr4 [/caption] mas a soluçao veio do presidente da audi que em breve seria o presidente de todo o grupo vw ferdinand piech ao ouvir em uma reuniao que colocar um seis cilindros no cofre dos vw era impossivel seis em linha muito comprido v6 muito largo piech aparece no dia seguinte na engenharia de motores com um dos carros de sua coleçao um lancia fulvia com um v4 a 12° entre bancadas e um so cabeçote piech pode ter sido um malefico tirano mas definitivamente conhecia a historia do automovel os lancia vr [caption id= attachment_307802 align= aligncenter width= 999 ] o lancia v12 de 1919 como um seis em linha [/caption] a primeira noticia que se tem de um motor em v estreito para usar um so cabeçote e dimensoes mais contidas e justamente da lancia em outubro de 1919 a marca do ex piloto vicenzo lancia mostra o que seria seu modelo mais caro e sofisticado o lancia v12 [caption id= attachment_307784 align= aligncenter width= 999 ] lambda [/caption] era um doze cilindros medindo 80 x 100 mm para um total de 6032 cm³ mas por fora parecia um motor em linha como pode e facil imaginar hoje usando um angulo pequeno entre as bancadas do v neste caso 22° lancia conseguiu algo pouco mais comprido que um seis em linha mas com praticamente a mesma largura e 12 cilindros um cabeçote e um so bloco e um comando central operando as valvulas por varetas curtas e balancins [caption id= attachment_307803 align= aligncenter width= 619 ] corte do motor do lambda [/caption] ne epoca incrivel e extraordinario disse a autocar o resultado e um motor maravilhosamente limpo e compacto tanto que este lancia de 12 cilindros e muito pouco maior que o motor de 4 cilindros e 35 hp atual o lancia de 12 cilindros acaba sem entrar em produçao mas um motor de oito cilindros parecido apareceria em 1921 [caption id= attachment_307783 align= aligncenter width= 999 ] lancia lambda[/caption] logo em seguida aparece talvez o mais revolucionario carro da historia da marca o lambda de 1922 este carro tinha o primeiro monobloco de aço a ser mostrado em produçao normal era tambem um pioneiro na suspensao independente dianteira por pilar deslizante como os morgan o que em conjunto com o primeiro tunel de transmissao dentro do carro fez a altura do carro baixar sobremaneira tinha tambem freios nas quatro rodas ainda rarissimo o lambda era um vislumbre do futuro com um motor que girava bem estrutura rigida cg baixo e otima estabilidade tambem freava bem de verdade algo rarissimo entao uma revelaçao para a epoca e o motor claro era o primeiro v de angulo pequeno de produçao seriada de verdade do mundo um v4 que era praticamente um quadrado quase tao largo quanto comprido com um comando no cabeçote unico e 13° entre bancadas tinha 2 1 litros e dava 49 cv a 3250 rpm um motor de giro alto entao e alta potencia especifica o ford t por exemplo com 3 litros tinha 20 cv [caption id= attachment_307814 align= aligncenter width= 999 ] lancia fulvia hf[/caption] a lancia continuaria a tradiçao ate 1976 ano do ultimo fulvia; como era parte da fiat agora nao havia mais tempo para frivolidades tecnicas dali em diante o fulvia hf foi um grande sucesso em rali e um sensacional carro esporte de traçao dianteira numa epoca em que isso era quase impossivel o v4 a 12° do hf com dois carburadores duplos e 1 584 cm³ dava ate 132 cv; fora o caracteristico e sensacional berro estridente e e um carro desses que piech usa para explicar a sua engenharia que sim e possivel um v6 do tamanho de um 4 em linha [embed]https //www youtube com/watch v=dnlf cesfv8[/embed] nasce um vr6 o motor resultante e perfeito para os carros que o usariam e um feito de engenharia uma modernizaçao de um conceito antigo de forma primorosa um vr6 e um v6 mas ao mesmo tempo e algo diferente enquanto a maioria dos v 6 usa dois cabeçotes separados o vr6 usa um unico cabeçote nao e um seis em linha porem porque os cilindros sao escalonados e separados em dois bancos de tres cilindros em angulo estreito 15° no caso em alemao como em portugues um motor em v indica um angulo entre dois bancos de cilindros os alemaes chamam um seis em linha de r 6 com r significando reihenmotor motor em linha a vw simplesmente combinou os dois termos resultando no nome vr6 que traduzido livremente significa v 6 em linha o unico problema e a necessidade de coletores especiais a geometria de motor em linha crossflow com admissao de um lado e escape do outro faz os dutos em tamanhos diferentes dentro do motor; os coletores do lado de fora devem compensar isso para nao ter desempenho diferente o motor foi lançado em 1991 com 2 8 litros em grande parte para atender as necessidades do mercado americano com 174 cv a 5800 rpm e 24 mkgf a 4200 rpm o vr6 fez sua estreia no passat e logo depois no cupe esportivo corrado a partir dai proliferou em outros vws incluindo o golf gti e o jetta era um motor extremamente entusiasmante girador mas com torque em baixa rotaçao e um barulho verdadeiramente entusiasmante mudou a imagem da vw quase que sozinho teve alguns problemas de durabilidade iniciais mas que depois foram resolvidos em 1993 ferdinand piech se torna o ceo do grupo inteiro e começa a arregaçar suas mangas entusiastas megalomaniacas um w12 aparece se montando dois vr6 em um angulo de 90° entre os dois; eram 12 cilindros em espaço de v8 nao demoraria a aparecer um passat w8 e ate um vr5 derivado do vr6 versoes multivalvulas apareceram e ate hoje os bugatti usam uma versao extrema desta familia um w16 de oito litros e quatro turbos tudo por que um executivo conhecia a historia e nao gostava de ouvir um nao como resposta
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