o velho cliche dos empreendedores de palco diz que os momentos de crise sao as maiores oportunidades oportunidade para empreender e ate revolucionar como sempre digo cliches se tornam cliches porque funcionam porque tem um fundo de verdade um exemplo pense em quantos produtos revolucionarios surgiram no cenario pos apocaliptico da europa ao final da segunda guerra mundial tambem foi mais ou menos o que aconteceu no periodo em que as importaçoes foram proibidas no brasil bem nao era exatamente uma crise e o cenario nao era dos mais realistas — afinal a proibiçao era artificial instituida por uma canetada — mas foi o que resultou em uma das linhas de motos mais admiradas pelos motociclistas brasileiros as agrale sxt enduro dakar e elefantre a agrale a historia da agrale começou em sapucaia do sul/rs duas decadas antes do surgimento de suas primeiras motos foi em 14 de dezembro de 1962 que a marca entao batizada como agrisa começou a montar sob licença os tratores e cultivadores da marca alema bungartz apesar de ter iniciado suas atividades nos primeiros anos da industrializaçao automobilistica nacional a agrisa nao conseguiu se estabelecer no mercado entrou em processo de falencia e acabou comprada por um industriario chamado francisco stedile que a transferiu para caxias do sul/rs e mudou o nome para agrale tratores e motores sa ja nesta nova fase a agrale desenvolveu um trator compacto com motor monocilindrico e depois mais dois modelos com motores diesel de dois cilindros e mais tarde fez seu primeiro caminhao o tx 1100 as motos deram as caras em 1983 quando as opçoes se limitavam aos modelos da honda e da yamaha uma vez que eram as unicas fabricantes instaladas por aqui e as importaçoes estavam proibidas para entrar nesse mercado em vez de desenvolver uma moto do zero e torcer para dar certo — como praticamente todas as fabricantes nacionais da epoca que nao chegavam a 3% das vendas — a agrale procurou uma parceira que licenciasse seus projetos para produçao local eles encontraram esta parceria na recem fundada cagiva na epoca a fabricante italiana tinha apenas cinco anos de mercado mas ja produzia mais de 40 000 motos por ano e fornecia motores v twin para a ducati melhor ainda os projetos licenciados pela agrale eram novos em folha e tinham sido lançados naquele mesmo 1983 pela cagiva na europa nao tinha como dar errado [gallery link= file columns= 2 size= medium type= grid ids= 162892 162893 ] assim em 1984 a agrale lançou suas duas primeiras motos a sxt 16 5 e a elefant 16 5 baseadas nos modelos aletta rossa e na elefant da cagiva respectivamente as motos eram de uso misto dividiam o mesmo motor dois tempos de 125 cm³ com arrefecimento liquido e diferenciavam se apenas por detalhes como o tanque de combustivel que tinha 11 litros na sxt e 16 1 litros na elefant os numeros nos nomes significavam a potencia das motos 16 5 cv suas concorrentes eram a honda xlx 250r e a yamaha dt 180 — a primeira com 25 cv porem um projeto mais antiquado e a segunda com 16 6 cv produzidos por um dois tempos de 176 4 cm³ arrefecido a ar com um motor mais moderno freio a disco dianteiro e suspensao moderna ela ate acompanhava a dupla ja estabelecida em termos de desempenho mas ainda faltava confiabilidade mecanica para brigar em igualdade com as japonesas e o torque baixo do motor 125 nao convenceu muitos compradores a soluçao foi aumentar a cilindrada para 190 cm³ na linha 1985 o que deu origem a sxt 27 5 a elefant 27 5 e ao novo modelo dakar 30 0 com o novo motor elas se tornaram as motos de uso misto mais potentes do mercado e com o torque aumentado de 1 7 mkgf para 2 6 mkgf as novas agrale acabaram muito mais ageis que suas antecessoras para convencer o publico na hora de assinar o cheque a agrale ainda passou a oferecer suspensao com curso maior pedais retrateis apoios de pes com garras para melhor firmaçao e ate um indicador digital de marchas no painel as vendas melhoraram elas ganharam mais espaço e fizeram a concorrencia se mexer para conter o crescimento da agrale em 1987 a honda lançou a xlx 350r que passou a contar com os mesmos 30 cv porem era mais confiavel para resolver seu antigo problema de confiabilidade a agrale revisou os pistoes e bielas o radiador a vedaçao da bomba d agua a valvula termostatica e o filtro de ar do motor 190 junto com as novidades veio um novo modelo feito especialmente para as trilhas a sxt 27 5 explorer tudo o que nao era necessario nas competiçoes de motocross era removido farol chave de igniçao coberturas de corrente/pinhao bomba de oleo dois tempos apoios para os pes dos passageiros conta giros termometro da agua do motor e piscas por outro lado ela ganhava pneus com cravos da pirelli garacross skidplate transmissao mais curta e rodas saida de escape e guidao de aluminio ainda no primeiro ano a agrale precisou mudar o nome da moto pois explorer e uma marca da yamaha usada em sua divisao nautica e ela acabou rebatizada como sxt 27 5 e com o novo modelo e as mudanças mecanicas a agrale finalmente conquistou uma boa fatia do mercado vendendo cerca de 7 000 unidades da sxt 27 5 e mais 7 000 da dakar 30 0 e outros 7 000 da elefant 27 5 a sxt 27 5 convencional era a lider de vendas da marca com o dobro das vendas a produçao cresceu tanto que a agrale se sentiu segura para embarcar no programa de beneficios fiscais do governo federal e construir uma nova fabrica na zona franca de manaus como dizem por ai uma coisa e chegar ao topo manter se la e algo completamente diferente e ainda que o topo da agrale tenha sido apenas uma larga fatia do mercado brasileiro de motos ela logo tratou de se mexer para manter a posiçao conquistada em 1989 veio a primeira moto produzida na nova fabrica de manaus/am a elefantre nao nao e um erro de digitaçao de elefante o nome mistura as palavras elefant e tre tres em italiano pois esta era a terceira evoluçao da elefant o motor era o mesmo 190 de 30 cv da dakar porem agora com partida eletrica opcional o visual contudo era completamente renovado com um novo banco que envolvia o tanque para proporcionar mais conforto o freio dianteiro foi aperfeiçoado para lidar melhor com o uso continuo e a suspensao dianteira passou a usar o eixo a frente do garfo a elefantre tambem ganhava uma alma de aluminio no para lama dianteiro e um novo quadro de instrumentos fornecido pela italiana cev por sua qualidade de construçao e de rodagem alem da confiabilidade mecanica a elefantre 30 0 e considerada pelos fas a melhor moto da agrale tanto que foi produzida sem grandes modificaçoes ate 1997 com a nova fabrica a agrale tambem pode expandir sua linha na ponta inferior naquele mesmo 1989 foi lançada a sst 13 5 equipada com um motor 125 arrefecido a ar mais simples e barato o corte de custos tambem removeu o conta giros o retrovisor direito e o freio a disco dianteiro a suspensao traseira passou a usar mola dupla no braço oscilante apesar de ter uma linha bastante completa e abrangente — e acima de tudo competitiva — o mesmo governo que beneficiou a agrale de um lado criou uma situaçao complicada em outro durante o caos economico do fim dos anos 1980 alguns preços eram controlados pelo conselho interministerial de preços cip entre os bens e insumos controlados pelo cip estavam as motos com motor de ate 150 cm³ e os indices usados pelo governo estavam defasados o que fez as sxt 16 5 e a elefant 16 5 ambas com motor 125 cm³ ficarem com um preço mais baixo que o da sst 13 5 que ja era uma moto de custo inferior adequada a realidade dos preços controlados diante disso a agrale se viu forçada a tirar de linha as duas motos de 16 5 cv e substitui las por um novo modelo em outubro de 1989 a elefantre 16 5 era exatamente a mesma moto que a elefantre 30 0 porem com o motor 125 no lugar do 190 sem partida eletrica e com uma pintura propria para diferencia la da irma maior e mais cara como o visual era parecido mesmo com metade da potencia a elefantre 16 5 se tornou o modelo mais vendido da agrale as proximas novidades so viriam em 1992 a elefantre 16 5 ganhou partida eletrica e um banco mais baixo enquanto sua irma mais potente a 30 0 trocou a roda traseira de 18 polegadas por outra de 17 polegadas trava do guidao integrada a igniçao e amortecedor traseiro com reservatorio externo o nome das duas tambem mudou ganhando um acento no ultimo e para deixar claro que seu nome nao era elefante escrito errado — passando a se chamar elefantre a outra novidade foi um novo modelo de trilha que se juntou a 27 5 e batizada simplesmente de 27 5 ex enduro ela se destacava pela combinaçao moderna que hoje e a cara de 1992 e tinha amortecedor pressurizado e freio a disco na traseira reservatorio de expansao da agua do radiador e lubrificaçao da articulaçao da suspensao traseira logo no ano seguinte o plano de incentivos do governo no qual a agrale entrou em 1988 permitiu montar motos sem imposto de importaçao diante disso alem das motos nacionais a agrale passou a montar modelos da cagiva super city 125 e750 e w16 e da husqvarna wre 125 wr 250 e wr 360 bem como os ciclomotores de 50 cm³ da garelli e seu proprio modelo o tchau nesse mesmo 1993 a dakar saia de linha [gallery columns= 2 link= file type= grid ids= 162898 162897 162896 162894 ] as demais motos foram produzidas ate 1997 com os modelos importados ganhando cada vez mais espaço e novas fabricas se instalando no brasil a agrale buscou atuar em um segmento inferior formando uma nova parceria com a chinesa hartford para montar no brasil a pequena legion 125 que basicamente era uma suzuki intruder simplificada pelos chineses com um motor honda fabricado sob licença alem dos scooters city tchau dakar e force nenhuma delas deu certo a parceria foi encerrada e a agrale desativou sua fabrica de motos
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