No Brasil, a idade mínima que um carro usado precisa ter para ser importado legalmente é de 30 anos. Ou seja, tecnicamente, você pode comprar um Skyline GT-R R32 lá fora – ele foi lançado em 1989 – e trazê-lo para o Brasil, desde que esteja disposto a encarar toda a burocracia e o custo elevado do processo. A parte mais difícil, logisticamente falando, é encontrar um GT-R R32 em bom estado à venda. Ou será que não?
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Existe pelo menos um lugar no mundo onde não faltam exemplares do Skyline à venda – do R32 ao R34, em todas as variantes possíveis. E mais: os preços são absurdamente… baixos. Acessíveis mesmo. Estamos falando de uma loja chamada Trust Kikaku, que fica em Ibaraki, no Japão, ao norte de Tóquio. Eles provavelmente são os donos do maior acervo de Skyline à venda no mundo atualmente e já são até conhecidos no meio JDM. No entanto, só agora alguém entrou no depósito dos caras e mostrou as preciosidades que estão lá dentro.
O youtuber conhecido como “Sammi”, nascido na Austrália e atualmente residente no Japão, conseguiu convencer o dono da Trust Kikaku a abrir as portas não apenas da loja, mas do galpão secreto onde os carros ficam guardados. É como uma visão do paraíso, mesmo para quem não é loucamente apaixonado pelos esportivos japoneses.
Só usamos o Skyline GT-R R32 como exemplo porque ele é o único GT-R que pode ser importado para o Brasil atualmente. Mas o acervo da Trust Kikaku é muito mais variado, com várias versões menos conhecidas e cultuadas, porém igualmente interessantes – especialmente se você for entusiasta do Skyline e de suas variantes mais obscuras, como o GTS-T e o Type M; ou as versões de quatro portas, cujo visual exótico também têm seu apelo.
Alguns destes carros são equipados com outras versões do motor seis-em-linha RB, como o RB25DE, versão naturalmente aspirada de 2,5 litros e até 200 cv, dependendo do modelo; e o RB25DET, modelo com turbocompressor (apenas um) e 250 cv. Estes carros são identificáveis pela carroceria mais estreita e, em muitos casos, pelo conjunto frontal, com para-choque e grade de estilo mais comportado.
Embora a sede da Trust Kikaku tenha seu endereço conhecido, e seja aberta à visitação, a localização do depósito onde os carros ficam é mantida em segredo – os clientes podem ir até lá para examinar seus carros de perto, obviamente mas o dono do lugar, Minoru Terada, pede educadamente para que eles não contem onde os carros são mantidos. Não apenas para evitar visitas indesejadas, mas até por questão de segurança.
Já faz quase vinte anos que a Trust Kikaku está neste ramo. Há alguns carros que estão com eles desde o início, mantidos sob capas plásticas e sempre muito bem protegidos da ação do tempo – o que te faz pensar que eles devem custar uma fortuna, certo?
Errado. Os preços ficam entre 200.000 e 700.000 ienes – o que, em conversão direta, dá algo entre R$ 8.000 e R$ 30.000 em conversão direta, aproximadamente. Parece mentira, ou que fizemos as contas erradas, mas não. O próprio Minoru confirma que estes realmente são os valores que ele cobra. Ele acredita que, quando os preços passam dos seis dígitos (como vem acontecendo cada vez mais frequentemente lá fora, não apenas com o Skyline, mas com outros JDM icônicos), a culpa é dos especuladores, e não dos carros. Ele quer cobrar um preço justo.
Além do mais, a Trust Kikaku não vende apenas carros: o grosso do negócio está no comércio de peças, não apenas do Nissan Skyline, mas para diversos automóveis japoneses, como Toyota Supra, o Mazda RX-7 e o Honda NSX – e também modelos mais comuns, como o Honda Civic, o Subaru Impreza WRX ou o Mitsubishi Lancer Evolution. Isto inclui uma variedade imensa de componentes mecânicos, bem como itens de acabamento e peças da carroceria (ou mesmo carrocerias inteiras). No entanto, a maioria dos itens está relacionada com o Skyline.
Caso você pretenda investigar mais a fundo ou entrar em contato, é possível visitar o site da Trust Kikaku, ou sua página do Facebook, e acessar informações em inglês, o que facilita bastante as coisas. E, na eventualidade de você acabar comprando um Skyline, mesmo que posterior a 1989, é possível pagar para que a empresa o mantenha guardado até que chegue a hora de importá-lo – o que, dependendo do preço, pode incluir até mesmo cuidados periódicos, como trocas de óleo e demais serviços de manutenção preventiva.
O maior empecilho, porém (além de toda a burocracia que é preciso enfrentar), é a demanda – segundo Terada, a Trust Kikaku recebe cerca de 500 mensagens por dia, além de atender in loco. Os carros são extremamente concorridos, e ocasionalmente a empresa promove leilões para vender os exemplares mais cobiçados. Com a fama atingida após a publicação do vídeo de Sammit – que viralizou nos últimos dias – deve ficar ainda mais difícil.