O Volkswagen Lupo é um carro muito legal que deveria ter sido oferecido no Brasil. Ele parecia um mini-Polo de quarta geração, utilizando uma versão encurtada de sua plataforma, e foi o city car da VW na Europa entre 1998 e 2005, fazendo bastante sucesso nestes oito anos.
Com apenas 2,31 m de entre-eixos, 3,52 m de comprimento e 1,45 m de altura, o Lupo era feito sob medida para ser um carro prático de transporte urbano. Seu maior motor a gasolina era um quatro-cilindros de 1,6 litro montado na transversal, havia quatro lugares e o espaço para bagagem era de apenas 130 litros (a não ser que se rebatesse o banco traseiro, aumentando a capacidade do porta-malas para 833 litros). O Lupo era menor que o Up em todas as dimensões. E você sabe o quanto um Up é pequeno.
Então, por que tentar colocar não um, mas DOIS motores W12 em um Lupo? Foi exatamente o que o dono deste carro fez. Ou ainda está fazendo.
André Pötzsch, que mora em Nossen, na Alemanha, já teve seu nome citado por aqui. Em junho de 2014, mostramos aqui seu VW Lupo azul com um V8 Audi de 4,2 litros sob o capô. A enorme usina tomava todo o espaço no cofre do hatch e exigiu diversas adaptações à estrutura, além da troca do câmbio por uma caixa automática Mercedes-Benz e da instalação de um sistema de tração traseira feito a partir das peças de um Golf Syncro.
Acontece que a ideia de André, desde o começo, era usar um W12 no projeto. Na época ele considerou o 12-cilindros grande demais, mas agora, em seu projeto mais recente, ele decidiu fazer acontecer. Só que, em vez de um W12, ele resolveu usar dois.
“Ah, não cabe? Vamos ver se não cabe!”
O motor W12 da Volks é um dos menores doze-cilindros que existem. Ele é formado por dois motores VR6 unidos pelo virabrequim, com 60° entre as bancadas. O VR6 vale lembrar, traz um ângulo de apenas 15 graus, o que o torna quase tão largo quanto um quatro-cilindros e ideal para instalação em carros menores, como o Golf. O W12, consequentemente, não é tão grande quanto a quantidade de cilindros e o deslocamento de seis litros sugere. Ele tem o mesmo comprimento do VR6 e mais ou menos 150% da largura, e é usado em alguns modelos da Bentley e no VW Phaeton, o maior, mais luxuoso e mais caro modelo da Volks.
Cada um destes motores pesa cerca de 240 kg. Para se ter uma ideia, o quatro-cilindros de um litro do Lupo pesa cerca de 100 kg. Ou seja, só em motor, o Lupo com dois motores W12 ganhou por volta de 400 kg. O peso total do carro original de fábrica é de 975 kg.
A ideia de André era criar um show car para corridas de arrancada, porém preservando ao máximo possível o visual original. Para isto ele removeu todo o conjunto mecânico original, além de todos os acabamentos internos, podendo então trabalhar sobre uma “tela em branco”.
Os dois motores foram instalados na transversal e, incrivelmente, não exigiram muitas adaptações na estrutura do carro para servir direitinho. O motor instalado no cofre exigiu modificações estruturais e um subchassi feito sob medida, enquanto o outro motor ocupa o lugar que era do banco traseiro e do porta-malas. André falou ao site Vau-max.de que a adaptação do motor traseiro foi mais fácil do que na dianteira, pois há muito mais espaço. O eixo traseiro do Lupo é o eixo dianteiro de outro carro, com o diferencial e os semieixos, tendo perdido apenas a função de esterçar.
Ambos os motores são ligados a transmissões manuais usadas pelos VW TDI, de cinco marchas. As duas caixas tiveram a carcaça encurtada e estão ligadas a uma embreagem hidráulica, sendo operadas pela mesma alavanca de câmbio.
Ambos os motores são controlados por suas centrais eletrônicas originais, ambas conectadas ao acelerador. O carro está com o cluster de instrumentos original só para acompanhar a velocidade e já fez seu primeiro test drive em público durante um evento em junho deste ano.
Foi nesta época que André fez a última atualização sobre o projeto na Internet, dizendo ao site Vau-Max.de que planejava mais um test drive. Ele também afirmou que estava para colocar em prática um plano para o sistema de arrefecimento – tarefa complicada pois simplesmente não sobrou espaço para um radiador na frente, e agora são dois motores para resfriar. No entanto, André disse que tinha uma ideia, e que o mais importante estava garantido até o momento: nenhuma alteração visível do lado de fora.
Que é possível, fazer funcionar, ficou claro. E também sabemos que os números do Lupo são impressionantes: com seus 24 cilindros e 12 litros, o pequeno Volks agora dispõe de 900 cv e 114,9 mkgf de torque, segundo as contas de André, para mover cerca de 1.350 kg.
Existem maneiras mais práticas e simples, e que fazem muito mais sentido, de colocar potência em um Volkswagen Lupo. Mas André é o tipo de cara que não vê graça em fazer as coisas da maneira que todo mundo faz, e o mundo precisa de gente assim.