Não é bom viver em um mundo moderno e cheio de facilidades? As compras online, por exemplo: há tempos que, se você quiser, pode simplesmente deixar de comprar em lojas físicas e encomendar tudo pela Internet. Tudo mesmo: hoje em dia, até carros são vendidos pela Internet – e entregues na sua casa.
No entanto, quem realmente gosta de carros vai querer conhecer pessoalmente um automóvel antes de chamá-lo de “seu”. Por isso, a maioria dos serviços de compra de carros online, como o CarMax, têm showrooms onde você pode conferir o carro que acabou de comprar e só selar de vez o negócio se gostar dele.
Isto é interessante, em termos de praticidade. No entanto, pode ficar ainda mais interessante – como fica evidente com a “máquina de vender carros” que foi inaugurada este mês em Nashville, Tennessee, EUA.
Sim, uma máquina de vender carros, como se eles fossem grandes latas de refrigerante sobre rodas. A ideia é de uma companhia chamada Carvana, que começou vendendo carros pela internet e dando aos clientes duas opções: receber o carro em casa ou ir buscá-lo em um showroom.
A Carvana percebeu que o maior apelo das vendas de automóveis online era a possibilidade de evitar a burocracia de uma concessionária, mas que a maioria ainda preferia ir buscar o carro pessoalmente – a Carvana tem um showroom em Atlanta, na Geórgia.
“Sabíamos que quando o cliente optava por ir buscar o carro no showroom, economizaríamos um bom dinheiro”, disse Ernie Garcia, CEO da Carvana. “E a gente poderia investir este dinheiro para dar a eles uma experiência muito, muito legal.”
Foi aí que surgiu a ideia da “máquina de vender carros”. A inspiração veio do complexo Autostadt, na Alemanha – o complexo da Volkswagen em Wolfsburg que inclui um centro de entrega totalmente automatizado, no qual robôs retiram o carro de um dos nichos em uma torre gigantesca e o levam até você.
O prédio em Nashville tem cinco andares e centenas de automóveis. É bem menor que o Autostadt, sim, mas seu diferencial é justamente o fato de ser uma “máquina de vender carros”, com moeda e tudo. Funciona assim: depois de escolher seu carro no site da Carvana, você vai até o showroom. Lá, você recebe uma “moeda” gigante, personalizada, e a coloca em uma máquina.
A moeda, então, aciona o sistema automático que vai te entregar seu carro. O serviço todo é feito por robôs (que, claro, não são humanoides e estão mais para braços ou garras robotizadas): eles se acoplam ao carro para retirá-lo da vaga e levá-lo até um elevador. Depois, o carro desce por uma rampa até uma plataforma, onde seu novo dono está esperando.
Quer dizer, possível novo dono – o negócio só é fechado caso o dono esteja plenamente satisfeito com o carro. Além de fazer um test drive imediato, o cliente pode levar o carro para casa e “experimentá-lo” por sete dias antes ficar com ele em definitivo. Se não gostou, ele pode devolvê-lo – sem perguntas. Na verdade, a Carvana até telefona para o cliente no sexto dia para lembrá-lo de que o período de testes está acabando e saber se ele está satisfeito com o carro.
Obviamente, trata-se de um investimento caro. No entanto, a Carvana acredita que, a longo prazo, a ideia se pagará sozinha – além de reduzir custos com entregas e pessoal, a “máquina de vender carros” possibilita praticar preços mais baixos.
Só não vá chacoalhar o prédio tentando conseguir um carro de graça…
Agora, a ideia de uma garagem automatizada não é exatamente novidade. Além da Autostadt (que, se formos parar para pensar, é em essência uma gigantesca garagem automatizada), há dezenas de outros sistemas parecidos nos EUA e na Europa. Você para seu carro sobre uma plataforma e o deixa lá, enquanto trilhos e elevadores dão conta de encontrar uma vaga para ele, eliminando os riscos de ter seu carro danificado por outro motorista ou um manobrista descuidado.