Às vezes a gente é duro demais com os carros modernos. Você provavelmente já deve ter praguejado contra carros híbridos e elétricos, contra a transmissão de dupla embreagem ou até contra o turbo, mas a verdade é que a gente não está mal quanto a esportivos old school no mercado. Ao lado do Toyota 86/Subaru BRZ (que a gente nem precisava citar, mas citou mesmo assim porque ele é legal demais), o Mazda MX-5 Miata é um fiel representante deste nicho desde 1989 — na verdade os caras são tão old school que conseguiram deixar a atual geração do Miata, lançada em 2015, menor e mais leve que a anterior.
Por isto mesmo, o fato de ele ter apenas dois motores de quatro cilindros não exatamente potentes — são 131 cv no motor 1.5 e 160 cv no motor 2.0 — é apenas um detalhe. A experiência de pilotagem crua e divertida do MX-5 tem muito mais a ver com agilidade e crueza do que com a potência do motor. O roadster da Mazda não precisa de um V8 de mais de 500 cv para te colocar um sorriso no rosto, precisa?
O MX-5 parece bem feliz com seu V8 novo
Não, não precisa. Mas e daí? Os caras da Flyin’ Miata, oficina da cidade de Palisade, no estado do Colorado, fazem exatamente isto com o Miata: colocam nele um motor V8 de mais de 500 cv. E vale para o Fiat 124 Spider, também.
O Miata que aparece nas fotos é o projeto de demonstração da Flyin’ Miata, e quiseram ser brutos: debaixo de seu capô foi instalado o V8 de 6,2 litros de um Chevrolet Camaro SS — igual ao que é vendido aqui. A diferença é que este foi preparado para render 532 cv.
De acordo com a Flyin’ Miata, a instalação de um V8 no Miata atual não é tão trabalhosa quanto nos modelos anteriores, que exigiam extensas modificações na estrutura do carro. Claro, ainda são exigidas algumas adaptações no cofre para suportar o peso extra, além de mudanças nos pontos de suporte. Dito isto, as dimensões do conjunto mecânico — que, no caso deste carro, inclui o motor V8 e uma transmissão Tremec T-56, manual de seis marchas — não são tão diferentes do original. O V8 é mais longo, claro, por ter cilindros maiores, mas a largura é bem parecida.
Outras adaptações necessárias são o reforço do subchassi traseiro, por causa do diferencial maior, e a substituição da direção elétrica por um sistema de assistência hidráulica — o motor elétrico na caixa de direção do Miata tornava impossível a instalação correta do V8. A bateria também foi transplantada para o porta-malas, medida que ajuda não só a liberar espaço no cofre, mas também contribui com a excelente distribuição de peso — de acordo com a Flyin’ Miata, a relação original de 52/48 frente/traseira sai quase inalterada — agora são 53/47. Não é difícil de acreditar, considerando que a conversão adiciona cerca de 110 kg ao peso do carro.
Além de tudo, o resultado é um carro de visual bastante original — não fossem os adesivos na carroceria, apenas as duas saídas de escape na traseira e os enormes freios Brembo denunciariam que este carro é mais que um MX-5 com outras rodas.
Como já dissemos, o motor do Camaro é só uma das opções — é possível escolher praticamente qualquer V8 crate engine da General Motors (por uma questão de compatibilidade). A conversão básica custa US$ 49.995, ou cerca de R$ 162 mil em conversão direta — o que inclui todos os componentes e o custo da mão de obra. É quase o dobro do preço de um Miata novo, que custa US$ 25.750 (cerca de R$ 83 mil). Você faria?