Depois de meses de testes e”flagras” em diversos circuitos de Fiorano a Nürburgring, finalmente a Ferrari revelou hoje a Ferrari FXX K, que até agora estávamos chamando de LaFerrari XX. O nome mudou, o visual ficou matador e a potência aumentou para 1.050 cv — e só 30 exemplares muito especiais serão fabricadas.
Lembra da FXX original? Vamos refrescar sua memória: era uma versão da Enzo feita em 2005 exclusivamente para as pistas e vendida para clientes selecionados. Foram feitas 30 delas, e além de pagar o equivalente a R$ 8 milhões pelo carro, os donos não as levaram para casa — os carros são mantidos na fábrica da Ferrari em Maranello e seus proprietários só as dirigem em track days especiais com a permissão da companhia.
O que não impediu o Stig de dar uma volta na FXX preta de Michael Schumacher
Com a nova FXX K será a mesma coisa: uma série limitada vendida a clientes selecionados, que só poderão pilotar seus carros em um programa de testes que durará dois anos. A Ferrari chama a FXX K de “carro laboratório”, pois ele será parte essencial no trabalho de pesquisa e desenvolvimento de futuros modelos.
Mas esta é a parte “chata” da história. Vamos logo falar do carro em si?
Ao olhar para estas imagens, não resta dúvida de que a FXX K é baseada na LaFerrari, mas modificações em alguns detalhes cruciais tiveram efeito estético e funcional. O carro tem novos faróis, que são estreitos e bem menores e lanternas que estão mais para tiras de LED em vez das tradicionais peças circulares, dando à FXX K um aspecto ainda mais agressivo e futurista.
A aerodinâmica foi retrabalhada com um novo spoiler e um difusor dianteiro maior e 30 mm mais baixo, cujo design foi desenvolvido com base nas experiências da Ferrari na categoria de turismo do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance da FIA. Atrás, as mudanças são um spoiler móvel mais alto ladeado por duas barbatanas, cada uma com uma pequena asa na parte interna.
As asas tem função dupla: quando o carro está no modo de “baixo arrasto” (com o aerofólio traseiro recolhido), elas direcionam o fluxo de ar para longe. No modo de dowforce otimizado elas complementam a função do aerofólio, que é acionado eletronicamente. Neste modo, o downforce chega a 540 kg quando o carro está a 200 km/h.
Contudo, a mudança mais importante está no cofre: com novos comandos de válvulas e tuchos mecânicos em vez de hidráulicos, além de coletores de admissão redesenhados e da eliminação dos catalisadores, o motor V12 aspirado de 6,3 litros entrega 860 cv que, somados aos 190 cv do motor elétrico, resultam em estratosféricos 1.050 cv — 87 cv a mais que a LaFerrari de rua e 50 cv a mais que o P1 GTR, versão de pista do hipercarro da McLaren. O torque máximo combinado é de “mais de 90 mkgf” (o número exato não foi revelado).
Além do aumento de potência do motor elétrico (que antes entregava 163 cv), o sistema HY-KERS de recuperação de energia cinética — que é o responsável pela letra K no nome do carro — recebeu novos modos que podem ser selecionados pelo manettino no console central e ajustam o carro para diferentes condições de pilotagem: “Qualify”, que calibra o sistema para o rendimento máximo por um número limitado de voltas (como as voltas de classificação da F1); “Long Run”, que, como o nome diz, dá prioridade à eficiência por longos períodos; “Manual Boost”, que entrega todo o torque instantaneamente sob o comando do piloto; e “Fast Charge”, que permite a recarga mais rápida da bateria.
Por fim, o carro é calçado com pneus slick Pirelli com sensores de temperatura, pressão e aceleração lateral, longitudinal e radial… e só: não foram revelados mais detalhes, e nem o preço. Contudo, estima-se algo na casa dos US$ 3 milhões (cerca de R$ 7,7 milhões) por cada um dos exemplares — estima-se, novamente, uma série limitada de 30 unidades.
Estamos, sem dúvida, diante do nascimento de um futuro clássico — afinal, trata-se da Ferrari mais potente (e, certamente, mais veloz) de todos os tempos.