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Project Cars Project Cars #36

Fiat Tempra V6 (swap de Alfa Romeo 164): mais emoções e imprevistos

Como vocês viram no primeiro capítulo da história do Fiat Tempra V6 3.0 24V Quadrifoglio Verde, a ideia de botar um V6 de Alfa Romeo 164 dentro do cofre do Tempra foi sobrecarregada com emoções e suspense antes mesmo do 164 ser meu – durante o leilão. É hora de continuarmos, literalmente, com tudo.

Os lances do leilão começaram a subir rapidamente. Eu já estava quase infartando, até que, por volta de R$ 2.300 (número cabalístico para fãs de Alfa?), os lances praticamente pararam. Como era de praxe, dei mais 100 mangos e outro cara cobriu com mais cem. Neste ponto, a disputa só estava entre nós dois. Tentando dar uma cartada final e imaginando que isso faria o sujeito desistir, dei logo três mil de vez. Ledo engano. Ele cobriu com mais cem – neste momento, percebi a burrice que fiz na emoção, e voltei a aumentar apenas de 100 em 100.

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Só que essa troca de lances durou mais do que o planejado. Neste momento a razão já tinha saído do meu corpo, o lado racional já tinha feito as malas e ido embora, o limite de crédito que eu tinha para este propósito já tinha estourado, ou seja, estava f*****. Meu pai, consciente, ou melhor, o único que estava com os pés no chão, mandou eu parar de dar lances: “vão aparecer outras oportunidades”, ele me consolou. Pela minha história com o Marea, já sabia que seria difícil.

Para a minha sorte, contudo, meu adversário largou o osso e não deu mais lances. Finalmente o leiloeiro encerrou o leilão do lote 113 e eu era o grande vencedor. Minhas pernas tremiam igual vara verde e a ficha ainda não tinha caído – quando uma garota da empresa veio pegar meus dados e o meu cheque, bem, aí a fica caiu. Eu não tinha todo o dinheiro para pagar! Por sorte, o leilão do Detran só recebe pagamento via DAE e este tinha vencimento de vinte dias posterior à data do leilão. Ou seja, eu tinha este prazo para arrumar o resto do dinheiro. Dentro do carro, contudo, a tensão já tinha passado: o Alfa era meu (bem, ainda precisaria pagar por ele) e o Tempra agora teria um belo coração. Posso afirmar que meus olhos suaram de emoção (risos).

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Depois de alguns dias, consegui o dinheiro faltante e peguei a nota fiscal do dito cujo já no meu nome. Agora, veja como são as coisas: eu só poderia retirar o carro do pátio do Detran depois de 40 dias – e teria uma janela de apenas dez dias para retirá-lo de lá. Se não o fizesse dentro deste prazo, seria considerado desistência. Claro que fui logo no primeiro dia – estes 40 dias pareciam anos, sonhava todo dia com a Alfa! Quando o grande dia chegou, desloquei a carcaça do tempra da casa de minha avó para a da minha tia, liberando o espaço para a 164. Lá por volta das 17:00 ela já estava em sua nova casa temporária, descendo da prancha.

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Meus olhos brilhavam como o de uma criança quando ganha um brinquedo – e o objetivo, como qualquer criança, era brincar com seu novo presente. Mas não foi tão simples. Primeiro, tive de fazer a chave para ligar o carro, o que deu um trabalho enorme por conta do code. Com a chave na mão e uma bateria nova no cofre, opa, no cofre não, ela vai no porta malas; era só ligar a criança. Só que o motor virou, mas ela não ligou. Tive de chamar um mecânico para dar uma olhada no carro – a bomba de combustível estava estragada, afinal, só no pátio do Detran foram dois anos parado.

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Agora com chave, bateria e bomba novos e mais um bocado de reza, finalmente o V6 estava rugindo novamente!

Nesta época eu não tinha know-how nem ferramentas para tirar um motor de Alfa. A solução foi pedir para o mecânico que mexe nos carros da empresa na qual trabalho ver se ele conseguia tirar o motor – serviço que ele faria, mas somente após algum tempo de espera pela vaga. Após este período, que foi mais ou menos de um mês e meio, fui desmontando as partes amassadas que poderiam atrapalhar o carro a andar, além de mexer em outros detalhes. Pois é, você acha que ia resistir à tentação de dar uma volta no quarteirão para sentir o V6 roncando e acelerando? Sem noção, mas foi divertido pacas.

Depois que o tempo passou, levei o Alfa para a oficina (dirigindo, claro – dispensei a prancha!) e aí começou o meu martírio: como o meu carro não era um serviço emergencial ou convencional de manutenção, praticamente todos os carros que chegavam na oficina passavam à sua frente. Isso resultou em algum atrito entre nós, afinal, foram três meses nesta lenga-lenga, até o motor finalmente ser tirado do cofre.

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Com o V6 no chão, era hora de ver se o Tempra (nas fotos abaixo: antes e depois do desmonte) vestia aquele motorzão. Quando chegou o fim de semana, peguei emprestado o Fiorino da empresa, enfiei o V6 atrás e toquei pra casa da minha tia. Como o Alfa doador era automático e meu plano era usar câmbio manual, fiz o teste sem a caixa mesmo. Eu e meus primos tentamos colocar o V6 no cofre do Tempra apenas com um macaco jacaré e mais dois macacos normais – imagine o trabalhão que foi. Mas deu certo. Ou não?

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Uma vez com o motor lá dentro, comecei a medir os espaços que sobraram para os outros componentes (como sistema de direção, radiador, etc) e a conclusão que eu tirei foi: o V6 não cabia no Tempra! Isso me deu enorme decepção e desespero, afinal, tinha gastado um monte de tempo e grana – e agora tudo estava praticamente perdido.

Mas como diz aquele velho ditado “sou brasileiro e não desisto nunca”, comecei a pensar sobre o que eu poderia fazer para aquele motor entrar. Era um dilema: rasgar o carro todo para o motor poder ser instalado ou abandonar os planos? Como resolvi esta bronca? A solução fica para o próximo capítulo!

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Por Diógenes Moreira, Project Cars #36

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