Depois de meses longe das pistas — e debruçados nas pranchetas — a Fórmula 1 liga seus motores pela primeira vez na temporada de 2015 em Jerez de La Frontera. Embora McLaren, Lotus e Force India já tivessem apresentado seus carros ao longo da semana passada, ainda faltava conhecer o demais modelos. Com as devidas apresentações feitas antes de começarem os testes, vamos ver agora todos os carros da F1 em 2015.
McLaren MP4-30
O novo McLaren era um dos mais aguardados para este ano. O motivo é a volta dos motores Honda, com direito a menção direta à temporada de 1988 — quando a equipe venceu 15 de 16 corridas — e uma grande expectativa pela volta das cores vermelho e branco. O modelo foi apresentado na quinta-feira (29), mas decepcionou os fãs ao manter a pintura prata, adicionando apenas detalhes em vermelho simbolizando a Honda.
Quanto ao projeto do novo MP4-30, ele teve forte influência do novo engenheiro-chefe da equipe, Peter Prodromou, que chegou à McLaren em setembro de 2014 após deixar a Red Bull. A principal característica é o bico baixo e longo, sem a polêmica extensão do ano passado que acabou se tornando alvo de piadas em todo o mundo. Outra novidade são as formas da traseira do carro, mais compactas em relação ao MP4-29, além do duto de admissão dividido ao meio sobre o cockpit.
Se você não gostou da pintura prata e vermelha, aqui vai uma boa notícia: Ron Dennis declarou no Twitter oficial da McLaren que a pintura do MP4-30 irá mudar, mas não confirmou quando isso acontecerá. Como praticamente todo mundo, estamos apostando na combinação de vermelho e branco.
Mercedes-AMG W06
Os atuais campeões da F1 pretendiam revelar o carro somente hoje, mas depois que algumas fotos do W06 acabaram publicadas na internet, a própria fabricante decidiu divulgar as primeiras imagens oficiais na quinta-feira. A apresentação oficial, contudo, aconteceu nesta manhã em Jerez de forma rápida antes do início dos testes.
O antecessor do W06 dominou a temporada de 2014 e repetir o sucesso em 2015 seria fácil se não fossem as novas regras para 2015. Com elas, os engenheiros da AMG tiveram que elaborar um novo projeto aerodinâmico para o novo carro.
Como todos os outros carros, o bico é a maior mudança, com posição baixa e mais estreito, porém ainda curto como no ano passado. O duto de admissão também foi modificado e ficou mais largo e dividido em duas partes internamente. Sua estrutura externa também mudou para permitir maior fluxo de ar para a asa traseira. Os sidepods ficaram ligeiramente mais baixos e foram remodelados externamente, também para otimização do fluxo de ar.
Force India VJM08
O VJM08 foi um dos primeiros a ser apresentados, ainda na quarta-feira (27). Ou quase isso. Na verdade, a Force India atualizou um carro do ano passado para apresentar o visual do modelo deste ano. Sem o carro pronto, a equipe não foi a Jerez para os primeiros testes coletivos e por isso o novo carro irá estrear somente na segunda bateria de testes, em Barcelona.
A grande mudança para este ano será o novo esquema de cores, com predomínio do prata e preto e acentos em laranja. Quanto ao design do carro, o bico ficará mais baixo, mas continuará com a estranha protuberância na ponta, como no ano passado (se bem que mais curto, é importante notar). Os sidepods também serão remodelados e, como as demais equipes, o duto de admissão do motor provavelmente será remodelado. Outra mudança que deve melhorar significativamente o desempenho do VJM08 é a adoção de um sistema hidro-mecânico no lugar das barras de torção da suspensão traseira.
Segundo o chefe da equipe Vijay Mallya, o carro de 2015 será um refinamento do modelo do ano passado, algo que se deve ao desenvolvimento aerodinâmico feito no túnel de vento da Toyota Motorsport na Alemanha, e baseado em um modelo em escala maior que o anterior.
Williams FW37
Apresentado inicialmente em forma virtual na semana passada, e agora em fibra de carbono, metal e borracha antes dos testes de Jerez, o Williams FW37 traz um bico encurtado ao limite mínimo do regulamento, com formato mais quadrado, porém ainda com o polêmico mamilo do ano passado.
Como os demais modelos de 2015, os sidepods foram remodelados externamente e ganharam tomadas de ar menores. O duto de admissão foi elevado e embaixo dele agora há um duto de resfriamento para o ERS (o sistema de recuperação de energia). A parte posterior da carenagem também adotou formas compactas, como o McLaren MP4-30, e a cobertura do motor ganhou uma barbatana para otimizar o fluxo de ar na asa traseira, como no Mercedes W06. É possível, contudo, que o carro ganhe alguns apêndices aerodinâmicos e modificações mais sutis antes do primeiro GP.
Com as mudanças, a equipe espera repetir o bom desempenho do final da temporada passada e até voltar a vencer corridas — uma meta realista, considerando sua atual situação.
Red Bull RB11
A Red Bull foi a última a apresentar seu carro para 2015, e chegou com uma excêntrica pintura camuflada — que infelizmente não será a pintura definitiva — como os carros de rua quando ainda estão em fase de testes.
Apesar da “camuflagem”, as linhas do carro estão bem visíveis: nota-se o novo bico, mais largo em toda sua extensão, curto como o bico do Mercedes W06, porém ainda com a pequena protuberância fálica sobre a asa. A cobertura do motor ficou mais larga que a de seu antecessor, assim como os sidepods mais quadrados.
A aposta da Red Bull está mesmo no motor Renault, que perdeu muita de sua confiabilidade nos testes do ano passado e foi desenvolvido para desempenhar melhor nesta temporada. Adrian Newey — que começará a se envolver menos com o desenvolvimento dos carros da equipe — declarou que optou por um design mais conservador para o começo da temporada, mas que pode ousar mais ao longo do ano.
Toro Rosso STR10
Outra que apresentou o carro em cima da hora foi a série B da Red Bull, a Toro Rosso. Diferentemente de anos atrás, quando os carros eram bem parecidos, o STR10 tem apenas a propriedade e os motores em comum com o RB11.
O projeto é assinado por James Key, o responsável pelo bom desempenho do Sauber C31 em 2011 e traz um bico longo e com a ponta triangular, uma solução esteticamente bem resolvida para os “mamilos” do ano passado. Nas laterais, os sidepods são recortados na parte inferior, e dutos maiores para arrefecimento, enquanto a cobertura do motor é mais compacta e a asa traseira traz um suporte centralizado, com uma espécie de quilha integrada.
Segundo Key, as novidades do carro são soluções para problemas do ano passado (além, é claro, da adequação ao novo regulamento) e a equipe deverá ter um modelo “muito diferente” no grid da prova inaugural, na Austrália.
Sauber C34
Desde a saída de James Key em 2012, a Sauber não conseguiu repetir o bom desempenho daquela temporada, e chega à temporada de 2015 pendurada em dívidas. Para os brasileiros, chama a atenção a pintura do C34 baseada nas cores do principal patrocinador da equipe, o Banco do Brasil levado por Felipe Nasr.
Para tentar recuperar sua glória garagista, o novo C34 teve seu desenvolvimento concentrado em três aspectos: desempenho em curvas de baixa, redução de peso e estabilidade sob frenagens — os pontos mais fracos do C33, de acordo com o designer-chefe Eric Gandelin. Como todos os carros, a principal diferença para este ano é o bico, mais afilado e longo. Os sidepods também foram remodelados e têm dutos mais estreitos e um novo sistema de arrefecimento mais versátil, de forma que possa ser facilmente modificado de acordo com a pista ou condições climáticas do circuito. Em relacão ao peso, o C34 tem 702 kg com o piloto a bordo — o regulamento exigia o mínimo de 691 kg em 2014, mas o Sauber C33 era muito mais pesado que isso.
Sem muito dinheiro em caixa, a equipe entrou na pista de Jerez com peças do C33 que serão aos poucos substituídas por peças novas. Segundo os camaradas do Grande Prêmio, o C34 irá disputar as quatro primeiras provas de 2015 com a asa dianteira do ano passado, e somente no GP da Espanha estreará a nova.
Ferrari SF15-T
Depois de uma temporada desastrosa com o F14T — que tinha desempenho aerodinâmico fraco e motor com baixo rendimento, a Ferrari trouxe para 2015 o SF15-T, um modelo muito mais elegante que seu antecessor.
Em termos de design, ele traz um bico bastante alongado e baixo, fluindo em uma curva suave ao cockpit. A suspensão pullrod adotada em 2012 continua lá, e por isso o monocoque do carro acaba mais alto que o dos concorrentes. Os sidepods foram remodelados e, diferentemente dos rivais, ganharam tomadas de ar maiores e ficaram mais largos na traseira. A lateral acaba com dois apêndices aerodinâmicos sobre a suspensão traseira, que devem melhorar a downforce ali, ajudando a tração e a estabilidade do carro.
As principais mudanças, contudo, devem estar no motor V6 que se mostrou mais confiável e com melhor desempenho, ao menos no primeiro teste desta tarde de domingo (1) em Jerez.
Lotus E23 Hybrid
O Lotus E23 foi desenvolvido do zero, sem aproveitar praticamente nada de seu fracassado antecessor — algo exigido pela adoção de um novo motor, agora da Mercedes, e não mais Renault. Sendo assim, o bico tomada do E22 deu lugar a uma peça mais alongada e elegante.
As soluções para o arrefecimento e os fluxos de ar no motor e radiadores são semelhantes às adotadas pelos rivais. O duto de admissão ficou mais elevado, abrindo lugar a dois dutos de arrefecimento para turbina e componentes elétricos do powertrain híbrido e a cobertura do motor, como tantos outros, está mais compacta para obstruir menos o fluxo de ar em direção à asa.