Há alguns meses a Toyota apresentou o Yaris, modelo posicionado acima do Etios, com a missão de enfrentar o VW Polo/Virtus, o Honda Fit/City e o Fiat Argo/Cronos. Mas isto aconteceu em junho de 2018 – o Salão do Automóvel só aconteceria emnovembro, e isto acabou tirando o impacto da presença do Yaris no estande da fabricante japonesa.
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
Sem um lançamento quente para apresentar, a Toyota decidiu dedicar seu estande à Gazoo Racing, sua divisão de corrida – incluindo versões de seus próprios modelos customizados à la GRMN, sua divisão esportiva. Eles também aproveitaram para divugar a linha GR-S, com um Yaris conceitual e uma série especial da Hilux.
Em 2018, após anos de acontecimentos infelizes nas 24 Horas de Le Mans, a Toyota finalmente venceu a mais importante corrida de longa duração do planeta. Por mais que a Toyota e a Porsche fossem as únicas participantes da categoria LMP1, a vitória teve um gostinho especial para a Gazoo Racing. Se você estava acompanhando as 24 Horas de Le Mans de 2016, certamente sabe o motivo.
A fatídica prova tinha tudo para terminar com a vitória do carro nº 5, conduzido pelo suíço Sébastien Buemi, o britânico Anthony Davidson e o japonês Kazuki Nakajima. Nakajima ultrapassou o Porsche 919 Hybrid e assumiu a ponta com três minutos faltando para que se completassem 24 Horas. Na reta final, literalmente – no meio da Hunauduères, metros antes da linha de chegada – o TS050 teve uma pane e parou. Nakajima empurrou o carro até o fim da reta, e oficialmente, o TS050 nº 5 levou mais de 11 minutos em sua volta – o limite é de seis minutos, e por isso o carro foi desclassificado. Relembre:
De cortar o coração, não? Contudo, por mais que não tenha sequer terminado a corrida em tempo hábil, o Toyota TS050 nº 5 pode ser considerado um dos carros de competição mais emblemáticos da década – o drama protagonizado pela Toyota em 2016 ficará marcado na história do automobilismo. E nós vimos o carro de perto.
O TS050 é movido por um motor V6 de 2,4 litros e 373 cv montado em posição central-traseira, acoplado a uma transmissão manual automatizada de sete marchas, movendo as rodas traseiras. As rodas dianteiras são movidas por dois motores elétricos, que somam mais 373 cv – 746 cv no total. A suspensão usa braços triangulares sobrepostos com amortecedores pushrod nas quatro rodas.
De perto é possível perceber as dimensões do carro: são 4.650 mm de comprimento, 1.900 mm de largura e apenas 1.050 mm de altura. Mais impressionante, porém, é ver a complexidade dos elementos aerodinâmicos – algo de que não se tem tanta noção pelas fotos.
O Toyota Yaris que compete no WRC desde 2017 também estava no Salão. O carro de rali é movido por um quatro-cilindros turbo de 1,6 litro com injeção direta de combustível e 380 cv, além de 43,3 mkgf de torque – força moderada por uma transmissão manual eletro-hidráulica de seis marchas.
O sistema de tração nas integral usa três diferenciais: dois mecânicos na dianteira e na traseira e um diferencial central eletrônico com distribuição de torque variável ativa – o sistema prioriza o eixo dianteiro ou o eixo traseiro dependendo da situação.
O Yaris WRC tem suspensão independente do tipo McPherson nas quatro rodas. Pesando 1.190 kg, ele tem direção hidráulica com sistema de pinhão e cremalheir e, na configuração para asfalto (a que estava no salão, com suspensão mais baixa e pneus slick), utiliza discos de freio de 370 mm. Ajustado para provas na terra e na neve, o Yaris WRC usa discos de freio de 300 mm.
A Toyota Hilux que competiu no Rali Dakar 2018 também foi uma das atrações da marca no Salão. A carroceria de cabine dupla tem sua razão de ser; onde geralmente ficaria o banco traseiro está montado o V8 naturalmente aspirado de cinco litros e por volta de 390 cv.
A carroceria de fibra de carbono é montada sobre uma estrutura tubular de ferro fundido. A Hilux Dakar tem tração nas quatro rodas com três diferenciais e câmbio sequencial de seis marchas.
Repare quea caçamba sequer é totalmente fechada. Desta forma a equipe tem acesso praticamente irrestrito ao eixo traseiro e a todos os componentes mecânicos. Repare nos amortecedores duplos, e também nas duas enormes ventoinhas para o sistema de arrefecimento.
A Hilux ficou na segunda e na terceira posições do Rali Dakar 2018, com os pilotos Nasser Al-Attiyah e Gineil de Villiers. O vencedor foi o veterano Carlos Saínz, que conduziou o Peugeot 3008 DKR Maxi.
Na parte dos carros de rua da Toyota, a fabricante decidiu apresentar modelos customizados com a temática GRMN – Gazoo Racing Meister of Nürburgring. Sua divisão esportiva tem este nome porque os carros são testados e afinados no lendário circuito alemão.
O Toyota Yaris vendido no Brasil é diferente do modelo comercializado na Europa e no Japão, cuja versão GRMN em um motor 1.8 supercharged de 210 cv – e é uma verdadeira gema incompreendida. O carro apresentado no Salão foi chamado de Yaris GR-S Concept.
Criado pela equipe de design brasileira da Toyota, o Yaris GR-S recebeu rodas de 17 polegadas; asa traseira, saias laterais e molduras dos para-lamas de fibra de carbono, escape de alumínio e suspensão preparada. Também foi decorado com as cores da Gazoo Racing.
O interior ganhou volante revestido de Alcantara, elementos em vermelho no painel e bancos concha Gazoo Racing, com a parte interna forrada no mesmo material que o volante.
De acordo com a Toyota, por ora não há intenção de transformar o Yaris GR-S em uma versão oficial. Para nós, a Toyota está perdendo tempo se pretende realmente conquistar os entusiastas. Sabemos que a adoção do motor 1.8 supercharged de 210 cv do Yaris GRMN europeu é inviável, mas imaginamos que não deve ser inviável instalar nele o motor 1.8 de 144 cv e 18,6 mkgf de torque usado no Corolla GLi e o câmbio manual de seis marchas do próprio Yaris. Especialmente agora que a Volkswagen anunciou o Polo GTS e a Renault segue com o Sandero RS.
Agora, se o Yaris GR-S é apenas um conceito, a Toyota Hilux GR-S é uma versão oficial, desenvolvida em conjunto pelos braços brasileiro e argentino da Toyota. O ponto de partida é a Hilux SRX, versão topo de linha com motor turbodiesel quatro-cilindros de 2,8 litros e 177 cv, acoplado a uma caixa automática de seis marchas.
A carroceria branca recebeu a mesma decoração temática da Gazoo Racing inspirada na picape do Rali Dakar. O visual é complementado pela grade pintada de preto, que troca o logo da Toyota por um letreiro centralizado (uma tendência que é vista em toda a indústria, em todos os segmentos); rodas de 17 polegadas com pneus 265/65 e um estribo preto, além de alargadores nos para-lamas. Serão feitas 420 unidades numeradas da Hilux GR-S.
Veja, a seguir, a galeria com fotos extras do estande da Toyota no Salão do Automóvel – começando por aquele que foi o último Toyota Bandeirante fabricado no Brasil, em novembro de 2001. A fabricação nacional começou em novembro de 1962 e, em 39 anos, foram produzidos 103.750 exemplares do jipe.