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Car Culture Vídeo

Golf GTI: a evolução ao longo das décadas e como ele se tornou sinônimo de hot hatch

A não ser que você faça questão de ter tração traseira, a escolha mais sensata para quem quer um esportivo novo sem gastar muito é um hot hatch. E, quando se trata de hot hatch, o Golf GTI certamente está entre os mais emblemáticos. Isto se não for o mais emblemático de todos.

O Golf GTI não foi o primeiro hot hatch da história, mas certamente foi o primeiro a se destacar a nível mundial por suas qualidades dinâmicas. Lançado em 1976, dois anos depois da introdução do hatchback, o Golf GTI adicionou visual bacana, baixo preço, motor mais potente e diversão ao volante a uma receita já equilibrada, tornando-se um sucesso de vendas e inspirando a concorrência a criar suas próprias variações da ideia. Talvez a Volks ainda não soubesse, mas estava criando uma nova categoria de automóveis que viria para ficar.

Mas como foi que o Golf GTI se transformou no que é hoje? Foi o que Ben Collins, piloto que também é conhecido como “ex-Stig”, foi tentar descobrir. E ele o faz da melhor forma possível: acelerando cada uma das gerações. Ou, bem, quase todas.

O vídeo é bacana, bem produzido e divertido de assistir. Collins é um cara carismático e um grande piloto, além de ser a cara do Chandler Bing de Friends. É uma ótima oportunidade de entender como o Golf GTI foi ficando maior, mais refinado e mais potente ao longo dos anos.

 

O minimalismo dos primeiros anos

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É só ver como tudo começou. O primeiro GTI era um carro extremamente simples: um hatchback pequeno, com tração dianteira, maçanetas para os vidros e direção sem assistência. Se pararmos para pensar, sua maior concessão à tecnologia talvez fosse o sistema de injeção eletrônica no motor de 1,6 litro. Com isto, o quatro-cilindros de 8v com comando no cabeçote entregava 110 cv e, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas, levava o Golf GTI aos 100 km/h em 9 segundos.

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No entanto, eram o baixo peso e o comportamento dinâmico conferido pelo acerto de suspensão exclusivo e pelos pneus mais bifudos que conquistaram os entusiastas. –E, claro, o visual incrementado com spoiler do tipo lip na dianteira, um friso vermelho ao redor da grade e faixas pretas nas laterais. Lá dentro, você só podia sentar nos bancos de maior apoio, encontrar a melhor posição para conduzir e confiar nas suas próprias habilidades: não havia nada remotamente parecido com controle de tração e estabilidade, freios ABS ou qualquer tipo de assistência eletrônica. E esta era grande parte do charme.

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A segunda geração, lançada em 1984, seguia a mesma linha. Àquela altura, fabricantes como a Peugeot, a Opel e a divisão europeia da Ford já haviam se mexido e criado seus próprios hot hatches. Destaque para o Peugeot 205 GTI, considerado por muitos um dos grandes foguetes de bolso da década de 1980. Ele era um carro mais moderno e melhor acabado, mas ainda era leve, potente na medida certa e bem acertado.

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Por isso, a segunda geração do Golf contra-atacou com um pouco mais de potência, carroceria ligeiramente maior e um interior mais bonito e confortável. O motor era o mesmo utilizado pelo GTI Mk1 em seus últimos anos, de 1,8 litro e 112 cv. A partir de 1986, passou a ser oferecida uma versão com cabeçote de 16 válvulas e 140 cv. Visualmente, entre as poucas diferenças entre os dois estavam os emblemas na traseira, e o desempenho impressionava: o GTI Mk2 era capaz de chegar aos 100 km/h em oito segundos.

 

Crescendo e (des)aparecendo

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A terceira geração do Golf, lançada em 1991, representou uma grande evolução do hatchback: a carroceria cresceu significativamente; o estilo ganhou linhas arredondadas e suaves, tipicamente noventistas; e a qualidade de construção e acabamento estava melhor do que nunca.

Por outro lado, a Volkswagen não parece ter se empenhado tanto no novo GTI, apresentado no ano seguinte. O visual ficou mais elegante, o interior recebeu itens como ar-condicionado, vidros e travas elétricas, airbags na dianteira e direção assistida, além de mais espaço e conforto, mas faltava algo.

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Mesmo mais potente, agora com um motor de dois litros, oito válvulas e 150 cv, o Golf GTI Mk3 era mais lento que o anterior no 0-100 km/h, levando 8,6 segundos para cumpri-lo. Isto porque, com o aumento nas dimensões e a incorporação de itens de conforto, conveniência e segurança, a terceira geração era consideravelmente mais pesada: o primeiro GTI pesava 840 kg. O segundo, 930 kg. O terceiro, 1.032 kg.

Dito isto, o Golf GTI Mk3 não era um carro ruim, e continuou popular entre os entusiastas que queriam um carro barato com tocada esportiva. A Volkswagen tentou, nesta época, oferecer uma opção mais potente na forma do Golf VR6, equipado com um motor de seis cilindros, 2,8 litros e 174 cv. Era um carro capaz de chegar aos 100 km/h em 7,8 segundos, mas a dianteira pesada tornava seu comportamento dinâmico excessivamente subesterçante (o carro saía de frente nas curvas) e os dois cilindros a mais o colocavam em uma faixa tributária diferente, aumentando demais seu preço final.

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A quarta geração do Golf GTI, apresentada em 1999, trazia uma novidade: pela primeira vez, o hot hatch apostava na indução forçada, com um quatro-cilindros de 1,8 litro com cabeçote de 16 válvulas, turbo e 180 cv. Visualmente, contudo, era um carro ainda mais discreto, com para-choque de desenho exclusivo, para-lamas ligeiramente mais largos e rodas maiores como suas maiores alterações estéticas. O interior ficou ainda mais refinado, e o desempenho finalmente melhorou: o 0-100 km/h agora era cumprido em menos de oito segundos.

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Vale lembrar que esta geração do Golf GTI sobreviveu no Brasil por muito mais tempo na Europa: enquanto o GTI Mk5 foi lançado na Europa em 2004, o Mk4 continuou sendo oferecido por aqui e recebeu um controverso facelift em 2008. Quando finalmente deixou de ser vendido, o GTI brasileiro tinha 193 cv, e era capaz de chegar aos 100 km/h em 7,5 segundos. Detalhe: na época, o Golf GTI era o esportivo nacional mais potente do mercado, superando o Honda Civic Si por… 1 cv.

 

A volta por cima

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O Golf Mk5 foi, sem dúvida, o início de uma nova era na história do Golf GTI. Primeiro: a Volks decidiu que o visual voltaria a ser mais agressivo (e até meio imaturo), trazendo novamente o friso vermelho na grade, além de rodas maiores e para-choques de desenho bem diferente das outras versões. O interior, por ouro lado, perdeu um pouco do refinamento nos materiais, mas tinha visual bem mais moderno.

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Dito isto, o salto de potência foi gigante: saiu de cena o quatro-cilindros turbo de 1,8 litro e, em seu lugar, entra o 2.0 TSI de 200 cv, com direito a injeção direta de combustível. O impacto no desempenho foi igualmente sensível: agora, o Golf GTI era capaz de chegar aos 100 km/h em 6,9 segundos, com máxima de 245 km/h!

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E não foi apenas o motor que evoluiu: pela primeira vez, o hot hatch vinha com a opção de câmbio DSG, de dupla embreagem e seis marchas (ainda que a versão manual seja a mais adorada pelos entusiastas), suspensão traseira do tipo multilink e assistências eletrônicas para o motorista. O resultado foi um carro divertido para donos inexperientes, e brilhante quando conduzido pelas mãos certas.

A sexta geração do Golf, lançada em 2008, era em essência um facelift do modelo anterior. Isto porque, na época, a crise financeira mundial afetou também a indústria automotiva, levando fabricantes a frear as inovações técnicas e o desenvolvimento de novos modelos a fim de conter custos.

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Com isto, o GTI de sexta geração ganhou um novo visual e 11 cv a mais no motor TSI 2.0. A nova carroceria, de acordo com a VW, era mais eficiente em aerodinâmica e o interior, reformulado, tinha visual mais agradável e construção mais cuidadosa. No mais, era a evolução de um grande carro, e a confirmação de que a Volks havia acertado na receita.

 

Ícone do nosso tempo

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Isto nos traz, então, à geração atual, lançada em 2013. Enquanto o visual parece uma versão maior e mais angulosa do Mk6, o mesmo não pode ser dito do que há por baixo: o Golf Mk7 passou a ser construído sobre a plataforma modular MQB, que trouxe metais de alta resistência, mais leves. O resultado: ainda que tenha crescido, o Golf GTI só ganhou 33 kg. A potência, por outro lado, aumentou de 211 para 220 cv (ou 230 cv com o Performance Pack).

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O GTI de sétima geração chega aos 100 km/h em apenas 6,4 segundos e tem máxima limitada a 250 km/h – não muito distante de supercarros de 20 ou 25 anos atrás. Além disso, a plataforma MQB tornou seu comportamento em pista ainda mais afiado – prova disto é que o Golf GTI Clubsport S, com seus 310 cv, tornou-se recentemente o carro de tração dianteira mais veloz no Nürburgring Nordschleife, cumprindo uma volta nos circuito de 20 km em 7m49s.

Por estas e outras, pode-se dizer que o Golf GTI nunca foi tão cultuado quanto hoje. Ele pode não ser mais revolucionário, mas nunca honrou tão bem o legado da primeira geração.