No início do século 20, pilotos com colhões maiores que os seus (e os nossos) pilotavam motos que mais pareciam bicicletas motorizadas em pistas ovais de madeira — os chamados motordromes — atrás de recordes de velocidade. Agora, você pode andar em uma versão moderna daquelas motos. E elétrica.
As corridas em pistas de madeira começaram por volta de 1910, quando o interesse das pessoas por motos crescia rapidamente. Madeira era barata e abundante, e as corridas de moto em estradas de terra já não eram tão emocionantes — e não eram muito rentáveis. Por isso, naquele ano foi construído o Los Angeles Motordrome, inspirado nos velódromos franceses onde eram realizadas corridas de bicicleta. Além da velocidade muito maior, era possível realizar um evento fechado e cobrar pela entrada — todo mundo saía ganhando.
Contudo, os espectadores não eram os únicos que pagavam por sua diversão. As motocicletas rudimentares alcançavam mais de 160 km/h nas pistas circulares, e não era raro uma queda causar a morte do piloto. Contudo, para ganhar até US$ 20 mil por ano, eles topavam arriscar suas vidas. A taxa de mortalidade levou os motordromes a serem conhecidos como murderdromes — algo como “assassinódromos”.
Nove décadas depois do fim das corridas nos motordromes, que acabaram com a chegada da Grande Depressão no fim dos anos 20, o que resta são as lembranças daqueles homens corajosos e de suas clássicas motocicletas. E foi naquelas motos que os criadores da Icon E-Flyer se inspiraram para criar esta bicicleta elétrica.
O visual absolutamente retrô serve como moldura para a tecnologia de ponta usada na construção desta bike feita à mão. O quadro é de alumínio moldado por hidroformagem — um método que utiliza a pressão da água sobre um molde para dar forma ao metal, e pintado de cinza metálico. Os garfos podem ser de billet de alumínio ou aço, e os freios são a disco, da Avid. Além disso, a bike tem farol de LED e um selim com molas e forração de couro costurado à mão.
Além da força das suas pernas, a Icon E-Flyer usa um motor elétrico de 3,5 kW, movido pela energia de uma bateria de 52 volts — a peça em formato que lembra um motor a combustão. Com um sistema de freios regenerativos, a bateria pode ser recarregada em apenas duas horas, e uma carga cheia é capaz de empurrar a bicicleta a 30 km/h por até 56 km — uma autonomia mais do que razoável. E isso usando apenas 0,75 kW. No modo “race“, toda a potência do motor pode ser usada para chegar até os 57 km/h.
Temos certeza de que outras bikes elétricas possam ser tão eficientes e úteis quanto a E-Flyer, mas certamente nenhuma delas tem um visual tão descolado. Disponível nos EUA, a bike custa US$ 4.995, ou cerca de R$ 12 mil. Se interessou? Então é bom se apressar, porque a produção será limitada.
Isso por que, na verdade, as bicicletas nem são a praia da Icon — a empresa americana é especializada em releituras modernas de lendas do off-road, como o Toyota Land Cruiser e o Ford Bronco, com estilo clássico e motores modernos. Um de seus lançamentos mais recentes, porém, é a Icon Thriftmaster, baseada na picape Chevrolet Advance Design das décas de 40 e 50. O motor é um V8 de 5,3 litros e 320 cv, acoplado a um câmbio manual Tremec de seis marchas.
Seria legal encomendar uma picape destas com uma bike E-Flyer na caçamba…