FlatOut!
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Isso é o que acontece quando seu acelerador trava a 170 km/h antes de uma curva

“Correr demais nunca matou ninguém. Parar de repente — é o que te pega”, já diria Jeremy Clarkson. Especialmente se o que te faz parar de repente é a barreira de proteção de um autódromo. Foi exatamente isto o que aconteceu com o piloto britânico Ashley Sutton, um dos maiores nomes da Formula Ford britânica neste ano. Ele não morreu, mas levou um susto que não vai esquecer tão cedo.

Antes de mais nada, “Ashley” Sutton é um piloto — no Reino Unido, o nome “Ashley” é comumente usado para meninos e meninas. Dito isto, Ashley tem 20 anos e compete com monopostos desde 2010, ano em que ganhou o título de novato do ano e ficou com a quarta posição na classificação geral. Atualmente ele compete na Fórmula Ford britânica e foi o maior destaque do fim de semana — o que acabou sendo bom e ruim.

Depois de se classificar para a pole position, Sutton liderou a corrida do sábado no circuito de Knockhill em Fife, na Escócia — um dos principais autódromos do país — de cabo a rabo, superando o segundo colocado por mais de seis segundos. Contudo, a corrida do dia seguinte não trouxe a mesma alegria…

Com o grid invertido, Ashley largou em último e conseguiu chegar às primeiras posições à tempo de brigar pela liderança nas últimas voltas da corrida. Contudo, na última curva da última volta — um grampo para à esquerda —, o acelerador ficou preso. Eis o que Ashley diz sobre acertar o muro a 168 km/h:

O acelerador prendeu quando eu reduzi pela segunda vez ao me aproximar do grampo. Assim que percebi o que estava acontecendo, tentei soltar o pedal, e então pisei nos freios para tentar parar o carro. Mas ele ainda estava indo… última volta, última curva, que vergonha. Eu tinha aliviado um pouco naquela hora porque os pneus estavam meio gastos, mas forcei a barra demais tentando alcançar Kruger.”

Kruger é Jayde Kruger, o piloto que acabou vencendo a prova. A cena do acidente é impressionante — tanto no ponto de vista do piloto quanto de fora do carro. E fica mais impressionante quando você descobre que Sutton saiu apenas com escoriações do carro — e ainda pegou um carro reserva para a corrida seguinte — a última do dia, que ele terminou em quinto lugar.

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Aqui cabe uma observação: os monopostos da Fórmula Ford usam câmbio manual sequencial, com embreagem e três pedais, e Sutton poderia ter pisado na embreagem para “desengrenar” o motor. Contudo, provavelmente a janela para reação de alguns segundos pode não ter sido suficiente para que o piloto tomasse qualquer decisão a tempo.

Casos de “acelerador preso” como este são tão preocupantes que até receberam um termo próprio: Sudden Unintended Acceleration, ou SUA (aceleração repentina não-intencional). De fato, pode ser pedal do acelerador preso, mas existem outros fatores que podem causar aceleração repentina e indesejada: erro do motorista (pisar no pedal errado — acredite, acontece), problemas eletrônicos (especialmente em carros com controlador de velocidade e acelerador drive by wire — sem cabo), ou até mesmo uma falha no corpo de borboleta, sem relação com o pedal.

Como você já deve ter deduzido, este não é um risco que se corre apenas com carros de corridas — você deve lembrar da sequência de recalls que a Toyota precisou convocar entre o fim de 2009 e o início de 2010 devido à aceleração repentina, que vinha causando acidentes com modelos fabricados desde 2005.

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As causas variavam — em alguns veículos, foi constatado que o pedal ficava preso e era pressionado pelos tapetes, enquanto em outros a falha era em um mecanismo do acelerador, que não retornava à posição original depois de pressionado. Houve, ainda, alguns casos de problemas nos freios ABS do Toyota Prius, que aumentavam a distância de frenagem. Foram convocados três recalls para sanar o problema, e mais de 9 milhões de veículos nos EUA, Europa e Japão foram afetados.