A esta altura de 2021 você já deveria estar acostumado às mudanças no universo automobilístico, especialmente em relação aos carros novos. Além das mudanças já esperadas pela evolução tecnológica, nossa economia, que sofreu um baque em 2014 e até hoje não se recuperou, deu uma força para terminar de virar o mercado de cabeça para baixo.
Como resultado, os carros populares hoje são pouco vendidos e modelos de segmentos superiores figuram há algum tempo entre os modelos mais bem-sucedidos no mercado. Não há mais carros populares, na verdade — apenas Fiat Mobi e Renault Kwid cumprem esse papel — e o motivo para isso já foi discutido. O fato é que os crossovers roubaram a cena nos últimos anos: mataram as peruas e as minivans, depois engoliram os hatches médios e, lentamente, estão corroendo os sedãs médios.
Os crossovers são, hoje, o produto perfeito: eles têm apelo social por seu porte, têm um apelo racional devido às enormes rodas e pneus parrudos, que não se abalam tanto com a situação ridícula do asfalto na maior parte do Brasil. Eles também têm uma certa versatilidade: a suspensão elevada não enrosca em rampas e lombadas, a posição mais verticalizada dos bancos é menos cansativa para viagens e o espaço interno é otimizado por isso. Não são bons em todos os aspectos, também não são perfeitos em nenhum aspecto, mas o equilíbrio da razoabilidade em todos os aspectos os torna carros interessantes para os consumidores.
Além disso, são carros com alto valor agregado, o que é bom para quem fabrica. Não custam muito mais caro para fazer, mas são mais caros na hora de receber. Se o público quer, o público paga, por que raios a fabricante deveria fazer algo diferente?
Agora, os SUV reviveram uma categoria que, tenho certeza, você jamais imaginaria ser tão forte no Brasil, com tantas opções em tantas faixas de preços no mercado: os carros de sete lugares. O que é curioso, porque as famílias estão menores do que há 30 anos, quando as peruas dominavam. E nem mesmo na onda das minivans tivemos tantos carros de sete lugares a venda no Brasil. Atualmente são nada menos que 20 (vinte!) modelos diferentes com a opção de uma terceira fileira de bancos. Destes, cinco estão na faixa dos R$ 190.000 a R$ 290.000, que é onde a Jeep acaba de desembarcar com seu novo Commander.
Mais que o Compass de sete lugares
Até pouco tempo atrás o Commander era mais conhecido como “o Compass de sete lugares”. Seu nome, contudo, não parece ter sido escolhido apenas para diferenciá-lo do modelo de cinco lugares de um jeito mais fácil. Apesar de compartilhar a plataforma com o Compass, nenhum painel da carroceria é compartilhado, e os dois carros têm um visual muito distinto. O estilo do Commander, com a grade mais achatada e as lanternas traseiras afiladas, na verdade, o relaciona mais com o Grand Cherokee L do que o Compass.
Por dentro é que ele revela o parentesco direto com o Compass, compartilhando o painel, volante e forros de porta. A diferença é que o Commander tem cores e materiais de acabamento exclusivos. A versão de topo, por exemplo, tem opção de revestimento marrom ou cinza de couro com suede, algo que não está disponível no Compass.
A Jeep não deu nome aos dois concorrentes do benchmark do Commander, mas disse que ele é o modelo com o melhor acesso à terceira fileira de bancos na categoria. Como há três concorrentes diretos e dois indiretos, não sabemos exatamente a quem eles se referem. Apesar disso, o acesso é realmente facilitado por um ângulo de abertura da porta traseira de 80 graus, pelo deslizamento dos bancos traseiros durante o rebatimento e pelo próprio comprimento das portas traseiras, tão longas quanto as dianteiras.
O Commander, evidentemente, é maior que o Compass — são 160 mm a mais no entre-eixos, bitolas 40 mm maior nos dois eixos, carroceria 39 mm mais larga e 34,5 mm mais longa. Isso também exigiu um novo conjunto de suspensão, com torres MacPherson nas quatro rodas, conjunto de direção próprio e, claro, um acerto dinâmico próprio para o modelo de sete lugares.
Sob o capô ele tem as mesmas opções do Compass, embora com calibragem diferente: o motor 1.3 GSE turbo flex de 185 cv e 27,5 kgfm e o 2.0 turbodiesel de 170 cv e 38,7 kgfm. Os dois estão disponíveis nas duas únicas versões oferecidas, Limited e Overland. Ambas são oferecidas em pacotes fechados, sem opcionais. As únicas opções são as cores da carroceria e do interior, ambas sem custo adicional.
Como ele se sai contra os rivais?
Chegar por último não foi algo necessariamente ruim. Por que, enquanto desenvolvia o Commander, a Jeep pôde avaliar os rivais já estabelecidos e, assim, montou uma estratégia mais precisa e abrangente, com cada uma de suas versões apontada diretamente para seus rivais
A versão de entrada do Commander é a Limited Turboflex, equipada com o motor 1.3 GSE, câmbio automático de seis marchas e tração dianteira, apenas. Ela custa R$ 199.990 a lista de equipamentos é a seguinte:
- conjunto óptico full LED
- ar-condicionado automático de duas zonas
- sete airbags
- quadro de instrumentos digital
- sistema multimídia com tela de 10,1″
- revestimento interno de couro e suede cinza claro ou preto
- rack de teto
- chave presencial com telecomando
- controles de tração, estabilidade, assistente de partida em rampa
- bloqueio eletrônico do diferencial
- tampa do porta-malas elétrica com sensor de movimento
- rodas de 18″
- sistema de estacionamento semi-autônomo
- monitoramento de pontos cegos, sensor de fadiga, reconhecimento de placas de velocidade, assistente de mudança de faixa e sistema de prevenção de mudança involuntária de faixa, frenagem automática de emergência, deteção de pedestres e ciclistas, cruise control adaptativo, comutador automático do farol alto
- base de recarga de celulares por indução
Esta versão mira o Chery Tiggo 8, de R$ R$ 185.890, e também o Mitsubishi Outlander 2.0 HPE de R$ 208.990. O Jeep não foi posicionado exatamente entre os dois por acaso. Havia um enorme gap de R$ 23.000 que foi sabiamente explorado pelo Jeep Commander. Por R$ 200.000 (na prática), ele é R$ 15.000 mais caro que o Chery Tiggo 8 e R$ 9.000 mais barato que o Mitsubishi. E, pasmem, o Chery é o rival que impõe a disputa mais acirrada ao Jeep quando se fala em desempenho e pacote de equipamentos.
Commander vs. Tiggo 8
O Chery usa usa um 1.5 turbo de injeção direta com 187 cv e 28 kgfm, combinado a um câmbio de embreagem dupla e sete marchas. Na prática, os mesmos números que o Jeep Commander.
A lista de equipamentos do chinês também fica muito próxima. Como o Commander, ele também tem base de recarga de celulares por indução, faróis de LED, quadro de instrumentos digital, sistema de monitoramento de ponto cego, assistente de partida em rampa, assistente de declives, ar-condicionado de duas zonas, tampa do porta-malas motorizada e sistema multimídia com tela de 10,2″.
O Chery ainda entrega teto solar panorâmico e câmeras de 360º, que o Commander Limited não tem. O Chery, por sua vez, não tem airbag para os joelhos do motorista, nem as assistências de mudança de faixa, frenagem automática de emergência, e sistema de estacionamento semi-autônomo. Isso, claro, sem contar o prestígio da marca, o que afeta valores subjetivos e objetivos, como o valor de revenda do carro.
O Chery também é sutilmente menor, especialmente no espaço que sobra para a bagagem com os sete bancos em uso. Ali o Jeep Commander tem 233 litros, enquanto o Tiggo 8 fica com apenas 197 litros. O Commander também tem mais espaço entre os eixos (2.794 mm vs. 2.710 mm), é mais longo (4.796 mm vs. 4.700 mm), tem a mesma largura (1.859 mm vs. 1.860 mm) e mesma altura (1.680 mm vs. 1.700 mm).
Onde o Commander Limited supera o Tiggo 8?
- Porta-malas maior em todas as situações de uso
- Maior entre-eixos
- Airbag para joelhos do motorista
- Assistência de mudança de faixa, cruise control adaptativo, sistema de estacionamento semi-autônomo, detecção de pedestres/ciclistas, frenagem automática de emergência
Onde o Tiggo 8 supera o Commander Limited?
- Teto solar de série
- Câmeras 360º
- Preço mais baixo
Commander Limited Turboflex vs. Mitsubishi Outlander HPE
A disputa com o Mitsubishi Outlander, por outro lado, é bem mais fácil. O Mitsubishi é um modelo mais caro e mais antigo — e isso se reflete nas suas dimensões, no seu pacote tecnológico e na sua motorização. O motor 2.0 flex é aspirado e tem 160 cv e 20,1 kgfm — 25 cv e 7,4 kgfm a menos que o Commander.
As dimensões são igualmente inferiores: o Outlander é 101 mm mais curto, 49 mm mais estreito, tem a mesma altura do Commander Limited e tem entre-eixos 124 mm menor. O porta-malas do Outlander é maior com cinco assentos (715 litros vs. 661 litros), mas com sete ocupantes o espaço para carga cai para modestíssimos 128 litros — 105 litros a menos que o Jeep.
Na lista de itens de série, o Outlander HPE volta a ficar por baixo: não tem base de recarga de celulares por indução, nem os faróis de LED, nem quadro de instrumentos digital ou sistema de monitoramento de ponto cego. O sistema de multimídia tem display de apenas 7″, embora seja da JBL, os sensores de estacionamento são acessórios cobrados à parte. Por outro lado, ele também tem sete airbags, assistente de partida em rampa, assistente de declives, ar-condicionado de duas zonas, tampa do porta-malas motorizada. E ele oferece algo que o Commander Limited não oferece: teto solar panorâmico.
Mas isso é um problema fácil de resolver. Basta partir para a versão seguinte do Commander, a Overland Turboflex.
Onde o Commander Limited supera o Mitsubishi Outlander?
- Base de recarga de celulares
- Faróis de LED
- Quadro de instrumentos digital
- Multimídia maior (10″ vs. 7″)
- Preço mais baixo
- Motor mais potente
Onde o Mitsubishi Outlander HPE supera o Commander Limited?
- Teto solar de série
Commander Overland Turboflex vs. Mitsubishi Outlander HPE vs. Volkswagen Tiguan Allspace 350 R-Line
A versão Overland Turboflex custa R$ 219.990. Ela tem o mesmo motor e mesmo pacote básico da versão Limited Turboflex, mas acrescenta:
- rodas de liga leve de 19 polegadas
- acabamento interno marrom
- teto solar panorâmico
- sistema de áudio premium Harman/Kardon
- tomada de 127V
- ajustes elétricos para os bancos dos passageiros
Como você pode notar, esta versão resolve o problema do teto solar e acrescenta alguns outros itens de conveniência para justificar os R$ 20.000 extras em relação à versão Limited. E mais: esta versão também aponta o Commander para o Tiguan Allspace 350 R-Line, que parte de R$ 236.090.
Em termos de motorização e desempenho o Commander fica para trás, pois o Tiguan tem um 2.0 turbo de 220 cv e 35,7 kgfm, combinado ao câmbio de embreagem dupla e sete marchas. O pacote de série é basicamente o mesmo do Commander Overland. O Tiguan também tem ar-condicionado de duas zonas, quadro de instrumentos digital, faróis de LED, sistema de áudio premium, base de recarga de celulares por indução, cruise control adaptativo com sistema de frenagem de emergência. Só que, apesar de custar R$ 17.000 a mais, o Tiguan não tem o teto solar panorâmico que o Commander Overland oferece de série. Também não tem os ajustes elétricos para todos os bancos (apenas para o motorista), e seu sistema multimídia tem tela de 8 polegadas.
Para ter o teto solar no Tiguan, é preciso pagar R$ 6.180, o que eleva seu preço para R$ 242.270 — e o coloca no território do Commander a diesel.
Onde o Jeep Commander Overland supera o Mitsubishi Outlander HPE?
- Base de recarga de celulares
- Faróis de LED
- Quadro de instrumentos digital
- Multimídia maior (10″ vs. 7″)
- Preço mais baixo
- Motor mais potente
- Tomada de 127V
Onde o Mitsubishi Outlander HPE supera o Commander Overland?
- Nenhum aspecto
Onde o Jeep Commander Overland supera o VW Tiguan Allspace 350 R-Line?
- Teto solar de série
- Ajustes elétricos dos bancos dos passageiros
- Sistema multimídia com tela maior (10″ vs 8″)
- Tomada 127V
- Preço mais baixo
Onde o VW Tiguan Allspace 350 R-Line supera o Commander Overland?
- Potência e torque maiores
Commander Limited Turbodiesel vs…
Não foi erro de redação. O Commander Limited Turbodiesel não tem um concorrente direto. Ele é o modelo de sete lugares com motor turbodiesel mais barato do mercado, custando R$ 259.990. O pacote é o mesmo do Limited Turboflex, mas o Limited Turbodiesel, além do motor diesel, tem:
- tração 4×4
- câmbio automático de nove marchas
- seletor de modos de tração/terreno
- marcha reduzida
- controle de velocidade em declives.
Indiretamente ele compete com três modelos: o Outlander HPE-S, com motor 3.0 V6; o Mercedes-Benz GLB200, que tem um 1.3 turbo, porém com apenas 163 cv, e com o Toyota SW4 SRV. A comparação com estes modelos, contudo, é um tanto descabida, porque estamos falando de um carro com powertrain diesel e tração nas quatro rodas, comparado a três carros que têm tração somente em um dos eixos.
Em termos de equipamentos, o SW4 SRV é o mais espartano. Ele cobra R$ 264.590, mas entrega apenas sete airbags, ajustes elétricos dos bancos dianteiros, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia com tela de 8″ polegadas compatível com Apple CarPlay e Android Auto, assistente de partida em aclives e controle em declives, DRL e faróis com ajuste automático de altura, além de cruise control básico, sensor crepuscular e tampa do porta-malas motorizada. E só. Não há teto solar, quadro de instrumentos digital, ar-condicionado de duas zonas, nem a badalada base de recarga wireless para celulares.
O motor do Toyota tem apenas 163 cv e 23 kgfm, apesar de ser um quatro-cilindros de 2,7 litros. Seu câmbio é automático de seis marchas, o que não ajuda no desempenho. Além disso, apesar de parecer maior, o SW4 tem basicamente o mesmo comprimento, a mesma largura e o mesmo entre-eixos do Commander, sendo apenas mais alto devido à construção de carroceria sobre chassi. Por isso, ele também tem um porta-malas menor — 590 litros com cinco ocupantes e apenas 180 litros com sete ocupantes. É uma compra que só se justifica para quem quer muito um Toyota ou faz questão do chassi.
O Mercedes GLB, além da menor potência, tem menos espaço interno, apesar de ter o entre-eixos mais longo e praticamente a mesma largura. O porta-malas tem apenas 500 litros com a terceira fileira rebatida e 130 litros com todos os bancos disponíveis. O pacote de equipamentos é exatamente o mesmo do Commander Limited, mas o preço do baby-G Benz é R$ 264.900 — R$ 4.910 mais caro que o Jeep.
Por último, o Mitsubishi Outlander HPE-S é um carro bem mais potente que o Jeep Commander — são 240 cv do V6 japonês ante 170 cv do Jeep pernambucano. Contudo, estamos falando de um motor diesel diante de um motor a gasolina, sem turbo. Então o torque do Jeep é razoavelmente superior, com 38 kgfm ante 31 kgfm do Mitsubishi.
No pacote de equipamentos, o Mitsubishi fica devendo ao Commander o sistema autônomo de estacionamento, o monitor de pontos cegos, de pedestres e ciclistas, a base de recarga por indução, o sistema multimídia com tela de 10 polegadas e áudio premium.
O Outlander só concorre de verdade com o Jeep Commander quando ganha o motor diesel. Aí o nível da briga sobe e ele representa a maior ameaça à versão de topo do Jeep de sete lugares, a Overland Turbodiesel.
Commander Overland Turbodiesel vs. Mitsubishi Outlander HPE-S 2.2
O Outlander HPE-S 2.2 foi o carro que o Jeep Commander turbodiesel desbancou como o modelo de sete lugares a diesel mais barato do mercado. Nesta versão, o Commander tem o mesmo pacote do Overland Turboflex, porém com seguintes itens:
- tração 4×4
- câmbio automático de nove marchas
- seletor de modos de tração/terreno
- marcha reduzida
- controle de velocidade em declives.
E ele baixou o preço com um golpe mortal, ao ser vendido na versão Limited por R$ 259.990. Porque o Outlander HPE-S 2.2 custa R$ 283.990 — o que significa que havia um gap de R$ 25.000 entre os dois. E é claro que a Jeep deu um jeito de preenchê-lo com o Commander Overland Turbodiesel, de R$ 279.990.
A disputa aqui fica mais acirrada, porque o pacote do Outlander é o mesmo da versão V6 — o que significa que ele ainda fica devendo o sistema autônomo de estacionamento, o monitor de pontos cegos, de pedestres e ciclistas, a base de recarga por indução, o sistema multimídia com tela de 10 polegadas e áudio premium. Mas agora, o Outlander tem um motor 2.2 turbodiesel de 165 cv e 36,7 kgfm, o que o coloca a par do Commander em termos de potência e torque.
O problema, mais uma vez, é a idade do Outlander. É difícil até mesmo ressaltar um ponto positivo a favor dele nesta disputa com o Commander, porque seu design interno é claramente de uma geração anterior, quando comparado ao Jeep.
Onde Commander Overland Turbodiesel supera o Mitsubishi Outlander HPE-S?
- Assistência de mudança de faixa, sistema de estacionamento semi-autônomo, detecção de pedestres/ciclistas
- Base de recarga por indução
- Sistema multimídia com tela de 10 polegadas
- Sistema de áudio premium
- Preço mais baixo
Onde Mitsubishi Outlander HPE-S supera o Commander Overland Turbodiesel?
- Nenhum aspecto