Foi uma edição um tanto estranha das 24 Horas de Le Mans. La Sarthe estava vazio, sem o calor humano da torcida, sem as expressões que marcam as 24 horas de disputa, e sem muita emoção na pista.
A LMP1 estava mais vazia do que nunca, com apenas cinco carros de três equipes — algo compreensível para um último ano de regulamento. A Toyota, novamente, foi a única a correr com os carros híbridos, apesar de o Balanço de Performance ter aproximado o desempenho dos LMP1 não híbridos a ponto de a Rebellion ter ficado somente meio segundo atrás do pole TS050 #7, de Mike Conway, Kamui Kobayashi e Jose Maria Lopez, na classificação com o carro de Bruno Senna, Gustavo Menezes e Norman Nato.
O protótipo #1 da Rebellion, aliás, passou boa parte da prova mantendo-se perigosamente próximo dos carros da Toyota, e se firmou na segunda posição depois que o TS050 #7 que liderava a prova teve problemas no turbocompressor e perdeu preciosos minutos nos boxes. Com isso, o TS050 #8, de Brendon Hartley, Sébastien Buemi e Kazuki Nakajima, assumiu a dianteira e lá ficou por toda a segunda metade da prova. O Rebellion #1 chegou a girar na mesma volta que o Toyota em diversas ocasiões, mas nas horas finais viu a vantagem dos rivais aumentar para cinco voltas e acabou mesmo na segunda posição.
Com o resultado, Bruno Senna se torna o quarto brasileiro a terminar a prova em segundo lugar, e o quinto a ir ao pódio de La Sarthe, depois de José Carlos Pace (segundo em 1973), Raul Boesel (segundo em 1991), Ricardo Zonta (terceiro em 2008) e Lucas Di Grassi (segundo em 2013, 2014 e 2016).
Na LMP2, a disputa foi mais acirrada, com 23 carros e ao menos três protótipos na mesma volta até as horas finais. A vitória da classe ficou com o Oreca Gibson #22 da United Autosport, pilotado por Paul Di Resta, Filipe Albuquerque e Philip Hanson, que cruzou a linha com 38 segundos de vantagem sobre o Oreca Gibson #38 da Jota, pilotado por Anthony Davidson, Antônio Félix da Costa e Roberto Gonzalez. O trio do brasileiro André Negrão teve problemas no carro ainda durante o dia e caiu para o meio do pelotão, mas conseguiu uma bela recuperação ao longo da segunda metade da prova e terminou em quarto na LMP2 e oitavo na classificação geral.
Logo atrás, na GTE Pro, a disputa durou até a última volta, com o Aston Martin Vantage AMR #97 da Aston Martin Racing, pilotado por Alexander Lynn, Harry Tincknell e Maxime Martin, chegando à frente da Ferrari 488 GTE Evo #51 da AF Corse, pilotada por Daniel Serra, Alessandro Pier Guidi e James Calado. Os dois carros terminaram na mesma volta, porém com uma diferença de quase 1min45s.
A GTE Am também teve um Aston Vantage na dianteira, mas da equipe TF Sport, pilotado por Jonathan Adam, Charlie Eastwood e Salih Yoluc. A categoria foi a mais disputada, com quatro carros na mesma volta ao longo das horas finais da prova, todos com uma diferença máxima de 50 segundos entre si.
Além de Senna e Daniel Serra em segundo em suas respectivas categorias, e André Negrão em quarto na LMP2, Oswaldo Negri Jr. terminou a GTE Am em sétimo, logo à frente de Augusto Farfus, o oitavo. Felipe Fraga terminou em 14º na categoria. Marcos Gomes não completou a prova, após abandonar na volta 273.
Em termos gerais, a edição de 2020 foi, talvez, a mais monótona dos últimos anos e também a menos acompanhada pelo público, que acabou dividido entre outras categorias que também realizaram provas neste fim de semana, como a NASCAR. Além disso, a decadência da LMP1 como categoria principal ficou ainda mais evidente neste ano e, certamente, não deixará saudades — além de elevar a expectativa para a Le Mans Hypercars, que passa a valer a partir do ano que vem.